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Faturamento das cooperativas do Paraná deverá superar R$ 200 bilhões em 2023

Avanço ante 2022 será de quase 10%, puxado pela recuperação da colheita de grãos

Fernando Lopes

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Impulsionado pela recuperação da colheita de grãos na safra 2022/23, o faturamento conjunto das cooperativas do Paraná deverá crescer quase 10% este ano e superar, pela primeira vez, a marca de R$ 200 bilhões. Segundo cálculos da Ocepar, entidade que representa o setor no Estado, a receita totalizou R$ 101 bilhões no primeiro semestre, 8% mais que no mesmo período do ano passado.

Depois dos prejuízos provocados pela seca no ciclo 2021/22, a produção paranaense de soja foi beneficiada pelo clima mais favorável, aumentou 80,6% e chegou a 22,4 milhões de toneladas em 2022/23, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria estadual de Agricultura. A primeira safra de milho registrou incremento de 26,7%, para 3,8 milhões, e a segunda safra do cereal, a “safrinha”, foi 6% maior, chegando a 14,1 milhões de toneladas.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Paraná deverá produzir 46,8 milhões de toneladas de grãos em geral em 2022/23 – incluindo trigo, que está em fase de colheita -, 38,7% mais que na temporada passada. No país, o Estado só perderá, como nos últimos anos, para Mato Grosso (101 milhões de toneladas).

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Flávio Turra, gerente de desenvolvimento técnico da Ocepar, lembra que há 62 cooperativas no ramo agropecuário do Paraná. Elas reúnem 195 mil associados, que são responsáveis por cerca de 65% da produção de soja, milho e trigo no Estado, e também por 45% da oferta de proteínas animais. A maior é a Coamo, com sede em Campo Mourão, seguida pela Cocamar, de Maringá. 

Flávio Turra, gerente de desenvolvimento técnico da Ocepar (foto: Samuel Milleo Filho/Divulgação)

No faturamento total do cooperativismo paranaense, que inclui 223 grupos, o ramo agropecuário tem peso de 85%. A fatia restante vem das áreas de saúde e crédito, principalmente. As cooperativas de crédito reúnem a maior parte do número de associados, que supera 3,1 milhões. 

“Embora os preços de soja e milho tenham caído mais de 30% este ano, a recuperação dos volumes compensou. Entre as proteínas, o leite também está com preços em queda, mas o cenário melhorou para pescados e suínos. Com isso, a expectativa é que o faturamento total supere R$ 200 bilhões em 2023”, afirmou Turra ao IM Business.

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Conforme o dirigente, as exportações das cooperativas agropecuárias do Paraná também deverão crescer este ano e atingir US$ 8 bilhões, cerca de US$ 400 milhões a mais que em 2022. Soja e derivados (farelo e óleo), milho e carnes de frango e suína lideram os embarques setoriais.

Outro indicador que deverá apresentar avanço em 2023 é o que mede os investimentos. Turra afirmou que os aportes totais das cooperativas tendem a chegar a R$ 6,4 bilhões, ante R$ 6,2 bilhões no ano passado. E o agro é responsável por quase toda a conta, sobretudo por causa de novos projetos de armazenagem e industrialização.

“A comercialização da safra 2022/23 foi difícil, o que novamente chamou a atenção para a necessidade que o Estado e o país têm de ampliar a capacidade de armazenagem. E temos a necessidade de agregar valor à nossa produção, daí investimentos em industrialização. Entre outros projetos de destaque, temos este ano novas maltarias e uma fábrica de queijo”, disse o executivo.

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Ainda é cedo para previsões de faturamento, exportações e investimentos no ano que vem, mas as projeções indicam mais uma colheita farta de grãos na safra 2023/24, que está em fase de plantio. O Deral não acredita, contudo, que novos recordes serão batidos, mesmo que o fenômeno El Niño ajude, como indicam os radares meteorológicos, e o volume de chuvas seja maior que o normal, mas na medida certa.

Segundo as estimativas mais recentes do departamento, a produção de soja será de 21,9 milhões de toneladas, 2% menor que em 2022/23. E a da primeira safra de milho alcançará 3,1 milhões de toneladas, com baixa de 18%, em boa medida porque os preços baixos não estão animando os agricultores – muitos estão preferindo apostar na soja. Mas se a colheita de soja não atrasar e o milho safrinha for plantado na “janela” climática ideal, ainda poderá haver surpresas positivas.

Fernando Lopes

Cobriu o setor de energia e foi editor do semanário Gazeta Mercantil Latino-Americana até 2000. Foi editor de Agro no Valor Econômico até fevereiro de 2023.