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Como a CSN pretende lidar com a alta alavancagem, nas palavras de Steinbruch  

Companhia pode vender ou fazer um spin-off de alguns de ativos, entre eles a CSN Mineração (CMIM)

Rikardy Tooge

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O CEO e chairman da CSN, Benjamin Steinbruch, trouxe novidades sobre os planos da companhia para alguns de seus ativos durante o investor day realizado nesta quinta-feira (14). A ideia é que, para fazer frente ao atual nível de alavancagem da empresa, de 2,63 vezes o Ebitda, tema que está no centro das atenções dos analistas nos últimos trimestres, a CSN venda ou realize uma cisão (“spin-off”) de alguns de ativos. Entre eles a CSN Mineração (CMIM), que pode vir a ser parcialmente vendida.

Steinbruch reforçou o compromisso público de trazer a alavancagem para duas vezes. Mais cedo, o CSN divulgou um guidance de investimentos de R$ 6 bilhões em 2024, enquanto a CSN Mineração ampliou seu capex para R$ 15,3 bilhões para o ciclo 2023-2028. O executivo fez questão de ressaltar à plateia que são apenas hipóteses em avaliação, mas isso não evitou que o mercado reagisse imediatamente às novidades.

“Temos cinco grandes projetos que, eventualmente, vamos ‘spinoffar’ e torná-los independentes”, explicou Steinbruch. O plano a longo prazo, projeta, é o de listar seus cinco principais negócios. Contando com a já aberta CSN Mineração, a ideia é colocar na Bolsa as verticais de cimentos, siderurgia, logística e energia, mantendo a CSN como uma holding enxuta.

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“Quem quiser escolher investir em apenas um dos negócios, haverá essa opção. Também quem quiser investir no controlador, terá a possibilidade. Para nós é importante ter essas cinco empresas independentes, mas que ainda tenhamos o controle dos negócios”, explicou o CEO da CSN.

Produção de aço da CSN (Divulgação)

“A parte de cimentos é a próxima [listagem] a ser feita, independentemente das aquisições que possamos fazer. Vamos oferecer ao mercado um negócio único e temos condição de fazer agora”. A CSN é uma das candidatas para comprar a operação da InterCement que, segundo informou o IM Business, já tem  hoje com algumas propostas na mesa. A empresa reforçou a intenção de ampliar seu crescimento por meio de M&As e disse estar avaliando oportunidades dentro e fora do Brasil, mas sem citar o nome do concorrente.

Steinbruch disse ainda que a empresa considera eventual venda de participação na CSN Mineração. Com cerca de 80% do capital da CMIM, o executivo citou a possibilidade de vender 30% do capital, o que lhe daria cerca de R$ 12 bilhões com a operação — após a repercussão da fala, Steinbruch afirmou que não tem a intenção de vender essa fatia, mas que esta é uma das possibilidades na mesa.

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Outra operação considerada pela empresa seria a venda da participação na Usiminas, embora a CSN prefira esperar pela decisão da Justiça sobre um possível tag along por parte dos controladores da Usiminas. “Mas podemos dispor ao mercado, se for necessário.”

Aço chinês

Outro tem que tem sido fonte de atenção por parte de analistas e investidores é o impacto do preço do aço sobre a companhia. Nesta quinta-feira, Steinbruch, engrossou o coro das siderúrgicas contra a entrada de aço vindo da China. O executivo lembrou que os grandes importadores taxam a entrada do produto em 25%, enquanto o Brasil tem um imposto que pode variar de 10% a 16%. “Não faz sentido pagarmos mais para exportar do que para importar. É contra a lei da gravidade”, criticou Steinbruch.

O CEO da CSN pediu “coragem” ao governo para que sente com a China para limitar a vinda do aço produzido no gigante asiático — estima-se que 6,8 milhões de toneladas, entre aço bruto e com valor agregado, venham de produtores chineses. “A China produz bilhão de toneladas de aço, o Brasil precisa ter coragem para sentar e conversar com eles sobre apenas 7 milhões de toneladas.”

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br