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Urânio e a Section 232

Ontem à noite, o Departamento de Comércio Americano confirmou que vai iniciar uma investigação usando a Section 232 sobre a importação de urânio. Essa decisão já era esperada pelos leitores desse blog, pois já anunciamos isso em várias ocasiões. Como já mencionei, não acredito que conseguirão isso, mas alguma deliberação será tomada.Trump é bastante favorável ao setor e sabe dos riscos da dependência americana a países não tão amigos, como Rússia (maior enriquecedor do mundo) e Cazaquistão (maior produtor da commodity).
Por  Marcelo López
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Ontem à noite, o Departamento de Comércio Americano confirmou que vai iniciar uma investigação usando a Section 232 sobre a importação de urânio. Essa decisão já era esperada pelos leitores desse blog, pois já anunciamos isso em várias ocasiões.

Essa investigação foi um pedido no início do ano das duas maiores mineradoras de urânio dos EUA, a Energy Fuels e a Ur-Energy. Apesar de não usarem essas palavras exatamente, o que elas estão pedindo é a boa e velha reserva de mercado para as mineradoras americanas. Segundo o pedido, o pleito é para que pelo menos 25% de todo o urânio consumido nos EUA seja produzido dentro do país.

Como já mencionei, não acredito que conseguirão isso, mas alguma deliberação será tomada. O Departamento de Comércio tem 270 dias para chegar a uma recomendação e o presidente, no caso Donald Trump, tem mais 90 dias para tomar uma decisão. Trump é bastante favorável ao setor e sabe dos riscos da dependência americana a países não tão amigos, como Rússia (maior enriquecedor do mundo) e Cazaquistão (maior produtor da commodity).

A grande especulação no mercado hoje é a de imposição de tarifas sobre o produto importado. Essa ideia, na minha opinião, seria a mais estapafúrdia de todas. Isso, porque os EUA não conseguiriam produzir a quantidade de urânio que eles consomem e ainda teriam que pagar mais para conseguir o complemento, aumentando o custo do setor que hoje compete com uma energia mais barata, a do gás de xisto.

Lembrando que os EUA consomem anualmente cerca de 50 milhões de libras de urânio e produzem menos de 3 milhões de libras. Assim, para que as produtoras americanas alcançassem a marca de 12,5 milhões de libras anuais (os 25% de reserva de mercado que estão pedindo), essas teriam que aumentar a produção em mais de 300% – o que realmente não vai acontecer do dia pra noite.

Esse anúncio só gera mais incertezas no tão conturbado mercado de urânio. Enquanto isso, a produção continua caindo (nenhuma empresa consegue ser lucrativa com o preço de urânio onde está) e a demanda continua aumentando (novos reatores estão sendo ligados na China, Japão, Rússia, Índia, etc).

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A Cameco, canadense e maior produtora mundial listada em bolsa, já anunciou que vai monitorar de perto o desenrolar dessa história. A empresa vai publicar os números trimestrais no dia 26 de julho e toda a atenção estará voltada para esse processo e para a mina de McArthur River, o grande elefante na sala. A postergação da abertura de McArthur River pode dar um impulso maior ao preço da commodity. E uma possível tarifação ou punição à produtora canadense pode causar justamente isso (embora eu não acredite nessa hipótese).

Além disso, a Kazatomprom anunciou que vai mesmo fazer seu IPO no quarto trimestre desse ano (JP Morgan é o broker líder). A empresa certamente espera – e está tomando as providências para isso – um preço do urânio muito acima do que está hoje.

Esse anúncio do Departamento de Comércio americano já se espalhou por todo o mundo e começou a chamar a atenção para o setor. O urânio atingiu ontem a maior cotação esse ano, enquanto que algumas mineradoras estão bem abaixo de suas máximas – e elas tendem a se mover rapidamente. Na minha opinião, agora é uma boa hora para se posicionar e aproveitar o bull market que está apenas começando.

Marcelo López Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.

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