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A corrida pelas operações de câmbio instantâneas começou

Fechamento de câmbio para liquidação em dois dias logo logo será coisa do passado
Por  Gustavo Cunha
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Quando comecei a trabalhar no mercado de câmbio, uma das primeiras coisas que aprendi é que o prazo entre a negociação e a liquidação de toda operação era de 2 dias úteis. Ou seja, negociávamos a compra de dólares versus reais hoje e somente daqui dois dias úteis era feita a entrega da moeda brasileira em uma conta e o recebimento da divisa norte-americana em outra.

Esse processo tinha os seus detalhes. Por exemplo, tínhamos que contar os dias úteis nas duas jurisdições, para que se pudesse saber o dia correto de liquidação. Esse procedimento foi feito devido à mensageria que era necessária para avisar todos os agentes no processo.

Imagina um câmbio de reais contra ienes (moeda japonesa). Além da contagem dos dias úteis, era preciso administrar o fuso horário entre os dois países para poder realizar às liquidações. Lembrando que quando esses procedimentos foram criados, essas atividades eram feitas por pessoas.

25 anos se passaram e nada mudou. O padrão de liquidação de câmbio ainda é D+2.

Grande parte dos procedimentos de liquidação não são mais executados por pessoas, e sim por softwares e sistemas, com a globalização se expandindo imensamente ancorada nas comunicações (sites, satélites, etc).

Estamos falando de um mercado que movimenta US$ 1,4 trilhões por ano e que tem margens altíssimas, basta você tentar fechar um câmbio para qualquer remessa que queira fazer ao exterior. Além disso, durante todos esses anos a SWIFT, uma cooperativa comportada por grandes bancos, reinou isolada nesse mercado de liquidação e mensageria de câmbio.  

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Bem, mercado de trilhões, com um monopolista com procedimentos inalterados há 25 anos são pratos cheios para a famosa palavra: “disrupção”. Ou seja, tem muito dinheiro em jogo, tecnologias que tornam a barreira de entrada menor, ou baixa o suficiente, e um agente que domina tudo.

E aí começa! A tecnologia atrelada ao Bitcoin, o Blockchain, foi a gota que faltava para que outros agentes pudessem reivindicar esse mercado. Uma das primeiras e mais proeminentes foi a Ripple, um sistema que, utilizando blockchain, consegue fazer essas transferências em poucas horas.

No final do ano passado o JPMorgan criou a JPM coin, uma stablecoin que a principio será utilizada nas contas em dólar. Mas nada impede que em pouco tempo faça as vezes das transferências entre outras moedas.

Na semana passada tivemos uma gigante da área de tecnologia entrando também nesse mercado. A IBM anunciou o IBM world wire, que já começa com 47 moedas cadastradas para transferências não mais em D+2 dias, mas sim em segundos. Foi a primeira grande empresa da área de tecnologia a entrar nesse mercado de liquidação de câmbio.

Tenho algumas dúvidas em relação a como será a infraestrutura do mercado de câmbio, e do mercado financeiro como um todo mas, olhando para frente, uma coisa para mim é clara: câmbio com liquidação em dois dias úteis está com os dias contados!

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Gustavo Cunha é um profissional com mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro brasileiro e internacional. Dentre outras posições, foi diretor estatutário responsável pelas áreas de tesouraria, capital markets e trade finance do Banco Rabobank Brasil, CEO da Gorila.com.vc e apresentador do programa F5 da IMTV. Hoje atua como investidor, consultor financeiro registrado na CVM, é sócio da Finlab Planejamento Financeiro, professor da B3, Infomoney, Ibmec e Casa do Saber e palestrante sobre temas relacionados a Blockchain e Criptomoedas.

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Gustavo Cunha Autor do livro A tokenização do Dinheiro, fundador da Fintrender.com, profissional com mais de 20 anos de atuação no mercado financeiro tradicional, tendo sido diretor do Rabobank no Brasil e mais de oito anos de atuação em inovação (majoritariamente cripto e blockchain)

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