Legalização da maconha? Candidatos à presidência dos EUA poderão aproveitar a ideia

Os candidatos têm uma oportunidade de mostrarem que eles podem acompanhar as mudanças na percepção pública, disse Rick Wilson, estrategista republicano na Flórida

Bloomberg

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Na política presidencial, a maconha está sendo tratada como uma substância perigosa.

O senador por Kentucky Rand Paul, o governador de Nova Jersey Chris Christie e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton têm sinalizado diversos graus de apoio à maconha medicinal.

Contudo, em uma época em que a maioria dos americanos diz que o uso recreativo da maconha deveria ser legal, e dois estados já o tornaram legal, nenhum dos principais pretendentes presidenciais para 2016 de ambos os partidos foi tão longe.

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Agora, os candidatos têm uma oportunidade de mostrarem que eles podem acompanhar as mudanças na percepção pública, disse Rick Wilson, estrategista republicano na Flórida.

“Este é um desses assuntos, como o matrimônio gay, onde a sociedade está mudando muito rapidamente”, disse Wilson, que está a favor de legalizar a maconha. “Os republicanos precisam se adiantar à tendência”.

A tentação para os políticos de aproveitar a mudança na percepção pública sobre a maconha é moderada pela preocupação com que os eleitores mudem de opinião, disse Kevin Sabet, um dos fundadores do Project SAM, sigla de Smart Approaches for Marijuana (Abordagens Inteligentes da Maconha).

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Experimento no Colorado
As primeiras vendas varejistas de maconha no país começaram em janeiro no Colorado, depois que a maioria dos moradores votou em 2012 permitir a maiores de 21 anos comprar 28,34 gramas, o equivalente a uma onça, da droga. Depois que duas mortes foram ligadas à ingestão de comida contaminada com maconha neste ano, legisladores estaduais atuaram para endurecerem os controles sobre o mercado de comestíveis com maconha, de rápido crescimento.

Em outubro, pela primeira vez em 44 anos de pesquisas sobre o assunto, o Gallup descobriu que a maioria dos consultados – 58 por cento – disse que estava a favor de legalizar a maconha. Na primeira medição das atitudes dos americanos a respeito da maconha feita pela Gallup em 1969, 12 por cento apoiava legalizar a droga.

Em Flórida, estado que é campo de batalha presidencial com 29 votos eleitorais em 2016, 88 por cento dos eleitores registrados estão a favor de legalizar a maconha com motivos medicinais e 55 por cento dizem que aprovariam seu uso recreativo, segundo uma pesquisa publicada ontem pela Universidade Quinnipiac em Hamden, Connecticut. Uma iniciativa para permitir o uso médico da maconha fará parte da votação da Florida em novembro.

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Christie chamou a lei de maconha médica de Nova Jersey, promulgada antes da sua posse, de “fachada para a legalização”. Contudo, ele também assinou uma lei que expande a disponibilidade de maconha médica para crianças doentes em certas circunstâncias.

O assunto poderia energizar eleitores jovens, ao passo que poderia ser visto como uma afronta por americanos mais velhos que tendem a formar uma maior proporção dos que votam.

Embora Paul não tenha chegado a apoiar o uso recreativo da maconha, em 24 de julho ele apresentou uma emenda no Senado americano que protegeria as leis estaduais de maconha médica e tem trabalhado para reduzir as sentenças para culpados de delitos com drogas.

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Hillary Clinton mudou de atitude a respeito da maconha desde sua primeira candidatura presidencial em 2008. Naquela época, ela disse que se opunha a descriminalizar o uso de maconha e que queria ver mais pesquisas sobre seus benefícios médicos.

Circunstâncias apropriadas
No mês passado, Clinton disse durante uma reunião do tipo “town hall” feita pela CNN que há “circunstâncias apropriadas” diante das quais a maconha deveria estar disponível para propósitos médicos. Quanto ao uso recreativo da droga, ela disse que vai “esperar e ver qual a evidência” no Colorado e em Washington, o único outro estado que a legalizou.

Peter A. Brown, diretor assistente da pesquisa da Quinnipiac, disse que a forma em que os eleitores estabelecem suas prioridades é um motivo pelo qual os candidatos presidenciais não estão se apressando para rejeitarem a proibição federal da maconha.

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“Os dados indicam que de alguma forma a legalização da maconha é mais aceita do que tem sido no passado, com certeza. A questão que poderia ser mais importante a respeito disso é quão proeminente é ela para o voto presidencial de alguém”, disse Brown. “Qual a sua importância frente à economia e à política externa?”