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Grendene e a sua “nova e velha questão”: afinal, o que fazer com o caixa?

Porém, sobre isso, a companhia ressalta que, uma vez iniciada a recuperação econômica, ela estará pronta para continuar seu plano de expansão via abertura de lojas franqueadas que poderão ser financiadas por seu enorme caixa
Por  João Paulo Reis
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Depois de longo período de inverno, estamos de volta para comentar os resultados do terceiro trimestre de 2018 de Grendene (GRND3).

Desde nosso último post em abril, não fizemos nenhum comentário em função das turbulências causadas pelas eleições, cujas consequências desse evento binário levaram a uma má precificação das ações das empresas que comentamos nesse blog.

Agora com parte da incerteza dissipada podemos voltar a olhar para dentro das empresas e escolhemos a Grendene para reiniciar nossos posts.

A empresa apresentou seus resultados do terceiro trimestre ainda impactados pelas consequências da recessão que gerou um contingente de 13,5 milhões de desempregados.

Como a própria empresa comentou em seu call trimestral o resultado não foi bom, mas há uma expectativa positiva em relação ao futuro.

A empresa está trabalhando abaixo da capacidade (75%) e vem sofrendo com a queda nas vendas na América Latina, principalmente na Argentina.

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Mas mesmo com a queda nas vendas houve ganho de market share tanto no mercado externo quanto no interno, o que é admirável nessa conjuntura.

E mais, a empresa vem trabalhando novos mercados para compensar a queda nas vendas na América Latina, focando na valorização de sua marca Melissa nos EUA.

Apesar deste cenário, a empresa destacou que as vendas do dia das crianças foram positivas, o que pode gerar confiança dos lojistas nas encomendas da Black Friday e Natal.

A empresa também segue com seu plano de expansão com a abertura de novas lojas (hoje são 291 lojas do Clube Melissa), mantendo a expectativa de melhora na demanda interna com a recuperação do emprego e da renda.

Importante destacar, que a Grendene tem como objetivo principal fortalecer suas marcas além de desenvolver relações comercias sólidas, não se sujeitando a uma guerra de preços com a concorrência, mantendo poder de precificação maior em função da qualidade e design/marketing do produto.

A propósito, a área de marketing/design prepara novos lançamentos ao longo do 4t18 e 2019 visando capturar essa melhora na confiança e diminuição das incertezas geradas com a eleição, ressaltando que ela investe em média 4% da sua receita líquida com Pesquisa e Desenvolvimento de produtos e processos.

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Contudo, uma questão que voltou com força no call é a situação do elevado caixa da empresa.

Os investidores continuam questionando sobre o seu destino.

Em função do enorme caixa (quase R$ 2 bilhões), houve queda na receita financeira por conta dos juros baixos no terceiro trimestre.

Portanto, o que a empresa pretende fazer com este caixa? Pagar o imposto de renda (34% de alíquota) e distribuir os dividendos oriundos do incentivo fiscal? Fazer uma aquisição?

Nenhuma dessas hipóteses parece estar no radar da Grendene. 

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Contudo, conversando com o departamento de RI ficou mais claro como a empresa pretende dar destino a esse caixa.

Demonstrando tranquilidade com essa questão, a empresa está apenas aguardando a retomada do mercado interno, hoje responsável por 86% da sua receita, para potencializar suas vendas e margens.

Como? Questionei se não seria interessante fazer um spin off e criar um braço financeiro da empresa com esse caixa e assim financiar a expansão das lojas franqueadas e seus fornecedores.

A reposta foi que essa estrutura poderia ser demasiadamente cara e que isso poderia ser feito atualmente com um custo bem mais baixo.

Logo, uma vez iniciada a recuperação econômica e por consequência a criação de novos empregos e renda, a empresa estará pronta para continuar seu plano de expansão via abertura de lojas franqueadas que poderão ser financiadas por seu enorme caixa, ganhando market share e consolidando a força de suas marcas, sendo estes os seus grandes diferenciais em relação a concorrência.

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É sempre bom lembrar que, em qualquer situação, o Caixa ainda é Rei e que uma empresa com caixa não é ruim em nenhum lugar do mundo, principalmente em um país que combina um histórico de juros altos com recessões.

Até mais!!!!

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João Paulo Reis É gestor do Venture Value FIA, sócio da Biguá Capital desde o seu surgimento em 2006, acumulando experiência na seleção e análise das empresas listadas na Bolsa

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