Sem estímulo do governo, demissões teriam sido maiores, aponta Ipea

Redução do IPI em automóveis evitou o fechamento de 50 mil a 60 mil empregos diretos e indiretos no setor

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Um dos efeitos da crise no lado real da economia foi no emprego. Com a retração da demanda, as empresas passaram a produzir menos, ajustando a mão-de-obra ao novo cenário. E, apesar dos incentivos do governo terem aumentado as vendas, as contratações não responderam na mesma proporção.

De acordo com estudo divulgado nesta terça-feira (1) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em automóveis, por exemplo, não foi suficiente para elevar o nível de emprego no setor, já que a cadeia automobilística manteve a tendência de redução do emprego ao longo do primeiro semestre.

Em janeiro e fevereiro, ocorreu a redução de 22.688 empregos formais na cadeia automobilística. Em maio e junho, a perda foi de 3.838, embora tenha havido intenso aumento das vendas nos meses de março e junho, quando a desoneração do IPI se encerraria, embora nas duas ocasiões ela tenha sido prorrogada.

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Sem IPI reduzido, impacto pior

Apesar de os empregos não responderem tão imediatamente aos estímulos do governo quanto as vendas, é possível dizer, de acordo com o estudo, que, sem a redução das alíquotas do IPI, o desempenho na cadeira automobilística teria sido pior.

Dados do Ipea mostram que a produção de automóveis, caminhonetas e utilitários no valor de R$ 1 milhão gera cerca de 25 empregos diretos e indiretos na economia como um todo. Com a estimativa de que a redução do IPI elevou a produção nacional em R$ 2,4 bilhões, a geração de emprego causada pela medida foi de 50 mil a 60 mil* empregos diretos e indiretos no primeiro semestre.

O instituto ressalta que o dado mostra a importância da redução do IPI para a manutenção do nível de emprego na economia. “Este é, inclusive, outro canal a reduzir o custo fiscal da desoneração, pois a manutenção do emprego contribuiu para elevar a receita previdenciária e evitar despesas com o seguro-desemprego”.

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*Para chegar ao resultado, o Ipea usou como hipótese que a redução do IPI aumentou as vendas nacionais entre 100 mil e 120 mil unidades e que o preço médio dos veículos, em valores de 2005 e descontados os impostos e as margens de comércio e transporte, é de R$ 20 mil.