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Mobly dobra aposta em importados da China e expande para fora de SP

Varejista vê em novo controlador a possibilidade de expandir importações da China e inaugura primeira loja de sua marca de colchões

Felipe Mendes

Loja da Mobly (Divulgação)
Loja da Mobly (Divulgação)

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Diante da necessidade de se reinventar frente aos maus resultados no terceiro trimestre deste ano, a Mobly vai explorar o mercado chinês para ganhar eficiência e reduzir seus custos operacionais. A iniciativa faz parte do cronograma de integração da varejista de móveis e decoração com o grupo austríaco XXXLutz, que adquiriu a alemã home24, controladora da Mobly, em 2022. Os novos donos da varejista estiveram no Brasil em outubro, quando conheceram a operação de ponta a ponta e prometeram facilitar o contato da Mobly com fornecedores chineses. Hoje, os produtos importados representam cerca de 20% do faturamento da companhia brasileira. 

“A grande vantagem que eles estão trazendo para nós é a possibilidade de ampliar a compra de importados. Eles são um grupo que consolida cerca de 15 bilhões de euros em compras da China. Quando a gente entra nisso, nossa escala fica completamente diferente”, diz o CEO e cofundador da Mobly, Victor Noda, ao IM Business. Hoje, o portfólio de produtos importados da companhia é formado majoritariamente por cadeiras, mas o foco é ampliar esse volume com itens com materiais que misturam metal e madeira. 

Com 20 lojas atualmente, a Mobly prepara-se para abrir sua primeira unidade fora de São Paulo. No primeiro trimestre de 2024, a empresa estará operando também em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, com seu modelo de megastore com cerca de 1.500 metros quadrados e um aporte avaliado em R$ 4 milhões. A empresa ainda avalia cenários para expansão de sua principal bandeira. Em 2023, foram inaugurados três pontos de venda: uma megastore, uma outlet e uma Mobly Zip, seu modelo compacto que é operado por franqueados. 

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Victor Noda, CEO da Mobly

Já está definido um investimento em outras frentes, como em sua marca de colchões ensacados, a Guldi, que ganhará a primeira operação própria em São Paulo no primeiro semestre de 2024. “Se o mercado de móveis e decoração caiu de 10% a 15% nos últimos tempos, a nossa marca Guldi está crescendo cerca de 40% este ano. E para o ano que vem a expectativa é crescer mais ainda”, afirma Noda. Além de três linhas de colchões, há também linhas de travesseiros. Criada em 2018, a marca ganhou tração na pandemia de Covid-19 e hoje representa quase 10% da receita do grupo. 

Fora ela, os planos passam pela expansão da marca Lex, que cadeiras gamer, com tíquete médio em torno de R$ 1,5 mil, e também para a Keva, marca de móveis planejados. “É uma marca que está crescendo bastante também. Já representa 7% das nossas vendas. Lançamos uma espécie de guarda-roupa com qualidade de produto planejado, onde o cliente consegue customizar do jeito que ele quiser: número de portas, gavetas, espaço para cabides, com um terço do custo de um produto planejado no mercado. Depois do guarda-roupa, já oferecemos esse tipo de customização para cadeiras de jantar”, explica o executivo. 

A empresa diz ainda avaliar as possibilidades de fusões e aquisições no mercado. Noda revela que a varejista esteve em tratativas com as rivais Tok&Stok e Westwing, mas que as conversas estão paradas no momento. “A gente vê com bons olhos fazer M&A. Há uma oportunidade muito grande de ganhar market share, consolidar e aprimorar a eficiência, tanto com a Tok&Stok como com a Westwing”, diz o executivo. “Há uma complementariedade muito boa com a Tok&Stok, que é ótima na loja física, enquanto somos muito fortes no on-line e temos fabricação própria, algo que eles não têm. O desafio, no entanto, é acertar o timing das coisas”, aponta. 

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No terceiro trimestre de 2023, a Mobly apresentou R$ 123,8 milhões em receita operacional, queda de 22% frente a igual período do ano anterior. O lucro bruto no período decresceu 16,8%, para R$ 52,9 milhões. Desde que fez seu IPO, a empresa viu seus papéis serem descontados em mais de 90%. “O valor da bolsa não reflete o que a gente tem feito para melhorar a eficiência da empresa. A gente conseguiu captar dinheiro para fazer o que precisamos no longo prazo e dar o fôlego para a empresa passar por esse período de mercado ruim, otimizando a operação e melhorando as margens. Se a empresa crescer e der lucro, esse valor para o acionista vai voltar em questão de tempo”, aponta o CEO. 

O consultor Alberto Serrentino, da Varese Retail, aponta que o caminho para a recuperação da empresa passa pela diminuição do endividamento das famílias brasileiras, mas que o cenário tem melhorado diante da queda da taxa Selic e do nível de desemprego. “Nós temos uma perspectiva de melhora para o ano que vem, porque a queda dos juros, se continuar, vai dar oxigênio para os bens duráveis, e nós temos o mercado de trabalho melhorando muito”, diz ele. “O que precisava agora é de uma desalavancagem dos consumidores, ou seja, reduzir o nível de endividamento médio das famílias para que eles voltem a ter capacidade de endividamento e que o crédito fique mais barato e disponível. Se a empresa fizer a lição de casa, equilibrando seus resultados, ela pode se dar bem no médio prazo.”