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Corte custos, mas não faça economia burra

A regra geral é gastar sempre menos. Nos investimentos, pode nem sempre ser assim.
Por  Felipe Medeiros -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Já faz algum tempo que um tipo de discurso excessivamente simplório vem me incomodando.

Sabe aquela história de que o investidor precisa fugir de qualquer custo envolvido no investimento como taxas de administração, performance, corretagem e daí pra frente?

A ideia parece bem óbvia, mas apesar de repetida inúmeras vezes, quando não passa de uma ilusão, pode ser também um erro bastante grave.

Por isso, tirando a parte óbvia de alguns custos extras que são realmente desnecessários – como algumas “tarifas de manutenção de conta” e de “renovação cadastro” cobradas por aí – pretendo me arriscar um pouco hoje para mexer nesses dois vespeiros citados acima: a ilusão e o erro.

 “Não existe almoço grátis”!

Para quem já estudou economia mais a fundo sabe do que estou falando só pelo subtítulo.

Vivemos em um país capitalista e tanto as empresas como as pessoas não trabalham apenas pela boa vontade de fazer um mundo melhor. E se você está tratando de investimentos no mercado financeiro, então é com o coração do capitalismo que você está se envolvendo.

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Como Adam Smith descreveu muito bem: “Não é da benevolência do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro que esperamos o nosso jantar, mas da consideração que ele tem pelos próprios interesses. Apelamos não à humanidade, mas ao amor-próprio, e nunca falamos de nossas necessidades, mas das vantagens que eles podem obter.”

O que quero apontar aqui em primeiro lugar é que notei recentemente certo alvoroço no mercado sobre as “taxas zero” de títulos públicos que têm sido divulgadas pelas corretoras não serem “realmente zero”.

O argumento seria que as corretoras estariam ganhando escondidas com floating, spread e outras atividades.

É claro que é ótimo entender o funcionamento do mercado e como as instituições se remuneram através do investimento.

O que não dá para ter é a ilusão de que você realmente investia “de graça” e quando descobrir isso ficar com certa indignação!

Não vá me dizer que você também acredita em financiamento de carro a taxa zero…

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 “De graça é mais gostoso! ” Tem certeza?

Muita gente quer ser bem atendida, ter uma boa plataforma de investimentos recheada de boas opções, que nunca falha e claro: de graça.

Isso me lembra aquela história da pessoa que se sente indignada por pagar cem reais para um encanador para arrumar a pia de sua casa, sendo que ele levou apenas 5 minutos para resolver o problema. Mas ao mesmo tempo essa pessoa não percebe que para o encanador resolver o problema em apenas 5 minutos, foi preciso anos de experiência dele nesse trabalho para isso e é por essa rapidez e qualidade na solução dos problemas que a pessoa estaria pagando.

Quando você quer o melhor smartphone, não aceita pagar mais caro para levar a marca mais desejada? Quando quer o melhor carro, não paga valores que as vezes nem dispõe, se endividando por anos em financiamentos para ter aquele carro dos sonhos?

Quando quer um serviço de qualidade como, por exemplo, o melhor médico para cuidar de algum problema de saúde, sabe que os melhores e mais bem capacitados especialistas tendem a custar um pouco mais caro e que economizar nestes casos pode ser desastroso.

E por que será que quando falamos de dinheiro deixamos preferimos gastar menos ao invés de ter por perto o melhor especialista que possa ajudar a buscar mais retorno, com mais segurança?

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Portanto esteja preparado para pagar o preço se quiser o melhor atendimento, a melhor plataforma e as melhores opções de investimentos.

Simplesmente seja honesto consigo mesmo e entenda que o melhor custa caro: nada mais que a boa e velha lei da oferta e demanda.

Isto posto, vamos agora para o último e mais importante ponto, que trata do equívoco que esse tipo de desespero por economia acaba causando para muitos investidores.

 “Não desperdice dinheiro pagando para os outros, faça você mesmo!”

Vejo muita gente boa e inteligente recomendando que as pessoas não percam tempo com assessores, não paguem a corretagem mais cara para operar ações em alguma corretora, não paguem taxa de administração e performance para fundos e assim por diante.

Eu entendo de verdade a boa intenção das pessoas que dão esse tipo de recomendação, mas elas não percebem que para algumas pessoas (eu diria a maioria), esses são péssimos conselhos.

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Afinal de contas, infelizmente a grande maioria da população brasileira ainda não recebeu boa educação financeira em sua formação. Então porque elas não deveriam contar com a ajuda de um profissional dedicado a esse trabalho como um bom assessor de investimentos, por exemplo?

Por que essas pessoas também têm que cortar o máximo de custos de corretagem e acabar operando em corretoras que podem não ter o melhor home broker do mercado ou até mesmo apresentar uma solidez duvidosa em alguns casos? Especialmente se essas pessoas não são traders em tempo integral e fazem apenas poucas operações de longo prazo na bolsa.

E por último o ponto que mais me impressiona é em relação ao argumento das taxas de administração e de performance. Assunto que inclusive tratei recentemente no último texto que publiquei sobre Fundos de Investimentos.

Para a maioria dos investidores brasileiros, o mercado financeiro não é a vida deles e nem tampouco a grande fonte de renda. Seus proventos vêm em grande da sua profissão seja ele o empregador ou o empregado.

Achar que essa pessoa terá condições de tomar sempre as melhores decisões sozinha, lendo um texto aqui, assistindo um vídeo acolá, chega a ser uma deslealdade.

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Hoje no Brasil existem bons fundos que conseguem render com certa consistência mais de 150% do CDI inclusive com diversificação internacional. E nesse rendimento já estão descontadas tanto a taxa de administração como a taxa de performance!

Se ainda não ficou claro, insisto: tanto faz o custo que esse investidor teria com essas taxas!

Agora pense o contrário. Qual a chance de um investidor sozinho de casa conseguir esse tipo de resultado?

Seria mesmo o melhor para ele prender o dinheiro dele por 5 anos num CDB para conseguir 120% do CDI, na melhor das hipóteses?

Para concluir sem deixar dúvidas, é claro que economizar é bom, não me leve a mal. Apenas quando for economizar, lembre-se sempre de fazer economias inteligentes que realmente vão agregar para o crescimento do seu patrimônio e nunca o contrário.

Esse é o único ponto que realmente importa.

E não precisa concordar comigo – pelo menos não em todos os pontos – mas acredito que no mínimo alguma reflexão sobre esse tema seja válida. E mesmo se não concordar, comente aqui embaixo para ampliar o debate e auxiliar outros investidores a pensar mais sobre esse assunto.

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