Temor estrangeiro? “Brasil continua sendo atrativo independente do resultado da eleição”

Para o CEO da Speyside, que ajuda investidores a "entenderem o Brasil", há incertezas com relação ao Brasil, mas investimento de longo prazo para o Brasil continua no horizonte dos estrangeiros

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Eleições? A expectativa de quem será o (ou a ) próximo (a) presidente do Brasil vem guiando a Bolsa brasileira nos últimos meses, tanto para cima, quanto para baixo. Isso por que se espera que, dependendo do resultado do pleito, o prosseguimento ou diminuição das políticas expansionistas, a intervenção do Estado na economia, entre tantos fatores poderiam diminuir a atratividade do Brasil e também o seu crescimento. Uma das “pontas do iceberg” seria afugentar os investidores estrangeiros do País. Porém, esta preocupação, em muitos casos, não é justificável.

É o que destaca o CEO da Speyside, Ian Herbison, uma consultoria de relações internacionais que ajuda os investidores estrangeiros a coompreender o quadro jurídico bastante complexo do Brasil e que está no País desde 2009.

Para quem pensa em longo prazo, aponta Herbison, o Brasil continua sendo um lugar bastante atrativo apesar de algumas incertezas no curto prazo, principalmente pelo tamanho de seu mercado.

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E isso independentemente do resultado das eleições. “A decisão de investimentos dos estrangeiros não depende se Marina será eleita ou não, se haverá uma mudança ou não. Os clientes que eu consulto, vão investir independente do resultado das eleições, é um investimento de mais longo prazo”, ressalta Herbison.

O crescimento da classe média, que gerou uma expansão forte do mercado, também aumentou a atratividade em alguns setores, como o de saúde.

Enquanto isso, o setor de petróleo e gás, como é o caso da Petrobras (PETR3;PETR4), mesmo com grandes altos e baixos de suas ações devido às eleições, não deve mudar o seu case de forma significativa no longo prazo. Isso porque, apesar dos desafios, há uma grande expectativa pela exploração de campos.

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Por outro lado, os setores que podem ser mais sensíveis às mudanças de governo são como o de consumo, em meio à preocupação com a inflação, crescimento do PIB, crédito ao consumidor e pressões sobre os preços.

Entre os setores vistos como mais atrativos, um dos destaques são para as PPP (Parceria Público Privadas), assim como investimentos em estradas, ferrovias, infraestruturas. “É uma área em potencial”, avalia Herbison.

Conforme destaca Herbison, mesmo com as incertezas no Brasil e com possibilidade de maior atratividade em países desenvolvidos que estão se recuperando da crise, como é o caso dos EUA – que pode aumentar as taxas de juros já no ano que vem – o IED (Investimento Estrangeiro Direto) se manteve no Brasil. O IED se manteve no País, o que mostra que, mesmo com algumas incertezas, ainda há confiança nos investimentos de longo prazo no Brasil; porém, é inegável que há sim uma preocupação com as questões econômicas no futuro.

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E uma mudança nas políticas seria bem vinda: “a comunidade de negócios internacional irá receber bem as mudanças com reformas econômicas, que podem acontecer em uma eventual mudança de governo”.

E quais são as peculiaridades para um investidor estrangeiro que queira “colocar as suas fichas” no Brasil? Herbison destaca que, além da regulação diferente e a complexidade, os investidores tem que ser “educados” para perceber que os investimentos demoram mais a maturar. “As coisas não acontecem tão rápido quanto em outros lugares do mundo mas, quando as coisas começam a acontecer, elas também andam rápido”, avalia.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.