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Gol e Azul: prática antiga no Brasil, voo compartilhado não acabou em fusões; entenda

Acordo de "codeshare" já foi feito entre Azul e Latam, em 2020, e entre Tam e Varig, há 20 anos

Taís Laporta

Batalha Técnica de Ações: GOLL4 vs AZUL. Ilustração: Leo Albertino

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A passagem é da Gol (GOLL4), mas o voo é da Azul (AZUL4). Ou vice-versa. O acordo de compartilhamento anunciado pelas duas aéreas na noite de quinta-feira (23) dará tração aos negócios das companhias – e levanta expectativas de uma união, que já estaria em negociação. Na prática, o chamado codeshare já foi usado inúmeras vezes pelo setor aéreo, mas em um passado recente não resultou em M&As (fusões e aquisições) no Brasil.

No caso de Gol e Azul, o acordo de cooperação comercial vai conectar suas malhas aéreas por rotas domésticas exclusivas, aquelas operadas por apenas uma das duas empresas. O codeshare envolve também os programas do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas. A parceria começa partir de junho.

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A principal vantagem do codeshare, que não envolve entidades regulatórias por ser um acordo comercial, é otimizar custos e aumentar o fluxo de passageiros em rotas onde uma das companhias é mais presente. “O codeshare é muito utilizado no mundo todo pelas companhias aéreas para que seja possível oferecer mais voos sem ter que incorporar mais aeronaves às suas frotas”, explica o advogado Ricardo Fenelon, sócio do Fenelon Barretto Rost e ex-Diretor da Anac.

Azul no Aeroporto Internacional de Viracopos em Campinas, São Paulo, Brasil 16/03/2020 REUTERS/Rahel Patrasso

Ele considera o acordo entre Azul e Gol positivo por ampliar as opções de voo no Brasil e buscar sinergias nas malhas das aéreas. “Além disso, permite às empresas vender mais sem necessariamente aumentar custos, como com aeronaves e tripulação”, complementa.

Casos anteriores

No Brasil, em agosto de 2020, Azul e o grupo Latam assinaram um acordo semelhante de codeshare, porém mais restrito, já que não envolvia os programas de passageiro frequente e incluía apenas 64 rotas de voos domésticos. A parceria, contudo, durou menos de um ano, após uma série de especulações sobre uma eventual fusão entre as companhias – e uma tentativa mal sucedida de negociar um M&A com o grupo sediado no Chile. A Latam estava em recuperação judicial após recorrer ao Chapter 11 nos Estados Unidos.

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No início dos anos 2000, a extinta Varig firmou parceria de codeshare com a então Tam no mercado doméstico, em meio a uma proposta de fusão. Isso ajudou a Varig, com problemas financeiros, a melhorar sua taxa de ocupação nos voos, mas também acabou levando muitos dos clientes fiéis da aérea para a Tam.

Uma fusão foi frustrada, em meio a resistência da Fundação Ruben Berta e seus funcionários, levando a aérea a se fundir com Rio Sul e Nordeste em 2003. A falência da Varig foi decretada em 2010.

No cenário internacional, também esta semana, a companhia Emirates, dos Emirados Árabes Unidos, e a Avianca, da Colômbia, fecharam uma parceria codeshare em rotas selecionadas.