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A queda moderada da inflação no Brasil deve abrir caminho para cortes de juros pelo Banco Central já no início de 2026. A avaliação é de Gabriel Barros, economista-chefe da ARX Investimentos, que vê um cenário favorável principalmente pela desaceleração nos preços de alimentos e pelos efeitos do câmbio.
Em entrevista ao podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo, Barros destacou que a tendência de recuo da inflação cria condições para uma política monetária mais branda.
“Nossa projeção aponta que a inflação vai continuar melhorando, basicamente por conta de alimentos e do efeito do câmbio.”
Segundo ele, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos ainda mantém o país atrativo para investidores internacionais, mesmo diante da expectativa de cortes em ambas as economias no próximo ano.
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“Mesmo com o Banco Central cortando aqui, o diferencial vai continuar sendo grande, e isso ajuda a fomentar cortes mais agressivos”, explicou.
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Inflação dos alimentos
Além do impacto direto sobre a política monetária, a ARX avalia que a inflação mais baixa nos alimentos pode gerar efeitos positivos sobre a popularidade do governo.
“Quanto menor o índice de custo de vida, maior a aprovação do governo. A inflação de alimentos continuará para baixo, e a gente já espera que a aprovação do governo melhore.”
Apesar dos vetores positivos, a gestora ressalta que fatores externos e internos ainda pesam no cenário para 2025.
Entre eles estão as sanções impostas pelos Estados Unidos, a condução da política doméstica e o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que podem trazer volatilidade ao câmbio e aumentar a percepção de risco sobre o país.
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Juros e câmbio: pressão sobre o real diante do cenário político
No campo cambial, a avaliação da ARX é de que o real tende a se desvalorizar frente ao dólar, movimento que deve ocorrer em paralelo à trajetória dos juros.
Barros alertou que a postura intransigente do Brasil diante das sanções dos Estados Unidos tende a elevar o prêmio de risco do país, movimento que, segundo ele, pode ser refletido na desvalorização do real frente ao dólar.
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Ele destacou que, apesar da perspectiva negativa, o diferencial de juros brasileiro ainda garante algum fôlego no curto prazo, sustentando a entrada de capital estrangeiro.
“O estrangeiro remete dólares para cá, transforma em reais, vende o dólar e compra real para comprar nossos ativos. Isso ajuda a pressionar positivamente o real.”
No entanto, Barros considera que essa lógica é temporária. A expectativa é de que, em algumas semanas ou meses, a dinâmica se inverta, principalmente em razão das decisões políticas e judiciais no país.
“O gatilho para essa mudança de cenário, principalmente no câmbio, deve vir com a condenação do Bolsonaro”, reforçou.
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Além disso, o economista lembra que o ambiente externo também contribui para o comportamento do câmbio.
“O Brasil está surfando uma espécie de onda de dólar fraco global, mas isso é temporário.”