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Próxima crise será muito pior que a de 2008 e será culpa das dívidas, alerta melhor gestor do mundo

Mais um gestor de renome alerta para uma possível crise, muito maior que a última
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Stanley Druckenmiller, na minha opinião, o melhor gestor de recursos de todos os tempos, disse há poucos dias que a próxima crise será muito pior que a de 2008, devido ao aumento de dívidas.

Druckenmiller foi gestor de recursos por muitos anos e nunca teve um só ano com rentabilidade negativa, além de exibir um retorno médio anual nada desprezível, de cerca de 30%. Um currículo impressionante. Ele foi o responsável por identificar a desvalorização da libra esterlina em 1992, mas seu chefe na época, George Soros, levou toda a fama. Obviamente, Soros também teve seus méritos e, por achar que a tese de Druckenmiller era boa demais, decidiu que deveriam aumentar a exposição. Esse pequeno detalhe fez com que a dupla ganhasse mais de US$1 bilhão em um único dia!

Além de Druckenmiller, Ken Griffin e Jeff Gundlach, o rei dos bonds, também mencionaram que a próxima crise virá de um problema com as dívidas.

Estamos vendo vários gestores de renome e com sólido track record nos avisar de potenciais problemas à frente e de suas desastrosas consequências, mas o mundo parece não se importar.

O gráfico abaixo mostra a posição em caixa dos clientes do Bank of America em relação aos seus ativos totais. Nota-se que, atualmente, esse percentual está num dos menores níveis dos últimos anos. Entendo que parte disso possa ser atribuído à retirada de caixa para investimento em ativos e parte se deva à valorização desses mesmos ativos.

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Alguns investidores, ao verem seus gestores entregarem um desempenho inferior ao mercado em geral, acabam optando por resgatar de um fundo gerido por (às vezes) pessoas competentes, somente em função de resultados aquém no curto-prazo. Contudo, são esses gestores que, num momento de crise, acabam sofrendo menos por conseguirem proteger o portfólio de forma mais eficiente.  

Muitos dos resgates efetuado nessas circunstâncias são então investidos em ETFs, que não possuem nenhuma posição em caixa, só ativos, e que, por isso mesmo, performam bem. Contudo, é justamente neste momento em que os ativos estão mais arriscados e o caixa poderia funcionar como um buffer – além de conferir ao gestor o poder de comprar ativos com agilidade quando esses se tornam mais baratos, devido a uma queda acentuada nos mercados.

É importante ter em mente que o FED subiu a taxa de juros pela a terceira vez esse ano no mês passado e que o programa de QT (Quantitative Tightening – aperto monetário) agora será de US$50 bilhões por mês, frente aos “apenas” US$20 bilhões do começo do ano e US$40 bilhões do mês passado, ou seja, além de existirem menos dólares disponíveis na economia, os juros para as dívidas estão subindo – certamente não é o melhor cenário para a tomada de risco.

Não estou prevendo nenhum crash nos mercados amanhã, mas continuo recomendando cautela aos investidores. Como Warren Buffett diz, quando os outros tocam seus investimentos com pouco cuidado, devemos ser ainda mais cautelosos.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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