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Nortec Química quer surfar na onda do Complexo Econômico-Industrial da Saúde

Empresa espera reproduzir último ciclo de parceria com o governo que fez seu tamanho dobrar

Iuri Santos

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De olho na nova estratégia nacional para o desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, a fabricante de insumos farmacêuticos Nortec Química espera reproduzir o desempenho que teve no último ciclo de celebração de contratos de aquisição com o governo, de 2012 a 2017, quando dobrou de tamanho. Aproveitando o novo cenário, projeta investimentos na expansão de fábricas e em inovação.

A Nortec faz parte do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), recriado em abril de 2023 para discutir a estratégia de reindustrialização do setor. E, na última terça-feira (26), viu o presidente Lula assinar um investimento de R$ 42 bilhões em ações para o complexo até 2026.

Com a retomada dos investimentos públicos no setor, é grande a expectativa em torno das parcerias para o desenvolvimento produtivo (PDPs), modelo em que uma fabricante transfere tecnologia ao poder público em troca de compras do governo federal para atender a demanda do Sistema Único de Saúde (SUS).

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Sede da Nortec Química (Foto: Divulgação)

“O SUS tem um tamanho que viabiliza a construção de fábricas. No último ciclo de PDPs, diz Marcelo Mansur, CEO da empresa, a Nortec passou de 100 para 300 funcionários e viu seu faturamento crescer mais de 100%. “É difícil projetar, mas [o crescimento] pode ser parecido ou até maior do que foi no último ciclo.”

O poder público estipulou como meta produzir 70% de insumos, equipamentos médicos, medicamentos e vacinas dentro do País. No setor de insumo farmacêutico ativo (IFA), onde atua a fabricante, a produção local hoje é inferior a 5% e o governo espera investimentos de cerca de R$ 23 bilhões por meio de PDPs.

Segundo Mansur, o investimento mínimo previsto pela empresa para o próximo ciclo é de R$ 70 milhões, mas pode chegar a R$ 100 milhões. Uma parte do dinheiro vai servir para levantar uma nova fábrica e outra parte será destinada a gastos com inovação.

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Nos últimos cinco anos, a Nortec já destinou R$ 70 milhões na expansão da capacidade de laboratórios e em pesquisa e desenvolvimento. Como se trata de uma fabricante de IFA, ela não se propõe a descobrir novas moléculas, mas, sim, viabilizar a produção dos insumos em escala. A companhia, no entanto, se envolve em pesquisas em estágio inicial para encontrar soluções produtivas para novos produtos junto a instituições como Fiocruz, universidades e startups incubadas.

“Eu vou fornecendo material para os testes clínicos, para continuar as pesquisas, e eles têm segurança de que o processo está sendo acompanhado para quando fizerem o lançamento lá na frente”, explica Mansur. A ideia é que, além do portfólio atual com mais de 30 produtos comercialmente ativos, a companhia passe a lançar anualmente 8 novos produtos. Hoje, consegue lançar de 3 a 4 produtos novos por ano.

Trocas de gestão

Mansur trabalha com a perspectiva de que mesmo em uma troca de governo o programa do Ministério da Saúde não deva sofrer descontinuidade. Mas não deixa de se preparar estrategicamente para uma mudança de rotas. “Esses investimentos que fazemos também são para alcançar o mercado privado”, aponta o CEO. Em 2022, 52% do faturamento líquido veio do mercado privado interno.

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A empresa busca também aumentar sua presença no mercado internacional. No último ano, as exportações representaram apenas 5,6% da receita total, mas a companhia espera que esse número chegue a até 25% em três anos. O foco principal é o mercado americano, que busca diminuir sua dependência de insumos farmacêuticos fabricados na Índia e na China.

A Nortec já possui autorização do FDA (agência sanitária dos Estados Unidos) para atuar naquele país e tem um produto sob avaliação do órgão sanitário, um antidepressivo com novo processo de produção, que, segundo Mansur, deve ser o primeiro genérico para esse produto no mercado americano quando sua patente cair. “A demanda do SUS já é extremamente relevante para muitos produtos, mas tudo o que puder fechar de cooperação internacional que aumente a demanda viabiliza ainda mais os investimentos”, diz ele.