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Fora da Kraft Heinz, Lemann agora quer elevar fatia da 3G na Americanas

Saída da fabricante de alimentos aconteceu em meio a planos de aporte de R$ 12 bilhões na varejista em recuperação judicial

Taís Laporta

(Foto: Valéria Gonçales/Estadão Conteúdo/AE)

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Enquanto zeravam sua posição na norte-americana Kraft Heinz, os bilionários Carlos Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles já haviam prometido injetar dinheiro na Americanas (AMER3) para reverter os efeitos do rombo contábil. O trio da 3G Capital se comprometeu a fazer um aporte de R$ 12 bilhões na varejista em recuperação judicial, movimento que ocorreu em meio à saída discreta da fabricante de alimentos.

Com o fim de um negócio iniciado nove anos atrás, resta saber se o aporte da 3G ajudará a tirar a Americanas da crise, após o escândalo que arranhou sua imagem. Esta semana, a varejista divulgou que vai propor aos acionistas um aumento de capital de até R$ 41 bilhões, em assembleia no dia 10 de maio. 

Além dos R$ 12 bilhões da 3G, bancos credores devem aportar outros R$ 12 bilhões. O restante pode vir de uma capitalização, que aconteceria pela emissão de novas ações, caso os acionistas aprovem um aumento de capital maior.

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Se mantido no valor atual, o aporte da 3G na Americanas vai levar a uma grande diluição do capital social da varejista, fazendo com que a participação da 3G passe dos cerca de 30% para quase 50%.

Em evento na Brazil Conference, em Harvard e no MIT, no final da última semana, Lemann reconheceu os erros na gestão da Americanas e disse que está tenta salvar a companhia.

“O dinheiro [da 3G] vai trazer um forte alívio de caixa no curto prazo, mas não vai ajudar a recuperar a credibilidade perdida”, avalia Marcos Rodrigues, da MRD Consulting, para quem é difícil prever quanto tempo será necessário para tirar a empresa da crise.

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Saída da Kraft Heinz

Veio a público somente esta semana que a 3G Capital vendeu toda a participação de 16,1% que tinha na Kraft Heinz. Isso teria acontecido no último trimestre de 2023, em um movimento silencioso, reportou na quarta-feira (10) o veículo de notícias financeiras CNBC.

A fabricante de alimentos tem como acionista de referência a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, com 26,8% do bolo. 

Antes de zerar sua posição na empresa, o fundo de Lemann já vinha promovendo saídas graduais da Kraft, enquanto se distanciava das operações.

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“A 3G não está envolvida na gestão da Kraft Heinz, nem faz parte do Conselho há vários anos. Eles continuaram a ser investidores e foram tratados como tratamos todos os outros”, disse a Kraft Heinz, em nota à CNBC. “Soubemos por meio de comunicado enviado recentemente que a 3G saiu completamente da Kraft Heinz em 2023”, disse a nota.

O trio ingressou na Kraft nove anos atrás, mas desde então a empresa vinha passando por denúncias de falsificação de contratos e também foi confrontada, em 2019, por inconsistIencias contábeis, com lucros considerados inflados.

Na visão de Alexandre Di Miceli, fundador da Virtuous Company e autor de “Ética Empresarial na Prática”, a saída da Kraft Heinz “foi um atestado do fracasso da 3G” em seu modelo de gestão baseado em transferência de valor. “Já deu sinais claros de esgotamento”, comentou ao IM Business.