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Mundo sem bancos: qual será o futuro dos serviços financeiros?

Bitcoin, criptomoedas, blockchain... tudo isso vai afetar não apenas o setor financeiro, mas toda a nossa estrutura social
Por  Gustavo Cunha
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Esse é o primeiro de inúmeros artigos que pretendo escrever para discutir os rumos do mercado financeiro brasileiro e global, tema muito amplo e que pode ser bastante disperso.

Minha contribuição vem no sentido de tentar colocar algumas bases para que as discussões sejam feitas e para que todos possam formar suas próprias opiniões sobre o caminho a ser traçado para esse futuro que para alguns pode parecer longínquo, mas que quando percebermos já estará à nossa porta.

Já é consenso que a tecnologia está afetando todos os setores da economia de maneira rápida e contínua, e que o setor financeiro, não é só um setor a mais, mas uma parte essencial de toda nossa estrutura social.

Haverá bancos no futuro? Como viveríamos se não houvesse dinheiro? O que faríamos se nossas economias fossem confiscadas? Como faríamos para comprar nossa casa/carro? E as empresas, como fariam para se financiar? Existiriam os juros (dado que estão sempre atrelados à moeda)?

O setor financeiro é uma artéria vital de todo modo de vida da atualidade. Todos os países desenvolvidos têm na sua arquitetura de sistema financeiro uma base sólida e confiável para poder dar capilaridade para as inúmeras políticas de governo, como por exemplo aposentadoria, auxilio para fazendeiros, etc.

Mas, e se eu disser que esta arquitetura pode estar para mudar drasticamente? Que grande parte das entidades deste sistema (empresas e pessoas) terão seus papeis alterados ou eliminados?

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Explico: há aproximadamente 10 anos com o surgimento da criptomoeda Bitcoin, surgiu também o que se passou a chamar de Blockchain, uma plataforma que permite, entre outras inúmeras coisas, a transferência de valores sem a necessidade de intermediários para atestar essa transferência.

O Blockchain, ou mais precisamente as DLTs (Distributed Ledger Technology), já vêm sendo testadas por inúmeros bancos e consórcios nos últimos meses, mas para mim o mais fascinante de todo esse processo são as iniciativas que estão ocorrendo fora dos integrantes atuais do mercado financeiros.

Tokenização, ICOs, STOs são apenas exemplos de termos associados a essas tecnologias, que há pouco mais de 1 ano mal se ouvia falar e que estão já em produção, mudando a vida e as interações de cada vez mais pessoas.

Um bom exemplo foram as inúmeras corretoras de criptomoedas (“exchanges”) que foram criadas em vários países e que tornaram entusiastas no Bitcoin milionários não por terem adquirido a criptomoeda quando essa tinha um valor de centavos, mas por terem criado um negócio de corretagem, baseado em tecnologia, ao largo do sistema financeiro tradicional.

Através dessas exchanges é possível ter uma carteira de investimentos em ativos criados recentemente e não controlados pelo mercado financeiro tradicional. Mas será que a criação de negócios em torno das criptomoedas gerarão a grande transformação do mercado financeiro? Ou elas por si só mudarão tudo?

O próprio conceito de país hoje começa a se colocar sob júdice. Esse conceito sempre esteve ligado a uma região geográfica, a uma cultura, a uma moeda. E se os países não tiverem mais atrelados a uma região geográfica?

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Nossos dados, que muitos dizem ser o ouro dos tempos atuais, já não respeitam essa territorialidade. Ou você não grava nada dos seus arquivos, e-mails, conversas, etc na nuvem?

Certamente presenciamos um momento especial, onde os limites da tecnologia e do homem serão testados em um mundo super-conectado e com sistemas financeiros ainda atrelados a regiões geográficas.

Em um mundo em constante mudanças onde não podemos ficar sentados em bancos observando o que está acontecendo, mas temos que ter uma postura empreendedora/inovadora, será que os bancos (instituições financeiras) terão algum futuro?

Minha visão é que as que sobreviverem pouco vão ter a ver com os bancos tradicionais, com agencias, gerentes, etc. que nos acostumamos a usar durante na década passada.

Essas e outras perguntas é o que tentarei explicar ao longo dos textos que seguirão. Caso tenha alguma outra pergunta nessa linha, ou queira discutir essas, é só entrar em contato. E que tenhamos uma ótima jornada.

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Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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