Ansiedade descontrolada: tempestade num copo d’água prejudica carreira

Ao focar apenas nos problemas ou erros, esse tipo de profissional tem dificuldade de enxergar soluções

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Você faz tempestade em um copo d’água? É difícil admitir, mas a verdade é que estamos falando de um perfil de pessoa bastante comum, segundo a psicóloga e psicoterapeuta Clarice Barbosa.

Ela explica que quem faz tempestade em um copo d’água costuma apresentar características peculiares: é perfeccionista, inflexível, imprime um alto grau de exigência a si mesmo e aos outros, não aceita erros, se prende a detalhes, é extremamente ansioso, sempre reage emocionalmente quando algo o desagrada, não sabe lidar com frustrações, e tumultua o ambiente de trabalho, ainda que não perceba.

“Ao ocupar um cargo de chefia, o temperamento dessa pessoa tende a ser fortalecido ao longo do tempo, por conta do poder que lhe é conferido. Além disso, dependendo da filosofia da empresa, este tipo de liderança é até incentivado, porque se acredita que dê resultados. Mas não necessariamente é o melhor resultado que poderia ser atingido. Quando o líder age dessa maneira, há uma alta rotatividade na equipe, bem como a criatividade de seus membros é bloqueada, por conta da inflexibilidade”, analisa.

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O lado negativo

A verdade é que quem faz tempestade em um copo d’água tende a perder quando o assunto é trabalho. Primeiro porque, ao focar apenas nos problemas ou erros, seus próprios ou alheios, este profissional tem dificuldade de enxergar o todo, de maneira que fica difícil encontrar soluções e ser criativo e inovador.

Para a sócia-diretora da Vox Solutions, empresa do CLIV Solution Group, Angela Mota Sardelli, para esse tipo de profissional, é tudo muito “pesado” e difícil. “Profissionais com esse perfil têm dificuldade de ver saídas e alternativas, por isso não empreendem nem inovam. Os prazos são difíceis de cumprir, as metas são impossíveis. Conseqüentemente, eles não são valorizados pelo gestor e pela empresa”.

Segundo porque o comportamento afasta os colegas de trabalho, uma vez que é uma tendência natural do ser humano evitar pessoas negativas. Daí a equipe pode escolher jogar tanto a favor quanto contra. Por quanto tempo você agüentaria conviver com alguém que vive reclamando, blasfemando e lamentando as condições que lhe são conferidas? “Esse tipo de profissional afeta as pessoas ao seu redor, porque passa a impressão de que as coisas nunca dão certo e de que tudo é difícil, e isso afeta a produtividade”, avisa Angela.

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“A questão é que quem vive fazendo tempestade em um copo d’água é um forte candidato a desenvolver doenças psicossomáticas (que têm fundo emocional), tais como pressão alta, problemas cardíacos e gastrite. Chega um momento que o corpo não agüenta”, alerta Clarice.

Dicas

Se, para você, um probleminha já é um problemão, fique em alerta: analise o porquê de suas reações emocionais e até que ponto elas estão prejudicando sua carreira e, ainda, seus relacionamentos fora da empresa. Se, em algum momento, você perder o controle emocional, segundo Clarice, é chegado o momento de rever sua postura profissional.

E não ache ruim se alguém vier conversar com você a respeito do seu comportamento. Acredite, é muito melhor do que as pessoas simplesmente aceitarem seu jeito de ver as coisas. “Se quem sempre faz tempestade em um copo d’água é aceito normalmente pelo grupo, o comportamento é reforçado com o tempo. As pessoas pensam: deixa para lá, ele é assim mesmo. E o próprio profissional acaba pensando: sou assim mesmo, por que eu teria que mudar?”, conta a psicóloga.

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Também é de vital importância trabalhar seus limites. “O profissional precisa estar atento e perceber até que ponto a pressão cotidiana do trabalho não está afetando sua saúde. Há a empresa e a pessoa. São duas coisas separadas. Quando ele não suportar mais a pressão da empresa, deve dar um novo rumo a sua vida. É importante saber seus limites”, finaliza Clarice.