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SÃO PAULO – Próximo ao Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, muitos brasileiros vivem a expectativa de escutarem o ronco dos motores e acompanharem a bandeirada final no domingo (7). No entanto, para muitas pessoas, a corrida serve como inspiração e uma espécie de empurrãozinho para o ingresso na área de engenharia de competição.
Pouco falada no País, a área de competição automobilística atrai cada vez mais jovens que planejam trabalhar e participar da principal categoria de corrida do mundo. A tarefa, entretanto, não é uma das mais fáceis, sobretudo no que diz respeito às possibilidades e oportunidades do mercado nacional.
Aqui, por muitas vezes, as equipes de pista e de rally são compostas por profissionais que estão no cargo há muitos anos, o que significa que poucos rostos novos aparecem.
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“Muitos profissionais partem para países como Inglaterra, onde mais da metade das equipes de Fórmula 1 se encontra. Além disso, existem várias outras categorias no país, o que serve de aprendizado para voos futuros”, afirma o engenheiro do departamento de engenharia da Mitsubishi Motor do Brasil, e vice-diretor do comitê SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), Fernando Gonzales.
Sucesso
Arrumar as malas e bater na porta de uma montadora europeia. Essa foi a solução encontrada por Gerson Brand, engenheiro da equipe Lotus Racing, na F1 desde o começo do ano.
Determinado a fazer parte da competição, Brand conseguiu um emprego e visto no Reino Unido na empresa CD-adapco, responsável pelo software de CFD (Computational Fluid Dynamics), que dentre outras áreas é aplicado para o desenvolvimento de aerodinâmica de carros de F1.
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Brand ficou cerca de um ano e meio na empresa, onde, após inúmeras tentativas, conseguiu migrar para a categoria tão almejada pelos profissionais de automobilismo.
“A Lotus Racing conseguiu a entrada para a temporada 2010, e optou por utilizar o nosso software. Sendo assim, fui escolhido pela CD-adapco para ficar na Lotus como consultor, com o objetivo de acelerar o processo de aprendizado e desenvolvimento de metodologia”, revela Brand.
A tarefa dele, por mais que seja a “menina dos olhos” de muitos, é desgastante. Ele trabalha na análise dos projetos aerodinâmicos, ou seja, o resultado do seu trabalho vai para o carro aproximadamente três meses depois de pronto.
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Engana-se ainda quem pensa que Brand viaja para todas as corridas. Seu trabalho é na sede da Lotus, e sua carga horária é mais pesada que a usual, girando em torno de 10 horas por dia.
“Na minha opinião, a parte mais legal de trabalhar na F1 – além de ser o meu hobbie – é a velocidade com que as coisas acontecem. Você vê o resultado do seu trabalho muito rapidamente. Alguns veem isso como pressão. Eu vejo como motivação”, diz o engenheiro.
Formação
Para se tornar um engenheiro de competição, é necessário se formar em engenharia mecânica ou aeronáutica. Cursos de especialização técnica e de idiomas são sempre muito bem vindos.
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“O mercado na Europa é imenso e muito especializado. Você precisa investir muito na parte técnica para ter uma chance”, afirma Gonzalez.
Uma equipe da Stockcar no Brasil, por exemplo, possui de três a quatro engenheiros para cuidar de todo o processo interno. Por esse motivo, eles se dividem entre motor, suspensão, transmissão, aerodinâmica, chassi, entre outras funcionalidades.
Já em uma equipe de F1 existem 200 engenheiros, sendo que cada um é responsável por uma parte específica do carro, explica o engenheiro da Mitsubishi.
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Oportunidades
Para os estudantes de engenharia, a dica é a Formula SAE, uma competição estudantil que nasceu nos EUA em 1978 e que avalia as estatísticas e dinâmicas aplicadas em trabalhos por jovens engenheiros da indústria automobilística.
“O Fórmula SAE coloca os estudantes diante do desafio de conceber, desenhar, fabricar e competir com veículo de alto desempenho, capacitando-os para o mercado“, afirma o presidente da SAE Brasil, Besaliel Botelho.
Atualmente, as competições da modalidade são realizadas nos EUA, Inglaterra, Alemanha, Itália, Japão, Austrália e no Brasil, que ingressou no circuito em 2004.
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Fora isso, algumas montadoras oferecem oportunidades internas para o crescimento profissional. O engenheiro, nesses casos, pode chegar ao posto de responsável pelo carro de competição da empresa, como a Mercedez e a Porshe, afirma Gonzalez.
Dicas
De todo modo, a profissão de engenheiro de competição requer muito esforço e coragem. Na avaliação de Brand, engenheiro da equipe Lotus, os interessados em atuar na área devem se ater a certos preceitos.
“Como dicas, eu daria três: focar a carreira nessa área, ter determinação para encarar os desafios e investir em qualificação pessoal. No quesito qualificação, além de obviamente ser mais fácil disputar a vaga com outras pessoas tendo uma pós-graduação, ela também é essencial para a obtenção de um visto de trabalho na Inglaterra”.