Eletrobras sai na frente e sobe 25% com “novidade” no setor – mas outras 7 ações têm muito a ganhar com isso
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SÃO PAULO – A proposta de mudanças no setor elétrico, que prevê novas regras para atrair os investidores privados e facilitar a privatização de ativos estatais federais, já surte efeitos na bolsa. A reação mais eufórica é vista na Eletrobras (ELET3; ELET6) – uma das empresas que mais será beneficiada pela reforma -, cujas ações disparam 25% nos últimos dois pregões e fecham nesta quinta-feira (6) um “gap” aberto no pregão de 18 de maio, quando delações de executivos da JBS levaram abaixo o mercado de forma geral.
Com as propostas, apresentadas ontem, o governo federal dá o primeiro passo para a mais ampla reforma na regulamentação no setor elétrico nacional desde 2012, no governo da então presidente Dilma Rousseff. No texto de 57 páginas, que foi enviado para consulta pública, o Ministério de Minas e Energia abre o caminho para a privatização de usinas antigas da Eletrobras que tiveram concessões renovadas por 30 anos em 2012 e propõe mudança no modelo como a energia gerada por essas usinas é vendida ao mercado.
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Segundo o secretário-executivo do ministério, Paulo Pedrosa, as medidas podem elevar preços da eletricidade, mas por outro lado reduzirão encargos e riscos hoje alocados no consumidor, o que poderá gerar um balanço final favorável para as tarifas. Pelo texto, o impacto nas tarifas dos consumidores regulados seria de no máximo 7%.
As mudanças, vistas com bons olhos pelo mercado, já surtem reações na bolsa. A mais eufórica é vista na Eletrobras, mas outras 7 ações também têm muito a ganhar com isso. Em relatórios desta manhã, os analistas do Credit Suisse, Itaú BBA e Santander destacaram os papéis Copel (CPLE6, R$ 25,26, +2,81%), AES Tietê (TIET11, R$ 14,13, +2,39%), Transmissão Paulista (TRPL4, R$ 66,49, +2,93%), Cesp (CESP6, R$ 15,82, +2,13%) Alupar (ALUP11, R$ 6,49, +5,53%), Energias do Brasil (ENBR3, R$ 14,16, -0,84%) e Engie (EGIE3, R$ 34,15, +0,53%), antiga Tractebel. As cotações são das 13h50 (horário de Brasília). Nesse momento, o Ibovespa registrava queda de 0,63%, a 62.756 pontos.
Como a medida afeta cada uma desses empresas?
No texto da reforma, os analistas destacam 5 temas centrais que devem impactar positivamente cada uma das ações listadas acima. São eles:
1) Privatização e final das cotas de geração: a proposta é clara de que as concessões (geração, transmissão e distribuição) podem ser estendidas no caso da privatização. No entanto, no caso das geradoras, 1/3 do valor criado com a extensão iria para o CDE e 2/3 para o governo federal, ou seja, o acionista controlador atual não pode se beneficiar do valor criado com a renovação. No caso das transmissoras e distribuidoras, 100% do valor criado iria para o governo. No entanto, caso a planta de geração seja controlada pelo governo e opere por cotas (caso da Eletrobras), o acionista atual pode ficar com 1/3 do valor criado e trocaria as cotas por contratos de energia normal, com preços muito maiores.
Além de favorecer a Eletrobras, abrindo caminho para a privatização de antigas usinas, os analistas do Itaú BBA comentam que essas mudanças provavelmente vão resultar em uma média mais alta dos preços para clientes regulamentados, aumentando a curva de preços a longo prazo em R$ 30,00/MWh, mas aumentando a final a conta final (para o consumidor) em 7%. Segundo eles, isso seria extremamente positivo para as geradoras com capacidade disponível, citando como exemplos a AES Tietê e Copel.
2) Tentativa de pacificar a disputa da RBSE (Rede Básica Sistemas Existentes ) na transmissão: a proposta sugere permitir a utilização da RGR (Reserva Global de Reversão) para pagar parte da RBSE em troca de um término dessa disputa. Se isso realmente acontecer, pode-se recuperar 12% da indenização, comentam os analistas do Credit Suisse. Eles destacam a Eletrobras e a Transmissão Paulista como as principais beneficiadas dessa medida.
3. Solução para a GSF no mercado livre: todo o GSF (Generation Scaling Factor) relacionado ao despacho térmico fora do mérito desde 2013 pode ser recuperado pelas geradoras na porção que não seja impactado pelo acordo anterior nos contratos regulados. A recuperação seria via a extensão da concessão e levaria a normalização da liquidação no mercado spot (à vista). Para o Credit, a proposta é limitada ao despacho fora do mérito e não deve resultar em ganhos significativos para as geradoras. Por sua vez, os analistas do Santander destaca como positivo para as ações da Cesp, AES Tietê e Engie Brasill, antiga Tractebel.
4. Equalização de regime de concessão para as PCHs (de 5-30MW de capacidade instalada): a proposta busca mudar as PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) de concessão para autorização e define que é possível ter extensões das autorizacões dos operadores atuais. O Credit comenta que Alupar e Energias do Brasil possuem algumas PCHs em seu portfólio de geradoras.
5. Redução do risco das distribuidoras que estão sobrecontratadas: a proposta possibilita migrar os consumidores para o mercado livre, mas também reduz os riscos de operação para as discos, já que vai dividir os custos com esses consumidores.
Próximos passos..
Vale menção que a Medida Provisória que traz a reforma no setor ainda será discutida com investidores antes do provável envio ao Congresso Nacional, o que não deve ser rápido dado o ambiente político tumultuado, destacam os analistas do Credit.
Ainda assim, eles já apontavam, já antes do início do pregão, que o mercado deveria interpretar com bons olhos a proposta. “Mesmo que o mercado não consiga quantificar todos os benefícios possíveis, a proposta deve ser vem recebida, uma vez que tenta resolver algumas preocupações estruturais do setor, além de poder trazer benefícios financeiros relevantes a Eletrobras”, comentavam.
Veja abaixo a reação das ações ONs da Eletrobras nos últimos 2 dias:
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