Crise põe fim ao ciclo de queda no desemprego da América Latina

Em 2009, estima-se que mais 2,4 milhões de pessoas se juntarão ao contingente de 15,7 milhões de desempregados

Flávia Furlan Nunes

Publicidade

SÃO PAULO – A crise pôs fim ao ciclo de queda no desemprego da América Latina nos últimos cinco anos. Estima-se que, em 2009, o número de desocupados aumente em 2,4 milhões, segundo informou relatório divulgado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho).

De acordo com o diretor regional da OIT para a América Latina e Caribe, Jean Maninat, a crise de emprego já chegou à região. O cálculo do número de desempregados leva em consideração uma desaceleração do crescimento econômico da região de 1,9%.

A taxa de desemprego passou de 8,3% em 2007 para 7,5% em 2008 na região, melhor desempenho desde 1992, propiciado pelo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) na ordem de 4,6%. “Indicadores mostram que, no terceiro trimestre de 2008, foram observados os primeiros efeitos da desaceleração econômica regional sobre o mercado de trabalho”, disse Maninat.

Continua depois da publicidade

Desemprego

Os 2,4 milhões de desempregados esperados para 2009 se juntarão aos cerca de 15,7 milhões de desocupados atuais.

“Estes prognósticos mostram a necessidade de serem tomadas medidas para reduzir o impacto laboral da crise, com políticas anticíclicas e inovadoras, com programas de investimento, apoio a empresas produtivas e proteção à população mais vulnerável. Depois de anos de resultados positivos, a região está melhor preparada para este desafio”, afirmou o diretor regional.

“Em diversos países, os governos já começaram a aplicar planos anticrise que têm o emprego como um objetivo fundamental, e estas são boas notícias”, completou.

Continua depois da publicidade

Outros dados

O estudo, intitulado Panorama Laboral, mostra que, no ano passado, na maioria dos países da AL e Caribe, apesar do bom crescimento econômico, os salários reais retraíram-se ou apresentaram incrementos modestos. Na média, os salários subiram 3,7%, ante 5% em 2007.

Em relação ao sexo, mulheres continuam sendo as mais afetadas pelo desemprego, que foi 1,6 vezes maior para a população feminina da região em 2008. Os jovens também são os mais afetados pelo desemprego, cuja taxa é 2,2 vezes maior do que a de desocupação total.

“Não podemos perder de vista o objetivo do trabalho decente. Agora é importante concentrar-se em um de seus componentes fundamental, que é a geração de emprego. Mas a superação da crise também dependerá de evitar a deterioração das condições de vida as pessoas que movem as economias”, finalizou Maninat.