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Comprar Cesp após privatização ser suspensa? Pode valer a pena – depende do tipo de investidor que você é

Especialistas não negam que a notícia da suspensão é realmente negativa, mas questões na empresa são maiores e a recomendação é de compra
Por  Rodrigo Tolotti
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

SÃO PAULO – “Parece bom demais pra ser verdade…”, quem nunca ouviu essa frase na vida? Pois é, no mercado de ações isso costuma ser muito frequente: deparar-se com uma oportunidade de que tão positiva e com um risco aparentemente tão baixo, nos fazem duvidar que ela seja real. E isso de fato aconteceu com um dos “calls óbvios” da Bovespa deste semestre: a Cesp (CESP6).

Tradicionalmente um “porto seguro” para quem gosta de dividendos, o setor elétrico ganhou atratividade também para aqueles investidores que buscam retornos rápidos e agressivos. Tudo isso pelas mudanças provocadas pelo governo que podem trazer uma onda de privatizações, sendo que a Cesp estava prevista para tornar-se privada no leilão do dia 26 de setembro. E o mais interessante nessa proposta: o preço mínimo para participar do leilão privatizador era de R$ 16,80 por ação, 11% acima do fechamento da última quinta-feira (14). Bom demais pra ser verdade, né? Pois é…

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Na noite de quinta-feira, o governo jogou um balde de água fria no mercado ao anunciar a suspensão do processo de venda da Cesp. O motivo pode estar associado à baixa demanda de interessados em comprar a empresa paulista por conta de fatores como a data de vencimento das concessões das hidrelétricas (entre 2020 e 2028).

O governo decidiu que vai rever a operação e deve alterar as condições para tornar a venda mais atrativa. Cenário este bem diferente do que fora mostrado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), no final de agosto, quando ele disse que o leilão atrairia empresas nacionais e estrangeiras e que uma lista de interessados seria divulgada cerca de uma semana antes da licitação.

Ações em queda: hora de sair ou hora de entrar?

Como não poderia ser diferente, as ações desabaram nesta sexta-feira, chegando a cair 7,13% na mínima do dia (R$ 14,06). Como citado acima, muita gente entrou no papel para lucrar com o processo de privatização, então o adiamento do leilão naturalmente afundaria CESP6 na bolsa.

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Se por um lado a notícia frustrou as expectativas, por outro ela pode atrair dois tipos de investidores para Cesp: 1) aquele que gosta da previsibilidade do setor elétrico; 2) aquele que ainda acredita na privatização (já que ela foi adiada, e não cancelada) e enxerga o valuation atual como ainda mais atrativo – lembrando que, pelo preço mínimo de hoje, o lance inicial de R$ 16,80 embute um “upside” de 20%.

Em relatório divulgado pela manhã, a equipe do BTG Pactual disse que a notícia é sem dúvida negativa mas que já se mostrava “empolgado” com eventuais quedas de CESP6: “se abrir em queda, somos compradores”. Para eles, o principal entrave é a incerteza jurídica e não o preço estabelecido para os papéis – ou seja, os R$ 16,80 ainda são uma realidade. O Itaú BBA seguiu a mesma linha: avalia a queda como oportunidade de compra.

Coincidência ou não, o próprio mercado ajustou-se a essas possibilidades, com as ações da Cesp recuando “apenas” 5% na última hora de pregão; da mínima para o preço atual (R$ 14,38), ela já subiu cerca de 2%.

Ao investidor, resta definir qual das duas opções é a mais confortável para o seu perfil: 1) comprar uma grande oportunidade de ganhar pelo menos 20%, com baixo risco de perda mas sem um prazo definido de quando isso acontecerá (e se acontecerá); ou 2) cair fora e esquecer esse novo “devaneio” da eterna privatização da Cesp (vamos lembrar que este assunto vai e vem no mercado desde a década passada).

O que a Carteira InfoMoney fará?

A Cesp entrou na Carteira InfoMoney em maio deste ano exatamente por conta da expectativa da privatização da companhia. Esta queda por si só já seria o suficiente para que o papel fosse retirado da carteira já que não há expectativa sobre quando a privatização irá ocorrer.

Porém, Thiago Salomão, analista repsonsável pela carteira, decidiu esperar por maiores detalhes e possíveis novidades sobre a situação da empresa. Ele aguardará até o fim deste mês para definir se manterá a ação de olho ainda na privatização ou se irá tirar o ativo para a atualização de outubro.

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Rodrigo Tolotti Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.

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