Como a decisão do CNJ pode afetar o BB? Notícia é menos negativa do que parece, aponta Credit

Banco do Brasil vai ter que dividir os depósitos judiciais com bancos privados

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) derrubou nesta segunda-feira (19) a obrigatoriedade de que os depósitos judiciais fiquem sob custódia de bancos públicos, como Caixa e Banco do Brasil (BBAS3). A decisão tem potencial de injetar na rede bancária privada cerca de R$ 500 bilhões.

Depósitos judicias são valores penhorados das partes nos diversos processos que ficam sob custódia da justiça até que seja definido seu destino. Agora, os tribunais de justiça dos estados, responsáveis legais pelos valores, poderão escolher entre bancos públicos ou realizar licitação para contratar o serviço de administração de instituições financeiras privadas.

Os investidores repercutiram a notícia, que afeta principalmente os bancos estatais. Na sessão da última segunda-feira (19), enquanto os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) ficaram próximos da estabilidade e o Bradesco (BBDC3;BBDC4) recuou pouco mais de 1%, o Banco do Brasil fechou o pregão com perdas próximas de 2%, já que o banco ganhará concorrência neste setor a partir de agora.

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A questão, porém, é que esta mudança pode não ser tão negativa para o BB. Em relatório, os analistas do Credit Suisse destacam que o banco tem hoje R$ 160 bilhões em depósitos, equivalentes a 19% do financiamento da instituição.

Eles avaliam que há um custo alto com os depósitos devido à queda da Selic, que faz com que estejam em torno de 107% do CDI (contra cerca de 80% historicamente), tornando este mecanismo uma fonte cara de financiamento.

Confira abaixo o custo dos depósitos judiciais para o BB historicamente:

“Olhando de forma mais otimista, o BB poderia ainda se beneficiar caso conseguisse substituir os depósitos por fontes de funding mais baratas”, afirma a equipe do Credit. Os analistas apontam que, caso o banco consiga substituir esse financiamento por instrumentos que custem 100% do CDI, teria um aumento no lucro antes de impostos de R$ 670 milhões por ano.

Por fim, eles ressaltam que a proporção “loan-to-funding” (relação entre o volume total dos empréstimos concedidos pelo banco e o montante de fundos recebidos de diversas fontes) do Banco do Brasil está abaixo de 100% – foi 82.6% no segundo trimestre – o que indica que há R$ 133 bilhões de excesso e torna a potencial perda de depósitos menos alarmante. 

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.