Estudantes têm senhas hackeadas no Sisu e são inscritos em curso de Produção de Cachaça

Foi o caso de Tereza Gayoso, de 23 anos, que quer prestar Medicina e tirou nota máxima na redação da prova, 1000 pontos

Giovanna Sutto

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SÃO PAULO – Nesta segunda-feira (30), o site do Sisu (Sistema de Seleção Unificada) foi hackeado, logo após as notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) terem sido divulgadas. Alguns estudantes tiveram problemas e foram inscritos pelos hackers em cursos diferentes do que pretendiam.

Foi o caso de David Reis, de 19 anos, que mora em Ilhéus, Bahia. Ele contou ao Infomoney que teve seu curso alterado para Produção de Cachaça no IFNMG, quando na verdade pretendia cursar Pedagogia na Universidade Estadual de Santa Cruz.

“Quando fui olhar o resultado para ver se eu tinha passado, ou para colocar na lista de espera, a senha não foi aceita. Fiquei sem entender, porque tinha colocado a senha certa”, conta Reis. Ele disse ainda que depois de alterar a senha com “tamanha facilidade” conseguiu acessar a área do candidato e viu que seu curso tinha sido alterado.

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“Entrei em contato com o MEC que pediu para eu abrir um protocolo, e já tem dois dias que fiz isso e não tive resposta”, lamenta. Ele no entanto, teria passado em Pedagogia na Universidade Estadual de Santa Cruz, onde queria.

O mesmo aconteceu com Tereza Gayoso, de 23 anos, que quer prestar Medicina e tirou nota máxima na redação da prova, 1000 pontos. No entanto, ao abrir o site viu que sua senha e depois seu curso foram alterados e que foi inscrita em um curso de Produção de Cachaça, no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), em Salinas.

 Ela explicou ao  site do G1 que mesmo com a nota máxima na redação, o desempenho geral da prova não foi o suficiente para passar em medicina. Segundo o site, ela já se matriculou para fazer o cursinho em 2017 e vai prestar medicina novamente.

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O IFNMG divulgou uma nota em seu Facebook defendendo o curso após considerar que a carreira foi desrespeitada pelos Hackers.  “A atitude dos hackers é reprovável. Isso é óbvio. Tanto os alunos quanto o curso Produção de Cachaça merecem o nosso respeito. Para quem não sabe, Salinas é uma cidade do Norte de Minas reconhecida mundialmente pela produção de cachaça, e o curso é o único do país oferecido por instituição pública na área. Quem tirou nota mil pode cursar o que quiser”, diz a nota.

O Ministério da Educação, no entanto, negou a invasão cibernética e afirmou em nota que “os sistemas do MEC e do Inep não registraram indício de acesso indevido a informações de estudantes cadastrados, que configure incidente de segurança”.

O MEC explica que os casos que forem identificados e informados ao MEC, com a confusão de mudança de senha e violação de dados “serão remetidos para investigação da Polícia Federal”.

De acordo com o MEC, o caso de Tereza já foi identificado no “sistema data, hora, local, operadora e IP de onde partiram as mudanças de senha” e os dados serão encaminhados para a PF.

O MEC reiterou ainda que “todas as ações realizadas no sistema do Sisu são gravadas em log (registro de acessos em um sistema de computação), que permite a realização de uma auditoria completa”. 

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.