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Indústria de aves e suínos vê melhora de margens

Em 12 meses, queda nos preços dos grãos supera retração nos valores das carnes e garante salfo positivo para os frigoríficos

Fernando Lopes

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Embora a produção de milho e soja esteja em queda no país nesta safra 2023/24, como confirmaram novos números divulgados ontem por Conab e IBGE, os preços desses grãos continuam em baixo patamar, o que tem garantido margens positivas para a indústria de aves e suínos e certamente se refletiu nos resultados de empresas como BRF e Seara (JBS) no primeiro trimestre deste ano.

Indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP)  mostram que, no período de 12 meses encerrado no dia 10 de abril, o preço da soja caiu 17,5% no mercado doméstico, tomando como base o porto de Paranaguá. O milho, por sua vez, recuou quase 25%. Na comparação, a carcaça suína especial recuou menos de 3% e o frango congelado subiu 9,2% no atacado paulista.

Os grãos usados nas rações que alimentam frangos e suínos representam a maior parte do custo de produção dos criadores. No caso das aves, por exemplo, o peso chega a 70%, e é comum fontes desse segmento afirmarem, bem-humoradas, que o frango é um “milho com asas”. Em 2021 e 2022, a alta dos grãos, que levou as cotações a se aproximarem de níveis históricos, pressionou as margens das operações – que em alguns momentos ficaram negativas – e prejudicou os resultados dos frigoríficos.

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“O primeiro semestre historicamente é mais complicado para as indústrias de proteína animal, em função de uma série de fatores internos e externos. Entretanto, este primeiro semestre tem sido diferente para o setor aqui no Brasil, com retorno de alguma rentabilidade após três anos bastante difíceis para o período”, afirmou Luís Rua, diretor de mercados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), ao IM Business.

Além da queda de custos, disse Rua, colaboram para essa rentabilidade um maior equilíbrio entre oferta e demanda no país e no exterior. No mercado internacional, incertezas sobre o andamento dos conflitos no Oriente Médio, o aumento do número de casos de influenza aviária em outros países produtores e surtos de peste suína em algumas regiões têm influência sobre produção e exportações brasileiras.

Segundo dados divulgados nesta semana pela ABPA, as exportações de carne de frango do país, que representam cerca de um terço da produção, somaram 1,2 milhão de toneladas e renderam US$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O volume caiu 7,2% em relação ao mesmo período de 2022, e a receita foi 16,8% menor, graças à queda de preços médios de venda – daí a retração de custos ser tão importante para a indústria neste momento. 

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No caso dos embarques brasileiros de carne suína, que respondem por pouco mais de um quinto da produção, o cenário não foi muito diferente entre janeiro e março: o volume cresceu 5,3% ante igual intervalo de 2023, para 289,4 mil toneladas, mas a receita recuou 7,5%, para US$ 597,7 milhões.