No último pregão do trimestre, Ibovespa tem queda com cautela externa e interna; dólar sobe

No exterior, mercado fica de olho em Brexit, fala de dirigentes do Fed e dados dos EUA; noticiário político é destaque no Brasil 

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Ibovespa inicia o último pregão do trimestre em um movimento de queda, acompanhando o movimento no exterior após o início do Brexit e de olho na fala dos dirigentes do Federal Reserve; nos últimos dias, algumas autoridades destacaram que o Fed poderia elevar os juros mais vezes do que se previa esse ano. Além disso, o dia é de queda para as commodities, o que leva à baixa de blue chips como Petrobras e Vale. Às 10h05 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava baixa de 0,15%, a 65.170 pontos, enquanto o dólar futuro com vencimento em abril tinha alta de 0,43%, a R$ 3,164. 

“Após o surpreendente movimento positivo das Bolsas internacionais nesse início de ano, os investidores estão evitando aumentar a alocação na classe diante das incertezas políticas recentes nos EUA e proximidade de eleições relevantes na Europa”, aponta a Guide Investimentos em relatório. Nos EUA, apesar da melhora dos salários nos EUA, os gastos dos consumidores subiram em fevereiro abaixo do previsto, enquanto a inflação (PCE) atingiu, como previsto, o objetivo do Fed pela primeira vez em 5 anos.

Já no Brasil, as reformas destinadas a conter o déficit fiscal devem continuar gerando pressão contra o governo Temer, que se complementa nesta sexta com protestos de movimentos sociais. Vale destacar que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) está se afastando do governo e fez críticas a propostas do governo ontem em redes sociais.  Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, afirmou em entrevista à Bloomberg que as críticas do senador à reforma da Previdência noticiadas pelos jornais pesam no mercado, mas com impacto limitado pelo fato de já serem conhecidas e os investidores já contarem com dificuldades para as reformas.  “Quando o governo aprovou o teto de gastos como um trator no ano passado, o mercado chegou a se animar, mas agora a
realidade está se impondo. A reforma da Previdência é muito mais espinhosa”, afirmou Rostagno. 

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Os investidores digerem também a decisão do CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu reduzir a Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) de 7,5% para 7% ao ano. O presidente do BC, Ilan Goldfajn, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, concedem entrevista coletiva sobre o tema às 11h. Também no radar, as movimentações no Congresso sobre a reforma da Previdência, o processo no TSE que pode resultar na cassação do presidente Michel Temer e uma pesquisa CNI/Ibope com a avaliação do governo que será publicada às 11h.

Os destaques domésticos do dia são o IBC-Br (Índice de Atividade do Banco Central), que recuou 0,26% em janeiro ante estimativa de queda de 0,20% e a taxa de desocupação do país fechou o trimestre móvel de dezembro do ano passado a fevereiro deste ano em 13,2%, alta de de 1,3 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior. Com o resultado, a população desocupada do país chegou a 13,5 milhões de trabalhadores, um novo recorde tanto da taxa quanto da população desocupada de toda a série histórica iniciada em 2012. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao mesmo trimestre móvel do ano anterior, a taxa de desemprego cresceu 2,9 pontos percentuais.

Além disso, o Banco Central deixou expirar US$ 4,21 bilhões em swaps na definição da Ptax e faz leilões de linha de até US$ 2 bilhões.  Até o momento, como de praxe, o BC não anunciou oferta de swap cambial para rolagem neste último dia do mês.

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Notícias da política

Ainda em destaque, o processo de cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer segue no radar. Segundo o Estadão, o Planalto avalia que o processo deve se estender além de 2018, ano em que o presidente conclui o mandato. Além disso, aponta a Folha, nomeado na quinta pelo presidente para o posto de ministro do Tribunal, o advogado Admar Gonzaga rechaça ter vínculo com o presidente, que poderá depender de seu voto para continuar no poder. 

Ainda nesta sexta, os movimentos sociais e as centrais sindicais voltam às ruas nesta sexta em todo o país para protestar contra a terceirização e as reformas trabalhista e da Previdência. Falando sobre a Previdência, o jornal Valor Econômico informa que o governo já ensaia um novo recuo na reforma ao considerar a possibilidade de permitir a acumulação de pensão com aposentadoria até um determinado valor, conforme foi proposto pelo PSDB.

Destaques da Bolsa

As ações da Vale recuam nesta sexta-feira, com a queda do minério de ferro ofuscando uma elevação de recomendação da ação. O minério de ferro negociado com 62% de pureza no porto chinês de Qingdao fechou hoje em queda de 1,70%, a US$ 80,39 a tonelada, enquanto os contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dailian recuou 2,82%, a 552 iuanes. 

Já entre as maiores altas, o destaque fica para papel e celulose, com as ações de Fibria, Suzano e Klabin subindo até 6%. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VALE5 VALE PNA 28,22 -1,09 +20,91 36,58M
 CCRO3 CCR SA ON 18,05 -0,99 +13,10 1,72M
 SMLE3 SMILES ON 62,38 -0,95 +49,64 81,15K
 BRFS3 BRF SA ON 38,21 -0,86 -20,81 907,20K
 CSNA3 SID NACIONALON 9,13 -0,76 -15,85 3,15M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 FIBR3 FIBRIA ON 28,80 +5,46 -9,69 10,76M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 13,12 +4,71 -7,61 10,65M
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 15,18 +2,57 -13,53 4,04M
 EMBR3 EMBRAER ON 17,63 +0,80 +10,42 520,35K
 USIM5 USIMINAS PNA 4,45 +0,68 +8,54 4,40M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.