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Papel do governo na economia “é não se intrometer”, diz Randall Holcombe

Precursor do termo "capitalismo de compadrio" defende que Estado providencie condições iguais de competição e proteja o direito de propriedade
Por  Um Brasil
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Um país que queira se desenvolver precisa de instituições fortes. O caminho para isso, de acordo com o PhD em Economia e professor da Universidade Estadual da Flórida Randall Holcombe, envolve participação limitada do governo na economia, carga tributária baixa, Estado de direito, proteção ao direito de propriedade, incentivo ao empreendedorismo, livre-comércio, abertura para os mercados globais e pouca regulamentação.

“Ao ler uma lista como essa, você pensa: ‘Eis aqui a resposta fácil. Se os países fizerem tudo isso, eles serão prósperos’. O difícil é: como fazer com que eles façam tudo isso? E o motivo dessa dificuldade é que, muitas vezes, as pessoas possuem interesses arraigados. Há um incentivo para manter o status quo”, comenta Holcombe, em entrevista ao UM BRASIL, realizada em parceria com o Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (CMLE). “Esses interesses são protegidos por barreiras comerciais. Eles não se submetem ao Estado de direito, essas são as pessoas favorecidas pelo sistema legal. Então, nós sabemos o que precisa ser feito, isso é fácil. Mas, como fazer? Essa é a pergunta difícil”, complementa.

De acordo com esse entendimento, Holcombe afirma não serem desconhecidas as “reformas que deveriam ser feitas para se ter um Brasil mais próspero”. O que as impede, segundo ele, são os “interesses arraigados que promovem a manutenção do status quo” no País.

“Vocês precisam do livre-comércio. Se está protegendo seus negócios, se está subsidiando seus negócios, isso dificulta o progresso econômico. Você quer que seus negócios no Brasil compitam globalmente com outros países. Mas eles não estarão aptos a fazer isso se estiverem protegidos no mercado interno. Então, o livre-comércio é a política para a prosperidade global”, assevera.

Considerado o precursor do termo “capitalismo de compadrio” – modelo em que as elites política e econômica conspiram mutuamente para se favorecer –, o professor defende que o Estado tenha um papel limitado na economia. Para ele, o Estado de direito deve prevalecer para que todos os indivíduos sejam tratados igualmente sob a lei, sem vantagens ou favorecimentos. Desse modo, empresas competem com as mesmas condições e crescem ao descobrir “como gerar valor para os consumidores”, em vez de se praticarem lobby com políticos interessados em ganhar apoio para as próximas campanhas.

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Defensor de menos governo, Holcombe salienta que aumentar o gasto público não promove crescimento econômico e que se trata de uma ação que apenas beneficia grupos de interesse. Além disso, reforça que, na economia de mercado, os indivíduos devem ser incentivados a gerar valor para outras pessoas.

“Não importa se você é garçom em um restaurante, ou se está abrindo seu próprio negócio, você ganha dinheiro na economia de mercado gerando valor para as outras pessoas. Assim, o papel do governo é não se intrometer, é proteger o direito à propriedade, implementar um Estado de direito para que haja equilíbrio no campo da economia e que indivíduos empreendedores sejam incentivados a gerar valor para os outros”, frisa.

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