OPA à vista: entenda por que a ação ON da Gerdau dispara até 27% e a PN cai 6% hoje

Euforia leva o volume financeiro movimentado com as ações ONs da siderúrgica para a casa dos R$ 65 milhões em apenas 2 horas e meia de pregão, ou 13 vezes superior à média diária das últimas 21 sessões

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Gerdau vivem dois extremos nesta quarta-feira (8): enquanto as ações ONs – pouco faladas pelo mercado por conta da liquidez reduzida – disparavam quase 20% na BM&FBovespa, os papéis PNs afundavam. O motivo? A notícia de que a Metalúrgica Gerdau e BTG  Pactual fecharam acordo para troca de ação da Gerdau e o consequente pedido de OPA (Oferta Pública de Aquisição) das ações GGBR3.

Às 12h37 (horário de Brasília), as ações ONs da siderúrgica subiam 17,60%, a R$ 11,29, enquanto as preferenciais caíam 6,22%, a R$ 12,22. Na máxima do dia, os papéis GGBR3 subiram 26,67%, a R$ 12,16. Já as ações GGBR4 caíram 6,68%, a R$ 12,15, no pior momento do dia. Em meio à euforia, o volume financeiro movimentado com as ações ONs da siderúrgica atingia R$ 65 milhões, contra a média diária de R$ 5 milhões dos últimos 21 pregões. O giro de GGBR4 era de R$ 140 milhões, contra a média diária de R$ 120 milhões. Do lado da holding, os papéis da Metalúrgica Gerdau caíam 3,38%, a R$ 6,28, na mesma hora.

Por que isso provoca a disparada de GGBR3?
A relação de troca proposta pela Metalúrgica Gerdau, conforme consta no fato relevante divulgado nesta manhã na CVM (Comissão de Valores Mobiliários): a relação de permuta da OPA atribuirá uma ação preferencial para cada uma ação ordinária. 

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Ou seja, ontem, os papéis da GGBR4 encerraram o pregão cotados a R$ 13,02, isto é, 35,6% acima do preço de fechamento de GGBR3 na última terça-feira (R$ 9,60). Vale menção que, apesar da alta expressiva hoje, ainda há um potencial de alta para os papéis ordinários frente à cotação atual (R$ 11,29) de 15%. 

E por que GGBR4 cai?
Segundo Marcos Saravalle, analista da XP Investimentos, embora ainda haja muitas dúvidas sobre a operação, a troca de ações ONs para PNs pelo BTG provoca um efeito conhecido como “overhang” (excesso de liquidez no mercado) em GGBR4. 

Para ele, esse movimento pode abrir caminho para o BTG se desfazer dos papéis da siderúrgicas: “o banco pode estar mais interessado em recursos financeiros do que ser acionista preferencialista da Gerdau”, disse. Ele complementa, no entanto, que as dúvidas ainda são muitas e a empresa precisa voltar ao mercado com mais detalhes sobre a operação para reduzir as incertezas. 

O acordo entre Metalúrgica Gerdau e BTG Pactual:
O contrato de troca de ações de emissão da Gerdau regula a permuta das 34,2 mi ações ordinárias (GGBR3) detidas pelo BTG Pactual por 33,4 mi ações PN (GGBR4) detidas pela Metalúrgica Gerdau, segundo o fato relevante enviado à CVM. Com a troca, Metalúrgica Gerdau passa a ser titular de 483,9 mi ações ordinárias e 169,4 mi ações preferenciais (GGBR4). O pedido de OPA será submetido à CVM em até 30 dias. 

Com a troca, Metalúrgica Gerdau passa a ser titular de 483,9 mi ações ordinárias e 169,4 mi ações preferenciais (GGBR4). Em razão do aumento da participação da Metalúrgica Gerdau no capital ordinário da companhia, Metalúrgica Gerdau submeterá à CVM, em até 30 dias, pedido de registro de oferta pública de aquisição de ações por aumento de participação, na qual será ofertado à totalidade dos titulares de ações ordinárias (GGBR3) o direito de permutarem tais ações por ações preferenciais (GGBR4).

No fato relevante, a Metalúrgica Gerdau disse que “acredita que a permuta realizada hoje e a permuta a ser realizada no âmbito da OPA estão em linha com os esforços que vem conduzindo nos últimos dois  anos para reduzir sua alavancagem financeira, além de eliminar a exposição às incertezas de mercado com a antecipação da liquidação da obrigação junto ao BTG. Ao mesmo tempo, acredita que a OPA, nos termos a serem propostos, é justa e adequada também aos acionistas minoritários da Gerdau S.A, principalmente no que concerne à liquidez de seus investimentos”.