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Terrorismo em Brumadinho? Que o governo controle o hospício que criou

Em tempos normais, uma instituição deveria ignorar boçalidades como essa e tantas outras surgidas ultimamente, mas “normal“ é um termo que definitivamente não casa com os dias atuais
Por  Mario Vitor Rodrigues
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

“A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) esclarece ser totalmente inverídica a informação, difundida por redes sociais e aplicativos de mensagens, sobre a ocorrência de ataque terrorista contra a barragem de Brumadinho/MG. A ABIN não recebeu qualquer relato sobre prisões de venezuelano e cubano na região.”

Infelizmente, o texto acima é real. Foi redigido e publicado pela ABIN no intuito de conter a disseminação de uma tese tão estapafúrdia quanto ofensiva: a de que a tragédia ambiental e humanitária em Brumadinho não se deu por uma sequência de eventos ligados à ganância financeira, ao lobby das mineradoras e ao afrouxamento de leis ambientais, mas graças a um atentado terrorista.

Alguém haverá de dizer que uma sandice desse calibre deveria ter sido ignorada pela ABIN. E estará certo no que diz respeito à avaliação da teoria. Não resta dúvida, um novo patamar de estupidez foi atingido. Contudo, ainda não terá compreendido a natureza dessa chamada “nova era”.

Sim, em tempos normais, uma instituição deveria ignorar boçalidades como essa e tantas outras surgidas ultimamente, mas “normal” é um termo que definitivamente não casa com os dias atuais. Por isso a ABIN decidiu se pronunciar. É sintomático.
Base central no modus operandi de todo governo populista, a difusão de teorias conspiratórias é peça fundamental na montagem do discurso vitimista.

E não somente pouco vem ao caso a sua veracidade como é até preferível que as teorias extrapolem a insensatez. No fim das contas, ao provocar risos e o desprezo por parte de quem ousa criticar o governo, reforça-se a dicotomia, o sentimento de exclusão e, por fim, uma espécie de transe antissistema.

Tal estratégia funcionou maravilhosamente bem para o bolsonarismo durante as eleições. Com o auxílio da rejeição ao PT e da falta de memória de um povo que não se cansa de apostar em políticos com a pachorra de se autoproclamarem diferentes dos demais, um exército de amalucados foi forjado e o fanatismo atingiu as raias do inimaginável. Inclusive ensejando o atentado sofrido por Jair Bolsonaro em Juiz de Fora.

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Debiloides existem aos montes. Sempre existiram. Assim como jamais faltou a figura do inocente útil para impulsionar políticos espertalhões. Contudo, o nível de imbecilização que vem sendo estimulado já nesse início de gestão espanta. Tanto pela perversão quanto pelo déficit de inteligência na maioria dos casos.
Pois que agora o governo assuma esse fardo.

Se não for por uma questão de coerência em relação ao discurso de campanha, quando a divisão imposta pelo PT foi criticada, que pelo menos o risco de ser obrigado a tourear uma base divorciada da realidade seja suficiente para impor um freio.

Lembrando sempre que o PT começou a deixar o poder justamente quando sua estratégia manipuladora ganhou os holofotes e passou a se mostrar explicitamente incompatível com os fatos.

Para quem se espelha em boa parte das estratégias do petismo, talvez valha lembrar que essa não deu muito certo.

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