Crise e medo de demissão incentivam puxa-sacos. Eles são uma ameaça?

Cortes levam pessoas a bajular chefes, com intuito de manter o emprego. Mas e para os colegas, como essa atitude é vista?

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Encontrar puxa-sacos nas empresas é comum em qualquer época, mas, durante uma crise financeira, a impressão que se tem é que o número aumenta. Com o medo de uma demissão na empresa, alguns funcionários tentam manter seus empregos bajulando o chefe, comportamento que, por sua vez, desperta a indignação em seus colegas. Mas afinal, eles precisam se preocupar com a presença do puxa-saco?

Para o diretor-executivo do Insadi (Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual), Dieter Kelber, nunca se deve ficar com receio do puxa-saco. “Se um gestor der atenção a um puxa-saco, quem tem que ir embora é o gestor”, afirma. Segundo ele, esse tipo de funcionário não costuma ser competente.

A consultora de RH da Catho Online, Rosemary Bethancourt, considera que o bajulador é até mesmo um perigo para a empresa. “Trata-se de um perigo se essa pessoa não apresenta nada de concreto e produtivo em seus resultados. Neste caso, ela está mantendo o cargo apenas pelas aparências, mas não existe mais espaço nas empresas para esse tipo de profissional”, diz.

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Mas, se mesmo não apresentando resultados consistentes na empresa o puxa-saco consegue uma promoção, isso pode causar desmotivação no resto da equipe. “Esse tipo de profissional é conhecido e rotulado desta maneira por todos na empresa porque seu comportamento chama atenção. Se a empresa mantém e promove alguém que não contribui em termos de resultados, podendo até mesmo prejudicar a equipe, acaba perdendo a credibilidade perante os demais funcionários”, diz Rosemary.

Bajulação X marketing pessoal

Porém, é preciso diferenciar o bajulador daquele funcionário que faz o seu marketing pessoal. Para Kelber, isso é fácil. “A diferença entre o marketing pessoal e o puxa-saco é que o marketing pessoal você não faz direcionado para uma pessoa, mas para a equipe”, explica ele, lembrando que, no caso da bajulação, na maioria das vezes, o alvo é o chefe, e ninguém mais.

A consultora da Catho Online completa: “o marketing pessoal se faz demonstrando as competências que de fato a pessoa dispõe para exercer suas funções, de maneira natural, no dia-a-dia. Aquele que precisa agradar o tempo inteiro parece utilizar desse recurso para não deixar transparecer as competências que não tem. Pode ser por insegurança”.

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Mudanças na crise

Mas o aumento na quantidade de puxa-sacos não é a única mudança percebida em épocas de crise. Segundo Kelber, a ameaça de demissão faz com que alguns funcionários fiquem mais apreensivos, outros reclamem mais da empresa e ainda há aqueles que irão se esforçar mais para fazer um bom trabalho.

“Isso depende do comportamento da empresa também. Se ela explica porque está fazendo o corte, o funcionário se comporta de um jeito, mas, se ela não fala nada, cria clima de terror”. Porém, o diretor-executivo do Insadi lembra que quem já se dedica e veste a camisa da empresa, continuará fazendo isso, seja ou não época de crise.

Uma mudança negativa que pode ocorrer é daquele funcionário que começa a querer “puxar o tapete” do outro. “Isso pode acontecer com o profissional que já está inseguro por algum motivo. Se ele já estava vulnerável antes, na crise corre o risco de ser demitido e pode tentar segurar seu emprego mostrando as falhas dos outros, e não as suas qualidades. O problema é que esse comportamento só reforça e evidencia a falta de competências como criatividade, flexibilidade e relacionamento, para mostrar-se útil e produtivo num momento de crise e mudanças”, diz Rosemary.

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Já para Kelber, quem puxa o tapete do outro faz isso o tempo todo, independentemente do momento econômico. Ele considera que, na crise, isso deve ocorrer mais e em níveis mais altos.

O que é indicado?

Como foi visto, algumas mudanças de comportamento podem não ser benéficas para o profissional. Segundo o diretor-executivo da Insadi, o ideal nessa época é procurar fazer o melhor possível. “Antes de mais nada, quando se está trabalhando, é preciso buscar fazer o que gosta. Se a pessoa gosta, ela vai procurar fazer bem, tanto na crise quanto fora dela”, diz.

“O funcionário que atua como se fosse dono do negócio, dedicando-se, acumulando funções e buscando soluções para manter a empresa num momento de crise é muito bem visto. A crise não vai durar para sempre e, com certeza, esse profissional será reconhecido no futuro”, completa Rosemary.