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Crash silencioso: dólar chegar a R$ 4,00 pode ser apenas o começo

O dólar não para de subir. Até onde ele pode ir? Como isso pode nos afetar?
Por  Marcelo López
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Estamos passando por mais um período de desvalorização cambial, em que o dólar já passou dos R$4. Já faz algum tempo que não víamos essa marca (final do governo Dilma), mas muitos especulam que isso é apenas o começo.

Na verdade, ninguém sabe para onde vai o dólar (ou qualquer moeda), mas muito se fala na volatilidade gerada pelas eleições e no déficit brasileiro. Obviamente, nada disso era novidade no começo do ano – todos já sabíamos da situação fiscal do país e que haveria eleições em outubro. Apesar de tudo isso, os ditos especialistas consultados no relatório Focus no começo de 2018 ainda projetavam o dólar a R$3,29 (hoje esse número está em R$3,70).

Além dos problemas particulares do Brasil, ainda temos que conviver com a contínua alta de juros nos EUA, que está fortalecendo o dólar e pesando sobre as moedas emergentes. Vimos o que pode acontecer com um país emergente na semana passada, quando a lira turca perdeu 30% do seu valor em apenas alguns dias.

É o que eu chamo de crash silencioso, no qual os indivíduos de um país têm boa parte de seus patrimônios corroídos sem se darem conta. E não precisamos ir longe para ver os efeitos nefastos das desvalorizações. Basta olhar os exemplos dos nossos vizinhos Venezuela e Argentina e da pobreza que vem acompanhada das desvalorizações.

E não são somente os emergentes que sofrem. Moedas de países desenvolvidos podem sofrer reveses traumáticos – vide a libra inglesa após o Brexit ou o próprio euro após o maior hedge fund do mundo, o Banco Central Suíço, acabar com o “peg” da moeda local. Obviamente, os mercados emergentes sofrem com maior intensidade e frequência.

Realmente a melhor maneira de não ser pego de surpresa por esses movimentos é procurar não deixar todos os ovos na mesma cesta, ou seja, diversificar. Infelizmente a maioria das pessoas só se lembra disso nessas horas, mas é importante não concentrar demais a exposição a um só país.

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Vivemos no Brasil, temos recursos aplicados no Brasil, residência e investimentos imobiliários no Brasil, aposentadoria no Brasil, empresa (ou emprego) no Brasil, e por aí vai. A melhor maneira de proteger nossos ativos e os ativos das nossas famílias é realmente ter uma exposição a moedas diferentes (vou incluir o ouro aqui).

Hoje em dia é muito fácil abrir conta em outros bancos pelo mundo afora (com algumas exceções, como Hong Kong). Do conforto da nossa sala, podemos abrir uma conta nos EUA ou Singapura, comprar ações na Alemanha ou bônus na África do Sul. Não há desculpa para tamanha concentração.

E para quem fala que os retornos no Brasil são melhores, basta observar o mercado de ações americano para ter provas do contrário. Estar investido em dólares (ou em qualquer outra moeda) não significa necessariamente retornos menores. Embora os preços das ações nos países desenvolvidos estejam bastante altos (na minha opinião) e os dos bonds em níveis ridículos, ainda é possível achar barganhas pelo mundo, com risco menor e potenciais retornos mais interessantes.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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