2011: será hora de parar para um ano sabático?

Uma coisa é iniciar o ano cheio de dúvidas sobre a carreira, outra é carregá-las durante todo ele. Às vezes, basta um descanso. Outras, é preciso mais

Camila F. de Mendonça

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SÃO PAULO – Para quem busca algo na vida profissional, mas não sabe exatamente o que seria, talvez 2011 possa ser o ano para fazer aquela reciclagem no planejamento de carreira. E de vida, uma vez que o pessoal não está dissociado do profissional. Mas como saber se é mesmo hora de parar e viver um ano sabático?

Antes de decidir, é preciso entender se o seu caminho cheio de pontos de interrogação é apenas uma viela ou uma estrada sem fim. Uma coisa é iniciar o ano cheio de dúvidas, outra é carregá-las por todo ele. Muitas vezes, basta um descanso. E de descanso o ano sabático não tem nada. Ao contrário, esse é um período de muito trabalho, mas de um trabalho para si mesmo.“O ano sabático é um projeto pessoal de planejamento. É uma reciclagem. É um ano em que você se prepara pessoal e profissionalmente”, afirma o gerente de Projetos em Desenvolvimento de Pessoas do Idort-SP, Danilo Afonso.

E o que se faz durante esse período? Isso vai depender dos seus objetivos. De um curso de religião a um de culinária, no ano sabático, o importante é a pessoa encontrar sentido em algo, não importa o quê. É um período de colocar planos, há muito engavetados, em ação. No ano sabático, o importante é não ficar parado. “É um ano de investimento em você mesmo, de aumentar os seus conhecimentos”, diz a headhunter da De Bernt Entschev Human Capital Juliana Gomes.

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Os sinais
E como diferenciar o cansaço da necessidade de replanejar toda a carreira? Para Juliana, o ano sabático é para profissionais experientes, que têm mais que um cansaço físico. “Ele tem uma insatisfação, que não é sanada pelo trabalho. Ele precisa de algo a mais, por mais que ele goste do que faz e mesmo em um cenário positivo”, afirma.

O ano sabático é necessário para aqueles que mesmo fazendo bem o seu trabalho, mesmo tendo reconhecimento e mesmo sendo referência na sua área de atuação, ainda sentem um vazio. “Quando você não está feliz, quando acorda e não sente prazer para trabalhar, quando você começa a não ver mais sentido no que faz, essa pode ser a hora”, considera Afonso. “O ano sabático é uma parada para você repensar a sua vida. É uma parada estratégica para você não seguir por esse caminho duvidoso”, ressalta.

“O sinal de que você tem de parar é quando tudo ao seu redor lhe deixa infeliz ainda que pareça tudo bem. É a sensação de que você não cabe dentro de você mesmo”, reforça a vice-presidente de Relações Institucionais da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida), Cecília Shibuya. Para ela, é preciso que os profissionais se perguntem se a vida que eles têm hoje é a que eles querem mesmo ter. “Se aquilo que eu estou vivendo e fazendo está realmente valendo a pena”.

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Para ver um sentido
O desgaste físico e mental no trabalho, a falta de sentido no que se faz, o esgotamento. Os fatores que levam os profissionais a quererem parar vão além do replanejamento da carreira. Muitas vezes, o que falta é exatamente um plano. “Às vezes, as pessoas não aguentam mais não ter perspectivas. Ao voltar a ter um plano, elas começam a ver tudo diferente”, ressalta Afonso.

E esse é um dos objetivos do ano sabático, fazer o profissional traçar um objetivo, ter algo a ser perseguido a fim de encontrar um sentido para a sua vida profissional. Contudo, nem tudo parece tão simples. Para conseguir parar é preciso se planejar. Afinal, ter um ano sabático custa caro, dependendo do que se vai fazer, e requer um planejamento financeiro sério. Ficar replanejando por um ano significa um ano fora do mercado de trabalho. 

Por isso, se a ideia inicial é dar sentido à vida profissional, é preciso entender primeiro se pretende trocar totalmente de área, ou apenas voltar a ter gosto pelo que faz. No primeiro caso, o ano sabático deve ser um período de descobertas. No segundo caso, o profissional tem a possibilidade de parar com o aval da empresa. “Empresas não gostam de passar por rupturas muito grandes. E se o profissional pensa em retornar, é preciso negociar”, afirma Afonso.

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Embora não seja comum no Brasil, esse tipo de concessão, na avaliação de Afonso, só traz ganhos para o profissional e para a empresa. “O profissional terá de mostrar os benefícios que a empresa terá quando ele retornar desse período. Antes de tentar um acordo, contudo, ele já deve estar decidido. E preparado para uma resposta negativa”, diz.

Por isso, se você acredita que precisa de um ano sabático, transforme 2011 em um ano de planejamento. “O ano sabático não é uma decisão que deve ser feita de uma hora para outra”, ressalta Juliana. Pensar no quanto tem de ter na conta bancária, que planos pessoais serão colocados em prática, para onde se quer ir. Tudo isso deve ser pensado, para que esse período seja de fato uma fase de agregar conhecimento. “No fim, só ganha o profissional e a empresa”, reforça Cecília.