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Beach Boys, competitividade e a evolução

Como o livre mercado e a competição no meio artístico foram fundamentais para criar uma das mais aclamadas obras musicais contemporâneas
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Gustavo Goldschmidt é associado ao IFL e Co-fundador e CEO do Superplayer, um serviço de recomendação musical, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas através da trilha sonora ideal para cada momento.

A competição é o motor do progresso.

Todos sabem do prejuízo ao progresso, e consequentemente ao cidadão, quando gigantes de uma certa indústria resolvem “emparceirar-se” com o governo para criar regulações e barreiras a novos entrantes de forma a preservar artificialmente seu domínio. O que acontece, inevitavelmente, é que os consumidores continuam a ter serviços de qualidade inferior e por um custo mais alto do que poderiam ter, caso novos empreendedores conseguissem desenvolver suas soluções.

Muitos, no entanto, não percebem que isto é verdade não só no âmbito empresarial e científico, como também na produção cultural. Para entender melhor isto, vale a pena olhar a história por trás dos 2 melhores álbuns da história da música, segundo a revista Rolling Stones.

Em 1961 surgiu a banda The Beach Boys.

Inicialmente, como o nome da banda sugere, os Beach Boys gravavam surf songs, no melhor estilo californiano. Eram música alegres, de temáticas simples e felizes. Em 1963, a banda chegou ao 2º lugar nos EUA com o álbum Surfin’ U.S.A.

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Na sequência, para conseguir expandir sua influência para o interior dos Estados Unidos, onde o surf lifestyle não tinha apelo, a banda começou a gravar músicas sobre carros possantes, ou hot rods, como são chamados nos EUA. O álbum Little Deuce Coupe ficou em 4º nas paradas americanas.

Em 1964, no entanto, uma jovem banda britânica chamada The Beatles vem com tudo para os Estados Unidos, dominando as paradas.

Obviamente, isto teve grande impacto sobre os Beach Boys que se sentiram ameaçados com a invasão britânica. Estava iniciada uma “guerra” que faria dos anos 60, uma década tão especial para a música.

beachboysbillboardRanking da Billboard dos 100 singles mais tocados de 1964

Em 1965, no entanto, os Beatles mudaram o patamar do jogo com um álbum chamado Rubber Soul. Neste álbum, os Beatles quebraram o pensamento vigente na época de que o rock deveria ter melodias “simples”, com letras felizes sobre amores adolescentes, passando a fazer arranjos mais complexos, como, por exemplo, em Norwegian Wood, onde destaca-se o uso da cítara, ou, então, escrevendo sobre temas psicológicos mais complexos, como em Nowhere Man.

O lançamento de Rubber Soul teve grande impacto na forma como os Beach Boys pensavam sua música, principalmente na cabeça de Brian Wilson, o principal compositor da banda, que, a partir daquele momento, se permitiu fugir da estética “simplista” do rock n’ roll da época e usar todo seu repertório de técnicas e referências musicais para compor um novo álbum.

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Brian convidou então Tony Asher, redator publicitário, para ajudá-lo a escrever letras com maior profundidade e significado. No lado instrumental, Brian aperfeiçoou o método de produção chamado de Wall of Sound, criado por Phil Spector, para dar corpo às suas produções. O Wall of Sound era uma “orquestra” de músicos altamente experientes, que trabalhava bastante a sobreposição de instrumentos similares, mas distinguíveis ao ouvinte, como: pianos (acústico, teclado e órgão), violão (acústico e elétrico / guitarra), baixo (acústico e elétrico), além de bateria, sopros, metais e outros instrumentos de percussão. Todo este som era reverberado através de uma câmara de eco, antes de ser captado pelo microfone, para dar ainda mais “textura” e corpo a gravação.

O resultado dessa mistura de referências, harmoniosamente aperfeiçoadas, foi o álbum Pet Sounds, lançando em 1966. Embora o álbum não tenha tido, inicialmente, o mesmo sucesso de venda dos anteriores, ele revolucionou a indústria e, em 2003, foi eleito pela Rolling Stones, como o 2º melhor álbum da história.

O interessante é que este álbum acabou inspirando uma série de grandes músicos da época a “elevarem o seu jogo” e, até mesmo, retro inspirando os Beatles, que, na sequência, responderam com o álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, eleito, por fim, o melhor álbum da história.

Ou seja, graças a competitividade sadia entre estas bandas, a humanidade ganhou algumas das melhores obras musicais já criadas. Note que estou falando em competitividade lato sensu, considerando não só a disputa comercial, mas tudo aquilo que, em termos de comparação, eleva a barra de qualidade e nos provoca a ir além.

Outro ponto importante, também, é que Pet Sounds custou o equivalente a US$ 530.000,00 de hoje, enquanto Sgt. Peppers custou o equivalente a US$ 930.000, ambos entre os álbuns mais caros já gravados. Ou seja, estas bandas só conseguiram juntar os recursos necessários para gravar suas obras primas devido aos seus track records, que demonstraram competência “empresarial” ao atingirem o sucesso nos seus “produtos” anteriores, altamente rentáveis a seus investidores (gravadoras).

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Em outras palavras, estas obras só existem pela lógica de concentração de riqueza na mão dos maiores multiplicadores, e não pela distribuição imérita de recursos.

Enfim, embora muitos ainda vejam o estado como o principal responsável pela prosperidade da arte e difusão da cultura, a história por trás de Pet Sounds dos Beach Boys e de Sgt. Pepper’s é um dos muitos exemplos de como o livre mercado e a competição são o maior motor de progresso e inovação da humanidade, inclusive no âmbito artístico.

Wouldn’t it be nice… if we had more economic freedom?

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