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Por Dentro do Resultado da IMC (MEAL3): saiba os detalhes dos resultados da empresa em entrevista com CEO

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Uma verdade matemática que acaba esquecida no mercado de ações

Após um ativo se desvalorizar X%, para que ele volte ao preço inicial, invariavelmente a valorização terá de ser maior que X%
Por  Thomas Keiserman -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Todo final de ano encontramos reportagens com a lista das empresas cujas ações mais se (des)valorizaram na bolsa naquele dado ano. Esta semana li a matéria do Infomoney a este respeito.

Para alguns, pode parecer bastante surpreendente saber que Magazine Luíza (MGLU3) se valorizou 126,34% em 2018, ou que “se eu tivesse comprado R$ 100 mil em ações da Suzano (SUZB3) no início do ano passado, 12 meses depois teria R$ 204.730,00!”.

Já com relação à lista dos números vermelhinhos, aquela dos 10 piores rendimentos, embora ela talvez não chame tanta atenção do leitor leigo – histórias de sucesso, nos mais variados contextos, geralmente chamam mais holofotes para si do que os casos de fracasso – podemos aprender que o sujeito que ficou posicionado o ano todo em Cielo (CIEL3), passou o réveillon com sua posição valendo 58,15% a menos do que na virada passada.

Cabe lembrar que, por muito tempo, Cielo foi um dos papéis queridinhos do mercado. Primeira conclusão (um tanto óbvia): dá para ganhar bastante dinheiro na bolsa. E também dá para perder bastante.

Vale também relembrar o seguinte: após um ativo se desvalorizar X%, para que ele volte ao preço inicial, invariavelmente a valorização terá de ser maior que X%. E esta diferença entre o percentual de valorização necessário para repor as perdas e o percentual de desvalorização (em módulo) do período imediatamente anterior é tão maior quanto maior for X.

Isto é uma verdade matemática, não financeira ou econômica. E já adianto, esta é a segunda conclusão.

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Mas façamos um exemplo numérico para que as coisas fiquem mais simples: se em um dado período uma tal ação se desvalorizou 5%, significa que ao final daquele período a minha posição vale (100% – 5%) x valor inicial = 95% do valor inicial.

Para que eu volte a ter os mesmos 100% do valor investido inicialmente, o papel precisará se valorizar 5% / 95% = 5,26%. Ou seja, não muito longe dos 5% de queda iniciais.

Tomemos, entretanto, novamente o exemplo da Cielo: conforme podemos ver na matéria citada, a ação caiu 58,15% em 2018. Logo, no final do ano o investidor tinha (100% – 58,15%) x valor inicial = 41,85% do valor que detinha em 31/12/2017.

Quanto CIEL3 precisaria se valorizar em 2019 para que o acionista, no final do ano, tivesse uma posição idêntica àquela do final de 2017? O cálculo é o mesmo: 58,15% / 41,85% = 138,95%.

Resumindo, para ficar 100% claro: após ter caído 58,15% em 2018, as ações da Cielo só irão chegar ao mesmo patamar que estavam no final de 2017 quando subirem 138,95%!

O percentual necessário de valorização para retorno ao preço de 12 meses atrás é mais do que o dobro daquele percentual de desvalorização sofrido pelo ativo.

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Reparemos, inclusive, que este é um valor maior do que a ação que mais subiu na bolsa brasileira em 2018. O que, obviamente, não quer dizer que seja algo impossível de acontecer.

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No meu próximo artigo, procurarei abordar um assunto correlato: a variação, ano a ano, das empresas que fazem parte da lista dos top 10 ou dos worst 10. Será que vale a pena apostar minhas fichas exatamente naqueles mesmos cavalos mais bem colocados em 2018?

Por fim, um esclarecimento: em nenhum dos números de rentabilidade citados acima eu estou considerando os eventuais dividendos pagos pelas empresas que utilizei como exemplo. Tanto na lista da Infomoney quanto neste artigo, os rendimentos foram calculados apenas considerando a variação do preço de cada ativo.

Thomas Keiserman É assessor de investimentos e sócio-diretor da Esquadra Investimentos, onde trabalha desde 2013. Formado em engenharia civil pela UFRGS, é mestre em economia pela Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne e mestre em engenharia econômica e financeira pela Université Paris-Dauphine. Já trabalhou na Fideas Capital, em Paris, e é CFP desde 2017.

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