Dislexia: distúrbio não impede sucesso profissional

Para isso, pessoa deve procurar ajuda profissional para poder identificar suas habilidades pessoais; 40% dos 300 milionários dos EUA são disléxicos

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – A Associação Brasileira de Dislexia (ABD) define o problema como um “distúrbio de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração”.

De acordo com a oftalmologista e diretora do Hospital dos Olhos Dr. Ricardo Guimarães, Márcia Guimarães, no caso da dislexia de leitura, o distúrbio começa a ser identificado quando a criança ainda está no ensino fundamental. Ela começa a ter dificuldades em aprender o português e fica em defasagem em relação aos colegas de sala.

Ao contrário do que muitos pensam, este não é um distúrbio resultante de falhas na educação da criança. “É um distúrbio que tem caráter genético. Um dos pais vai ter algum problema parecido”, explicou a oftalmologista. Porém, diante de um ambiente adequado e de um estímulo adequado, a criança se desenvolve e pode se tornar uma ótima profissional.

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Problema desapercebido

O problema é que nem sempre o distúrbio é identificado quando deveria. O diagnóstico precoce é essencial, para que a pessoa possa contar com um suporte multidisciplinar. “Essa população disléxica, muitas vezes passa desapercebida. As crianças passam pela escola no limite e conseguem se formar e têm que encarar um mundo que exige habilidades que elas não possuem”.

Diagnosticada precocemente, a pessoa passa a receber apoio psicológico, psicopedagógico e, inclusive, fonoaudiólogo. Desta forma, a pessoa consegue identificar quais as áreas nas quais se destaca. Isso porque, de acordo com Márcia, é importante ressaltar que as pessoas disléxicas não são menos competentes, mas diferentes.

“Se, por um lado, elas têm dificuldades na escrita, por outro, elas são criativas. São talentos que fazem com que se destaquem em áreas diferenciadas”, ponderou a oftalmologista. É necessário, por sua vez, ajuda profissional para que elas reconheçam a área em que se sobressaem.

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A carreira

Quando o distúrbio passa desapercebido, ao chegar na vida profissional, a pessoa não consegue se manter na carreira. Mas isso não é por falta de inteligência, afinal, para conseguir um diploma, eles estudam muito mais do que a grande maioria. O motivo é que não estão em uma área em que podem demonstrar suas habilidades.

Aproveitando estas habilidades, os disléxicos chegam ao sucesso. Os atores Tom Cruise e Woopy Goldberg têm o distúrbio. Pesquisa realizada pela revista The Economist, no começo deste ano, revelou que entre os 300 maiores milionários dos EUA, 40% são disléxicos.

“O que há nessa população? Muita criatividade. Eles trazem soluções ‘fora da caixa padronizada’. Soluções inéditas. Eles criam outras abordagem. Por, normalmente, passarem por uma série de desafios, são persistentes. Eles aproveitam as oportunidades”, ressaltou Márcia.

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Déficit de atenção

Com muita frequência, os sintomas de déficit de atenção e de dislexia se justapõem. Isso porque o disléxico tem dificuldade no processamento da informação e acaba se distraindo. “Assim, ele fica mais irritado e, então, é taxado de hiperativo, inquieto, mas faz parte do quadro dele”.

Enfim, de acordo com Márcia, o déficit de atenção, a hiperatividade e a dislexia podem se associar. “Nem todos os disléxicos vão ter os outros sintomas, mas muitos os têm”.

Para se ter uma idéia, a dislexia é uma doença de distribuição universal. Isso significa que
a incidência independe de credo, situação social, raça, linguagem. Nos EUA, de 8% a 15% da população tem dislexia. No Brasil, fala-se de 8% a 12%. Aqueles que também têm hiperatividade são 30% a 40% deste total.

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Sinais de alerta

Em sua página na internet (www.dislexia.org.br), a Associação Brasileira de Dislexia montou uma lista de sinais para que os pais identifiquem se os filhos possuem o distúrbio. Confira abaixo: