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Fundo JBS aporta R$ 100 milhões para monitorar fornecedor indireto de gado

Recursos devem gerar 350 mil bezerros rastreados do nascimento ao abate

Alexandre Inacio

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O Fundo JBS pela Amazônia vai liberar R$ 100 milhões em mais uma iniciativa da empresa para tentar garantir que os animais enviados aos frigoríficos não sejam oriundos de áreas desmatadas. A ideia é criar um novo elo no início da cadeia de fornecimento, na fase de nascimento dos animais, chamado de “Hub”.

O fundo vai fomentar e financiar a criação dessas novas estruturas na região amazônica, o que permitirá às indústrias ter visibilidade da origem dos animais desde o nascimento. Os “hubs” passarão a atuar de forma integrada com pequenos pecuaristas locais, em um modelo semelhante ao já existente nas indústrias de aves e suínos.

Na prática, o “hub” será uma empresa dona de um plantel de matrizes e produtora de bezerros, rastreados desde o momento do seu nascimento. Os animais são fornecidos aos pecuaristas com oito a nove meses de vida, com assistência técnica, nutricional e sanitária, bem como apoio para acesso a linhas de crédito.

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Os pecuaristas vão assumir a fase da recria e iniciar o processo de ganho de peso dos bezerros, dentro de protocolos pré-estabelecidos. Aos 12 meses, os animais serão devolvidos aos “hubs”, que negociarão os lotes para empresas que atuam na engorda final.

O integrado será remunerado com 50% do ganho de peso obtido entre a chegada dos animais e a devolução ao “hub”. Nesse período, a expectativa é que os bezerros ganhem de seis a sete arrobas.

O primeiro “hub” que receberá recursos do fundo é a empresa Rio Capim. Ela entrará em operação com um projeto piloto em novembro, juntamente com 26 pequenos pecuaristas, para validar modelos de contratos, relacionamento e operação.

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“No piloto, estamos falando na geração de mil a 1,2 mil bezerros por ano, mas queremos chegar aos 100 mil nos próximos cinco a seis anos”, afirma Valmir Ortega, CEO da Rio Capim. Ele lembra que a meta estabelecida pelo Fundo JBS é que todos os “hubs” estabelecidos forneçam, pelo menos, 350 mil bezerros, rastreados e monitorados desde o nascimento.

A Rio Capim vai operar com dois modelos de “hub”. No primeiro, a empresa vai arrendar áreas para operá-las de forma independente. No segundo, a ideia é fazer parceria com produtores já instalados, em que a operação ocorrerá de forma conjunta.

O modelo almeja resolver o calcanhar de aquiles da indústria, que são os fornecedores indiretos. Hoje, os principais frigoríficos adotam sistemas de monitoramento dos seus fornecedores diretos, mas têm dificuldade em identificar os indiretos.

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“Teremos um sistema de rastreabilidade ultra-assegurado, que mostrará por cada etapa que esse boi passou, numa mesma base de dados integrada e, obviamente, compartilhada com o comprador”, afirma Ortega.

O foco do fundo nos pequenos pecuaristas da região amazônica não é por acaso. Segundo Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia, existem mais de 500 mil famílias que moram na região atualmente, em propriedades de até 200 hectares, das quais 70% atuam com pecuária, com baixos índices de produtividade.

Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia (foto: Luís Simione/Divulgação)

Estimativas da consultoria Athenoagro, com base em dados do IBGE e do Rally da Pecuária, indicam que 76% da área utilizada pela pecuária tem índices de rendimento abaixo da média nacional. Atualmente, cada hectare de pasto no Brasil produz 67,7 quilos de carcaça por ano. No entanto, 1,1 milhão de propriedades alcançam apenas 37,3 quilos de carcaça anualmente.

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“O maior desafio é achar empreendedores de impacto, que queiram criar esses hubs. Queremos testar outros modelos além de empresas, como cooperativas de produtores e até mesmo consórcios entre empresas que fornecem crédito, vendem insumos, fornecem assistência”, afirma Andrea, do Fundo JBS pela Amazônia.