FT vai contra a maré e aponta 4 “boas razões” para não apostar no Brasil na Copa

Maior parte dos economistas aponta que o Brasil vai vencer, mas há alguns bons motivos para acreditar no contrário, aponta jornalista da publicação britânica

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Enquanto o Brasil é quase uma unanimidade entre os economistas que fizeram as suas apostas sobre quem irá ganhar a Copa do Mundo, uma reportagem do Financial Times destacou que não há tantos motivos para os anfitriões comemorarem antes da hora.

O jornalista Simon Kuper ressalta que os brasileiros são tidos como os campeões mais plausíveis, com uma boa equipe, com nenhum rival parecendo ser invencível e ainda possuem a vantagem de jogar em casa. As casas de apostas colocam o Brasil como o favorito, numa proporção de 3 a favor contra 1 mas que, segundo ele, significa que os apostadores pensam que a seleção nacional provavelmente não ganhará. “E isso faz sentido: a Copa do Mundo é ‘descortês’ aos favoritos, e está se tornando ainda mais com os anfitriões. Aqui está o motivo pelo qual os fãs do Brasil devem ficar temerosos”, aponta Kuper. 

Há quem argumente que as últimas seis Copas realizadas na América Latina foram vencidas por times da região. Contudo, isso ocorreu entre 1930 e 1986 e, hoje, o futebol está bem diferente, aponta, ressaltando ainda alguns problemas de saúde de antes que ocorreram com europeus após eles chegarem superalimentados e pouco treinados ao evento, o que é bem menos provável de ser repetido agora. Enquanto isso, o jornal ressalta que a vitória Argentina em 1978 teve muito a ver com fatores políticos. Já hoje, os visitantes se sentem bem mais à vontade, com os locais de concentração se tornando bastante similares aos que os jogadores estão acostumados. E isso se reflete no fato de que apenas uma das últimas oito Copas foi vencida pelo anfitrião.

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O segundo problema, aponta o jornalista, é que a Copa do Mundo é um torneio tão breve que a sorte desempenha um grande papel, o que muitas vezes “confunde” os favoritos. “Se o torneio durasse 38 rodadas, como a Premier League da Inglaterra, o Brasil provavelmente venceria. Ao invés disso, o vencedor vai jogar apenas sete jogos,os últimos quatro deles por mata-mata. Um erro do árbitro, um pênalti, e a melhor equipe pode sair. Em todo caso, os favoritos no futebol perdem mais vezes do que no rugby, basquete ou tênis”, ressalta.

A terceira razão para apostar contra o Brasil é o próprio elenco: poucos brasileiros argumentam que a escalação tenha semelhanças com a equipe que venceu o último torneio, em 2002. “É preocupante quando o seu goleiro, Júlio César, joga pelo Toronto FC”, afirma a publicação, citando o time canadense desconhecido do camisa 12 da seleção.

Em último lugar, está a falha brasileira explorada por vários adversários europeus nas últimas Copas do Mundo. Enquanto o diferencial do Brasil está no ataque, a defesa europeia é forte e foi o fator determinante para eliminar a seleção canarinho nos últimos dois torneios, contra França e Holanda, em 2006 e 2010.

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Antes do jogo Brasil-França, em 2006, o treinador francês Raymond Domenech disse aos seus jogadores: “Nunca deixe que eles tenham a bola. Consiga-a de volta o mais rápido possível, e nunca dê a eles”. O Brasil com a bola é aterrorizante, disse ele. Domenech continuou: “Faça-os vir e pegar a bola. Os brasileiros não gostam de defender”, ressaltou. A França eliminou o Brasil nas quartas de final do evento daquele ano, por 1 a 0.

O Financial Times encerra o texto destacando mais uma vez a possível relação entre um maior ânimo com o governo Dilma com o Brasil se sagrando campeão e afirma: “Dilma, de olho nas eleições de outubro, estará esperando que seus jogadores mostrem alguma disciplina europeia”

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.