Na próxima década, Brasil deve crescer a passos largos, mas encurtados pelo governo

Deutsche Bank lista prospectos otimistas à economia brasileira de 2010 a 2020, embora "pudesse ser melhor"

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SÃO PAULO – Muitos predizem que o Brasil é o país do futuro, dada sua abundância de matérias-primas estratégicas, que o coloca em posição chave na geopolítica do mundo. Contudo, este futuro que demora para chegar, virá em breve?

Em artigo intitulado “Brasil 2020”, a equipe do Deutsche Bank delineia prospectos para a economia brasileira na próxima década, bem como traça possíveis cenários para as eleições presidenciais de 2010 e suas decorrências à frente.

Crescimento de 4% a 5% do PIB

Nas linhas iniciais, uma constatação: “o Brasil rapidamente emergiu da crise global”, dizem os analistas, citando como justificativas a melhora na política fiscal, a estrutura sólida na política macroeconômica e um setor bancário muito bem capitalizado. Como decorrência, o banco prevê crescimento entre 4% e 5% no PIB (Produto Interno Bruto) em 2010.

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“Mesmo se o crescimento do mundo mantiver-se fraco nos próximos anos, o Brasil está muito bem posicionado para voltar aos níveis pré-crise”, discorre o Deutsche Bank, à medida que a posição externa de liquidez do País é alta, além do elevado fluxo de investimentos e da expectativa no longo prazo de expansão do crédito com a menor Selic.

Para a próxima década, os analistas estimam avanço de 4,25% no nível de produto a cada ano, podendo atingir até 5%, em um cenário mais otimista. Nesse sentido, o Deutsche Bank traça três cenários de crescimento para a década:

Cenário Probabilidade Variação do PIB de 2010 a 2020
Otimista 20% 5%
Meio-termo 70% 4,25%
Pessimista 10% 3,25%

“Contudo, a não ser que haja um aumento tangível nas poupanças domésticas ou uma reforma estrutural e significativa, tamanha taxa de crescimento será elusiva”, completa o banco alemão, tendo em vista a baixa poupança interna brasileira. Vale lembrar que países com poupança interna elevada possuem maior facilidade no financiamento de investimentos no setor produtivo.

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De devedor a credor externo

De olho no câmbio, os analistas destacam a capacidade do Banco Central para conter uma escalada do real, assim como feito recentemente em meio à crise financeira. Muito mais do que o controle em si, os analistas observam que as intervenções da instituição monetária não ameaçam a dívida do setor público, nem a estabilidade do setor financeiro.

“Se levarmos em conta os ativos externos dos bancos comerciais, o Brasil é um credor externo líquido dentro do intervalo de 2% a 3% do PIB”, afirma o banco, ao ressaltar a posição líquida favorável do Brasil, além do contraste com o final do ano de 2002, quando o País era um devedor líquido na casa dos 33% do PIB. Dada a posição de credor, o Estado poderá prover liquidez ao setor privado, completam os analistas.

Por outro lado, a equipe do banco alemão observa a elevada dívida pública do Brasil, mas acredita que contrações fiscais à frente devem permitir um declínio na relação entre dívida pública e PIB no médio prazo. “Mesmo se o governo não reverter medidas de incentivo ao consumo, o superávit primário será grande o suficiente para assegurar um declínio na relação entre dívida pública e nível de produto deste ano”.

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As quatro variáveis

Mais adiante no artigo, o Deutsche Bank revela que seu modelo básico de crescimento possui quatro variáveis: demografia, capital humano, investimentos e abertura. Por se tratarem de fatores perceptíveis apenas no longo prazo, o banco não utiliza as duas primeiras variáveis, embora sua equipe tenha ressaltado o alongamento na estrutura da pirâmide demográfica brasileira – como decorrência do envelhecimento da população, além da maior expectativa de vida.

Quanto à abertura, os analistas acreditam que o comércio internacional deverá vivenciar uma expansão gradual, a ser ajudada pela demanda chinesa por commodities. Contudo, “o País permanece, de longe, como o país mais fechado entre as economias do grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China)”, completam os analistas, tendo em vista que, aproximadamente, um pouco mais de 20% do PIB é comercializado, contra cerca de 60% do PIB no caso da China.

No tocante aos investimentos, a ligeira melhora na poupança interna (18% do PIB no quatriênio de 2004 a 2008 contra uma média de 15% a 16% anteriormente) permitiu com que o Brasil visse um crescimento no nível de investimentos. “A infra-estrutura necessária para sediar os Jogos Olímpicos de 2006 e a Copa do Mundo de 2014 deverá ajudar a aumentar o investimento público”, completam os analistas, que também veem possíveis descobertas de petróleo e de gás como propulsora a novos investimentos.

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Dilma ou Serra, pouco muda

Para aumentar os investimentos, os analistas recomendam a combinação entre menores custos de financiamento, estabilidade econômica e, principalmente, maior poupança do setor público. No entanto, após afirmar que o governo atual não realizou nenhuma revolução, o Deutsche Bank admite: “é muito difícil ser otimista sobre um horizonte de reforma estrutural”, independente do vencedor das eleições presidenciais em 2010.

À espera das eleições, os analistas traçam três cenários:

Bom, mas poderia ser muito melhor

Nas linhas finais, o banco alemão ressalta os prospectos favoráveis de crescimento da economia brasileira. Caso as projeções do Deutsche Bank se confirmem, o Brasil será a sétima maior economia do mundo, ultrapassando o Reino Unido e a França. “A estabilidade econômica e política, combinada com uma abundância de terras aráveis, além dos recursos energéticos e das commodities estratégicas, elevarão a importância do Brasil”, completam os analistas.

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A despeito das expectativas positivas, a taxa de crescimento do País ainda deverá permanecer distante das vistas na China e na Índia. “O Brasil não se tornará um país com alto PIB per capita, muito menos uma Coréia do Sul com elevada tecnologia”, conclui o banco alemão, citando que o sucesso do país asiático deve-se ao seguinte tripé: alto investimento, acumulação de capital humano e abertura ao comércio internacional – inexistentes ou fracos no Brasil atual.

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