Braskem: ação atinge maior patamar em 6 meses, mas cenário ainda é de cautela

Embora ainda cautelosos, analistas esperam um resultado bastante forte no 1º trimestre; ações completam 6 dias seguidos de alta

Lara Rizério

(Divulgação/Braskem)

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SÃO PAULO – A despeito do cenário ruim para boa parte do mercado de ações, a Braskem (BRKM5) vem se destacando na ponta positiva do Ibovespa. No acumulado do ano, as ações da companhia petroquímica subiram 22,66%. Nesta quarta-feira (10), elas completaram o 6º pregão seguido de valorização, fechando a R$ 15,70 – maior patamar desde 25 de setembro de 2012.

O que promoveu essa virada na situação da empresa? Na opinião dos analistas do Itaú BBA, que elevaram nesta semana o preço-alvo esperado para os papéis BRKM5, existe a expectativa de um 1º trimestre bastante favorável nos resultados da companhia. Isso seria fruto da recuperação mais rápida nos spreads do polietileno internacional, além dos preços domésticos mais elevados, sustentados por um câmbio mais favorável e por impostos de exportações maiores. 

Já o analista do Santander Corretora, Vicente Falanga Neto, também espera um forte primeiro trimestre, impulsionado pela melhoria dos preços da resina e o crescimento saudável da demanda. Associado a isso, estão as expectativas pelos pacotes de estímulo que serão anunciados nesta quarta-feira pela presidente da República, Dilma Rousseff, que deverão ajudar o setor.

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A expectativa é de que o governo deva reduzir o o PIS e a Cofins que incidem sobre o faturamento das fabricantes de matérias-primas petroquímicas e criar dois regimes de tributação, além de criar dois regimes de tributação. Com isso, o setor teria carga de impostos menor se aumentar os investimentos usando insumos nacionais.

Ainda há questões preocupantes
Entretanto, o Santander avalia que é importante monitorar as notícias sobre a tarifa de importação, que têm sido heterogênas, pois podem resultar em surpresas negativas – como queda das tarifas de importação de polietileno, ou positivas, com aumento das tarifas de importação de polipropileno. 

Com isso, as atenções devem se voltar para a agenda da Camex (Câmara de Comércio Exterior), que proporcionarão aos investidores um cronograma sobre possíveis mudanças nestas tarifas. 

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De acordo com os analistas do Itaú BBA, Paula Kovarsky e Diego Mendes, o mercado tende a ajustar as expectativas no curto prazo para a Braskem, mas consideram que os papéis da companhia apresentam um potencial de valorização bastante limitado em relação aos seus múltiplos.

Além disso, avaliam, uma possível redução dos impostos não deve gerar margens maiores por si só uma vez que, a princípio, visa aumentar a competitividade da indústria petroquímica local em relação às importações. Os transformadores já lutaram para repassar os aumentos de preços recentemente anunciados.

3 fatores para retomar confiança
Kovarsky e Mendes destacam que, para adotarem uma postura mais otimista em relação à Braskem, seriam necessários três fatores. O primeiro, a maior confiança na melhora da demanda mundial, o que sustentaria spreads mais elevados, o segundo, ignorar a ameaça de médio prazo do gás de xisto para os produtores baseados em nafta. Por fim, o terceiro fator são os sinais mais claros de uma retomada na demanda doméstica.

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Desta forma, os analistas seguem com a recomendação marketperform (desempenho em linha com a média do mercado) para os papéis. Esta recomendação é equivalente à do Santander, que sugere manutenção dos ativos, com preço-alvo de R$ 16,50, configurando um potencial de valorização de 8,55% frente ao fechamento de terça-feira. Já o Itaú BBA elevou o target das ações de R$ 17,60 para R$ 18,00 – o que configura uma valorização teórica de 18,42%. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.