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Brasil entra na rota de receitas da Nvidia com supercomputadores para governos

Empresa quer diversificar receitas em companhias e governos. Contratos estratégicos foram fechados com Dinamarca, Japão, Indonésia e Índia

Iuri Santos

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Os volumosos contratos da Nvidia (NVDC34) com outras gigantes da tecnologia, como Amazon, Microsoft e Google, garantiram à empresa seu atual status de queridinha do setor. Mas a empresa está de olho em uma diversificação que envolve clientes em governos (o que inclui o Brasil) e vendas diretas para companhias.

“Começamos a ver as corporações um pouco mais maduras nos desenvolvimentos das técnicas delas na nuvem, e elas passam a ter capacidade de fazer contas”, diz o diretor-executivo de vendas corporativas da Nvidia na América Latina, Márcio Aguiar, em entrevista ao InfoMoney. “Nossa proposta sempre foi computação híbrida. Significa que para determinados volumes de trabalho que faz sentido alugar da nuvem. Agora, para outras, se faz dentro de casa”, explica.

Hoje, aproximadamente 50% das receitas da Nvidia vem dos chamados hyperscalers, principais provedores de nuvem pública como AWS, da Amazon (AMZO34), Azure, da Microsoft (MSFT34), Google Cloud e Oracle (ORCL34).

Na quarta-feira passada (20), a companhia divulgou uma receita de US$ 35,08 bilhões no último trimestre, dos quais US$ 30,77 vieram da linha de data centers. O valor representou um aumento de 17% três meses na comparação aos três meses anteriores anterior e 94% acima do mesmo intervalo do ano passado.

Marcio Aguiar, diretor da divisão Enterprise da NVIDIA para América Latina (Foto: Divulgação)

A demanda segue aquecida, com elevados investimentos em infraestrutura sendo anunciados pelos hyperscalers no decorrer do ano. Essas empresas, no entanto, tem buscado alternativas à Nvidia. Na última semana, por exemplo, a Microsoft anunciou o desenvolvimento de dois chips dedicados a processamento de inteligência artificial.

Para a Nvidia, a ideia é que a receita se diversifique em companhias e também governos. Nos últimos meses, contratos estratégicos foram fechados com países como Dinamarca, Japão, Indonésia e Índia.

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Brasil na rota dos supercomputadores

Por enquanto, os mercados dos Estados Unidos, Europa e Ásia estão mais maduros e são os principais clientes da Nvidia. No entanto, o Brasil deve ganhar um espaço importante na rota de investimentos de países em IA por meio do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial.

Neste ano, foi anunciado o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê um investimento de R$ 23 bilhões de 2024 a 2028. Considerando a projeção, o projeto seria o maior da Nvidia no Brasil e estaria em linha com o plano do Brasil de ter um entre os 10 principais supercomputadores do mundo.

Mas há uma preocupação quanto ao prazo, pois, por mais que o Plano tenha sido anunciado, não foi sancionada a liberação da verba. A empresa mantém interlocução com o Ministério da Ciência e Tecnologia. A avaliação é de que as decisões deveriam ser mais rápidas na comparação com outros países, embora o tempo de planejamento deva ser levado em conta.

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Por enquanto, órgãos como Banco do Brasil, a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) tem projetos envolvendo GPUs da Nvidia no País.

A Nvidia defende que o projeto do Brasil deve envolver compras graduais de lotes de GPUs, o que auxiliaria na instalação e manutenção de equipamentos de ponta. “Nós falamos que se compra tudo agora, daqui a um ano, quando estiver instalado, os pesquisadores tirando proveito, já estará defasado”, diz Aguiar

Iuri Santos

Repórter de inovação e negócios no IM Business, do InfoMoney. Graduado em Jornalismo pela Unesp, já passou também pelo E-Investidor, do Estadão.