Bill Gates deixa Microsoft e levanta discussão sobre como planejar aposentadoria

Headhunter fala sobre o que deve ser feito antes de 'passar o bastão'. É possível se afastar totalmente?

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Depois de mais de 30 anos à frente da Microsoft, Bill Gates deixou, nesta sexta-feira (27), a rotina da companhia para se dedicar à filantropia. O fato, que envolve aquele que foi considerado o homem mais rico do mundo, levanta a discussão sobre o planejamento de aposentadoria.

O que deve ser feito antes de ‘passar o bastão’? Que pessoa deve ser escolhida para assumir a posição que ocupava? Deixar a casa em ordem e planejar a sucessão são pontos que não podem ser esquecidos neste processo, principalmente para que você consiga realmente se desligar da empresa.

Planejamento se torna mais fácil quando…

De acordo com o headhunter da Case Consultores, Ricardo Nogueira, o processo de aposentadoria se torna mais difícil se estamos falando de uma pessoa que é centralizadora. “Quando tiver que se aposentar, ela vai levar o conhecimento com ela e não vai ficar sossegada, porque as pessoas vão ficar atrás dela”, afirmou.

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Muitas vezes, os profissionais ficam deprimidos porque, depois da aposentadoria, não foram mais requisitados para ajudar na empresa. “Mas isso é sinal de que sempre fez tudo muito bem, e foi muito transparente com o sucessor e com a equipe como um todo”.

Por isso, o principal ponto para ter sucesso no planejamento da aposentadoria é saber trabalhar em equipe, delegar e fazer com que as pessoas dependam cada vez menos de você. “Quem tem a vida corporativa mais organizada, além de ser visto como alguém que agrega, vai ter uma transição para a aposentadoria mais previsível e positiva, transmitindo as tarefas de forma gradual”.

Ele explicou da seguinte maneira: a grande maioria das pessoas se aposenta por idade ou por tempo de serviço. Por isso, elas já sabem mais ou menos quando vão parar. Uns cinco anos antes deste período, ela já deve ir ‘passando o bastão’ para duas ou três pessoas da equipe. O ideal é que, quando faltar um ano, já comece a comunicar sobre a possibilidade de aposentadoria e quais são os possíveis sucessores. “Não é na última semana que vai fazer tudo isso!”.

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Ainda assim, depois de se desligar da rotina diária, é possível que a empresa entre em contato constante com a pessoa, por algo em torno de três meses, para tratar de assuntos burocráticos e, até mesmo, de negócios.

Aos grandes empresários

As dicas acima servem para os donos de grandes negócios também, mas esse público precisa de uma atenção redobrada na sucessão, uma vez que outra pessoa irá assumir aquilo que construiu com muito suor. Quem deixará no seu lugar? Esta é a grande pergunta que precisa ser feita.

“É possível elevar uma pessoa da própria empresa ao cargo. Ela receberá um treinamento e o empresário será o avaliador. Se não existe alguém dentro da empresa, aí terá que buscar fora e é possível ver alguém da concorrência ou de algum setor similar”, disse Nogueira. Isso não será da noite para o dia. Quando pensamos em planejamento de aposentadoria, relacionamos ao médio prazo.

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Ainda existe a possibilidade de o empresário contratar uma consultoria, que colocará um gestor no local do dono da empresa, para deixar a casa em ordem até que se encontre alguém mais preparado para ocupar o cargo. Seria como um presidente interino. Outra opção é colocar dois presidentes no cargo.

Mas todo o processo de sucessão está suscetível às falhas. Neste momento, é preciso que o dono do negócio reconheça. Numa grande rede de supermercados, Nogueira afirmou que isto aconteceu: o presidente contratou um sucessor que não trouxe resultados e, então, ele teve que voltar ao posto.

É possível se afastar totalmente?

É exatamente pelo fato de o processo de seleção ter falhas que fica difícil se afastar totalmente do negócio. Uma vez que deu certo, porém, a pessoa poderá aproveitar a aposentadoria. Nas empresas familiares, por sua vez, isso fica mais difícil, principalmente se os assuntos da empresa são levados para ‘a mesa de jantar’, como disse o headhunter. “Se for em uma empresa mais corporativa mesmo, pode ser que dê certo”.

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Aposentadoria não significa parar

Segundo Ricardo, a exemplo do que aconteceu com Bill Gates, que agora irá se dedicar à filantropia, a aposentadoria significa cada vez menos parar de trabalhar. “Imagina um workaholic, ele entraria em depressão”. Por isso, as pessoas já planejam uma segunda carreira, abrir um negócio ou viajar.

“Mas, para isso, tem que ter as finanças organizadas e o apoio da família”.