Governo pode taxar minério de ferro visando maiores investimentos em siderurgia

Edison Lobão afirmou que não há sentido em exportar minério de ferro para a China e importar aço; Vale não se pronunciou

Luis Madaleno

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SÃO PAULO – O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou na última segunda-feira (8) que poderá ser criado um novo embargo na exportação de matérias-primas do aço. O objetivo da medida seria pressionar as mineradoras nacionais – principalmente a Vale – a ampliarem seus investimentos em siderurgia.

No mesmo sentido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia demonstrado sua insatisfação em relação ao fraco aporte de capital no setor siderúrgico por parte da Vale, reiterando em diversas oportunidades seu desejo de que o aço fosse produzido no país, como forma de criar novos postos de trabalho.

Em entrevista à Bloomberg, Lobão afirmou que o governo “deseja mais” do que os US$ 17 bilhões que a Vale planeja destinar à siderurgia nacional. “Estamos planejando impor taxa na exportação de minério de ferro e remover os embargos nos produtos processados”, afirmou o ministro. Que disse ainda que “não há sentido” em exportar a matéria-prima e importar o aço.

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O ministro também enfatizou que a medida necessita agora do endosso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e afirmou não desejar “afogar as companhias de mineração com a taxa” e sim incentivá-las a “serem racionais”.

Fertilizante: mais taxas
Ainda segundo o ministro, além da taxação sobre o minério de ferro, o governo estuda também elevar os tributos para incentivar a exportação de fertilizantes – setor no qual o país importa cerca de 91% da matéria-prima. “Devemos nos mover rapidamente para produzir fertilizantes aqui e a Vale será muito importante neste processo”, sublinhou Lobão.

Cabe lembrar que a companhia comprou ativos de fertilizantes da Bunge recentemente, em um negócio no valor de US$ 3,8 bilhões.