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Desmitificando o país do futebol

Futebol é um esporte interessante, competitivo, dentro e fora de campo. Alguns países aplaudem o fair play, outros, porém, insistem em ovacionar o êxito de um pênalti cavado ou um gol feito com a mão. Cada um com os seus valores.
Por  Eli Borochovicius
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Brasileiro é aficionado por futebol. A pesquisa da Nielsen Sports que apresenta o ranking da população mais interessada pelo esporte entre 30 países, no entanto, desmitifica. Segundo a pesquisa, quem lidera o ranking são os Emirados Árabes e o Brasil aparece somente na 13ª colocação.

No final do mês de janeiro de 2018 foi a vez do Instituto de Pesquisas Datafolha apresentar números que corroboram com a ideia de que está havendo gradual desinteresse do brasileiro pelo futebol: 41% dos entrevistados não estão nada preocupados com o esporte. Pior, em relação à última pesquisa, realizada em 2010, esse número cresceu 10%.

Segundo pesquisa do Ministério da Saúde publicada em 2014, apenas 14,87% dos adultos jogam futebol, apresentando redução de 28% de praticantes desde 2006.

De qualquer forma, o Brasil tem peso quando o assunto é bola no pé: é o único país pentacampeão e participou de todas as edições do Mundial, desde o primeiro torneio em 1930. A seleção venceu em 1958 e 1962 e, depois, venceu a Itália na copa do mundo de 1970 no México e não jogou mais nas finais das Copas até 1994, cujas seleções se reencontraram para a disputa do torneio. Mais uma vez, deu Brasil levando o troféu nos pênaltis. Na copa seguinte, em 1998, o Brasil perdeu por 3 a 0 da França, que sediou a Copa, e não faltaram comentários de que a Copa do Mundo fora vendida. Apesar da seleção ter vencido a Alemanha por 2 a  0 no Mundial seguinte na Coréia do Sul e Japão, é inesquecível o jogo que tirou a seleção verde e amarela da final da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Coincidentemente, contra a Alemanha. Foi o 7 a 1 mais vergonhoso da seleção brasileira, marcado na história.

É possível que os resultados insatisfatórios influenciem no acompanhamento e na prática do esporte. Nos tempos áureos em que o lendário Ayrton Senna se destacava nas provas de Fórmula 1, as manhãs de domingo dos brasileiros eram voltadas ao automobilismo. Quem não se lembra dos nossos Gustavos? Gustavo Borges da natação e Gustavo Kuerten do tênis. Mais recentemente o MMA também ganhou muitos adeptos com o destaque de brasileiros como Amanda Nunes, Anderson Silva, Cristiane Cyborg, José Aldo, Junior Cigano, Lyoto Machida, Mauricio Shogun,  os irmãos Minotauro e Minotouro,  Renan Barão, Vitor Belfort e Wanderlei Silva, dentre outros.

Voltando ao futebol, não é apenas dentro de campo que o Brasil vai mal. Em 13 de junho de 2018 o nosso país fez um papelão no 68º Congresso da Fifa, que deu o que falar. Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia, Bolívia, Peru, Chile, Equador, Venezuela e o Brasil assumiram o compromisso de votarem a favor dos países Estados Unidos, México e Canadá sediarem a copa do mundo de 2026. Todavia, o presidente da CBF, achando que o voto seria secreto, traiu a todos e criou um grande mal estar apoiando publicamente a candidatura do Marrocos. Rasgou na frente de todo mundo o acordo do qual era signatário.

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Além de não cumprir com o combinado, ainda demonstrou despreparo com o desconhecimento das regras da votação, sendo pego de surpresa com relação ao sigilo do voto. Tentou minimizar o impacto da sua decisão dizendo que o Marrocos nunca sediou uma copa, mas não pegou bem. Vale lembrar que seu antecessor, Marco Polo Del Nero, se afastou para se defender de acusações nos Estados Unidos, as mesmas que culminaram na prisão de José Maria Marin.

Esse é o retrato do Brasil levado aos estrangeiros: um país de traíras, gente em quem não se pode confiar. Não basta sermos reconhecidos por corruptos e sonegadores?

O discurso é desconexo das ações. De forma simplificada, falamos demais e fazemos de menos. Infelizmente não nos demos conta ainda de como essa imagem influencia negativamente na possibilidade de progresso tecnológico, econômico e social.

O preço é alto demais pela cultura malandra da qual tristemente ainda há quem se orgulhe.

Eli Borochovicius Eli Borochovicius é docente de finanças na PUC-Campinas. Doutor e Mestre em Educação pela PUC-Campinas, com estágio doutoral na Macquarie University (Austrália). Possui MBA em gestão pela FGV/Babson College (Estados Unidos), Pós-Graduação na USP em Política e Estratégia, graduado em Administração com linha de formação em Comércio Exterior e diplomado pela ADESG. Acumulou mais de 20 anos de experiência na área financeira, tendo ocupado o cargo de CFO no exterior. Possui artigos científicos em Qualis Capes A1 e A2 e é colunista do quadro Descomplicando a Economia da Rádio Brasil Campinas

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