Mineradora dos Moreira Salles vai fornecer nióbio para baterias de carros elétricos

CBMM já produz mais do metal do que o mundo consome, o que está forçando os executivos a serem criativos para comercializar seu principal produto

Bloomberg

Um trabalhador instala uma pilha de baterias de íons de lítio em uma bateria de um veículo elétrico.

Fotógrafo: Kiyoshi Ota/Bloomberg
Um trabalhador instala uma pilha de baterias de íons de lítio em uma bateria de um veículo elétrico. Fotógrafo: Kiyoshi Ota/Bloomberg

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Uma empresa brasileira focada na mineração de um metal usado para fortalecer ligas aposta que seu principal produto também pode desempenhar um papel fundamental na melhoria das baterias de veículos elétricos.
A Cia. A Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) é a maior produtora mundial de nióbio, um mineral que só é extraído no Brasil e no Canadá. O nióbio é usado principalmente para fazer ligas e aços inoxidáveis, e tem uma variedade de aplicações industriais, incluindo uso em motores a jato, arranha-céus e pontes.

A CBMM já produz mais nióbio do que o mundo consome, o que está forçando os executivos a serem criativos na busca de novas oportunidades para comercializar seu principal produto, ao mesmo tempo em que colaboram em projetos com a desenvolvedora de baterias Toshiba Corp. e a montadora Volkswagen AG.

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“Nossa capacidade de produção está atualmente superando a demanda total por nióbio”, disse o CEO Ricardo Lima na semana passada em entrevista à margem de uma conferência brasileira de mineração. “Portanto, nosso desafio é desenvolver mais mercados com novas aplicações.”

Nova fábrica

A empresa de capital fechado já está construindo uma fábrica para produzir óxido de nióbio para usos que incluem baterias EV. A instalação, com inauguração prevista para este ano, terá capacidade para produzir 3 mil toneladas do material. O CEO já fala em uma expansão – que poderia custar mais de R$ 1 bilhão e aumentar a produção em mais de seis vezes, para 20 mil toneladas. A decisão final de investimento será tomada até o final do próximo ano, disse Lima.

Tal movimento permite que a CBMM, controlada pela bilionária família brasileira Moreira Salles, diversifique sua produção principal de nióbio e produtos de liga. A empresa produz 150 mil toneladas de ferronióbio por ano – quantidade que supera a demanda anual global de 124 mil toneladas. O nióbio para siderurgia representa a maior fatia das vendas da empresa, sendo 95% enviados para o exterior. A empresa vende o metal em 50 países.

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A CBMM vendeu 600 toneladas de óxido de nióbio para baterias de scooters e outros veículos pequenos no ano passado, como parte de um projeto de teste. Lima disse que espera dobrar esse valor este ano.

Aposta em baterias

O impulso da CBMM para baterias permite-lhe aproveitar oportunidades para explorar novas tecnologias de baterias para veículos elétricos à medida que o mundo se afasta dos combustíveis fósseis em meio a uma transição para fontes de energia mais limpas. A empresa, com sede no sudeste do Brasil e escritórios nos EUA, China, Europa e Cingapura, também está buscando tecnologia que utilize nióbio para permitir maior teor de níquel e menor teor de cobalto em baterias de níquel-cobalto-manganês.

A CBMM planeja no próximo mês revelar o que afirma ser o primeiro ônibus elétrico a usar baterias de lítio que misturam tecnologia de nióbio e óxido de titânio. O projeto de teste é uma parceria com Toshiba e Volkswagen. Lima disse que a bateria permite carregamento rápido – de 10 a 15 minutos em comparação com 8 horas de uma bateria convencional – e apresenta menor risco de incêndio e explosões.

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“Nossa aposta é que esta será uma tecnologia de sucesso para veículos comerciais”, disse ele. “O próximo passo será aplicá-lo em caminhões de mineração.”

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