Como o mercado enxerga os profissionais que fizeram faculdade virtual?

Para diretor-executivo do Insadi, muitas empresas não confiam no ensino superior brasileiro, seja ele presencial ou virtual

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – No dia 9 de outubro, o governador do estado de São Paulo assinou um decreto que instituiu o Programa Univesp (Universidade Virtual do estado de São Paulo), que levará a todo o estado cursos de graduação e pós-graduação com uso de tecnologias de informação e comunicação, como a TV digital e a internet. Os alunos contarão com pólos de aula presencial.

Três universidades do estado estão envolvidas no projeto: a USP (Universidade de São Paulo), a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “As universidades vão caprichar, porque são as três melhores do País e não darão aula sem qualidade”, afirmou José Serra, por ocasião da assinatura do decreto que formaliza o projeto.

Porém, diante da iniciativa, ficam as dúvidas: será que vale a pena fazer uma graduação virtual? Como o mercado enxerga este tipo de formação?

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As respostas

De acordo com o diretor-executivo do Insadi (Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual), Dieter Kelber, é importante deixar claro, antes de responder as perguntas, que a forma como a graduação foi feita não tem peso na escolha de um profissional. “Em primeiro lugar, o mercado de trabalho é muito seletivo porque tem muita mão-de-obra. Mas ele olha outras coisas além da formação, como comportamento, valores, disposição ao trabalho”, explicou.

Além disso, ele afirmou que o mercado de trabalho está descrente da formação universitária, seja ela pública ou privada, presencial ou virtual. “Por isso eles fazem tantas provas antes de contratar”, exemplificou o diretor-executivo. Um outro exemplo desta falta de confiança no ensino superior brasileiro são os programas de trainee. “O que se faz hoje com um recém-formado? Um programa para ensinar tudo a ele!”.

Mesmo assim, nada de fazer qualquer curso apenas para ter um diploma. Isso porque, em momentos de desempate entre candidatos, a formação será levada em consideração. “Na hora do desempate, o mercado de trabalho privilegia o que é mais tradicional”. Ainda vale considerar que a faculdade, mesmo não sendo tão valorizada quanto deveria, é a porta de entrada para o mercado de trabalho, uma vez que proporciona o ingresso em um programa de estágio e muito aprendizado.

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O programa

No Univesp, os cursos serão gratuitos. No início do programa, previsto para março de 2009, serão 5 mil vagas para a graduação no curso de pedagogia oferecido pela Unesp. A USP, por sua vez, oferecerá 700 vagas de licenciatura em biologia e outras 900 de licenciatura em ciências.

Simultâneamente, serão desenvolvidos cursos de especialização (pós-graduação) voltados a professores da rede estadual de ensino, da 5ª séria do Ensino Médio. A expectativa é de que 110 mil docentes ingressem em 16 cursos (13 de disciplinas e três de gestão).

O ingresso do aluno será feito por meio de um vestibular tradicional, com edital com informação sobre o processo seletivo. Segundo o secretário de Ensino Superior, Carlos Vogt, o sistema de cotas obedecerá às atuais políticas das universidades, “que já contemplam, de alguma forma, esse aspecto fundamental da participação dos jovens na busca do ingresso no ensino superior”.