São 4 os problemas estruturais da economia global, alerta Bill Gross

Atual estágio da globalização e avanço das tecnologias resultam em desemprego, acredita fundador da Pimco

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A economia global encontra quatro problemas que a impedem de crescer, afirma Bill Gross, fundador da Pimco, gestora do maior fundo de renda fixa do mundo. Na avaliação do gestor, a dívida do governo, o atual estágio da globalização, o avanço da tecnologia e a situação demográfica se tornaram os responsáveis pela estagnação dos EUA e do resto do mundo.

Esses fatores chamam a atenção pelo fato de que, até pouco tempo atrás, eram indiscutivelmente positivos: a globalização e o avanço das tecnologias. Gross destaca que a globalização elevou o crescimento nas últimas décadas. “Mas se o ritmo diminuir, a cafeína começa a diminuir os seus efeitos”, afirma. 

1) Dívida
O problema da dívida é um dos mais graves. “Os países desenvolvidos são muito endividados, e conforme a gente tenta resolver o dilema, a austeridade resultante deve diminuir o crescimento nos próximos anos”, afirma o gestor. Isso afeta, principalmente, os PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), que são o centro da atual crise mundial.

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Gross destaca acreditar que os liberais estão errados. “Eles diziam que combatendo o endividamento, o setor privado iria preencher os espaços. Não foi o que ocorreu depois de 2 ou 3 anos de austeridade na Europa”, destaca. 

2) Globalização
O fenômeno da globalização atingiu a economia como um foguete. “A queda da cortina de ferro e o surgimento de uma China capitalista foram fatores que serviram como uma locomotiva de proporções significativas”, diz Gross. Para ele, colocar novos dois bilhões de consumidores certamente elevou a prosperidade das empresas dos países desenvolvidos – embora tenham tido efeito no emprego e salários. 

“Agora, esses efeitos estão diminuindo e desacelerando a média de crescimento, que havia sido bastante alta nas últimas décadas”, afirma o gestor. Para ele, o mundo deve ter seu crescimento vinculado com a política econômica chinesa – e não mais dos próprios países. E com a desaceleração chinesa chamando cada vez mais atenção, todos os países deverão também ter menor crescimento.

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3) Tecnologia
O fator da tecnologia também chama a atenção. Enquanto isso tem garantido um aumento real de produtividade nas últimas décadas – e garantindo o crescimento real da economia – ele tem gerado desemprego. John Maynard Keynes, alerta Bill Gross, já havia alertado o planeta para o que ele chama de “nova doença” da economia – o desemprego por conta da tecnologia. 

E por enquanto, o desemprego está bastante forte nas economias desenvolvidas. “O Fed teme que exista um desemprego estrutural de 7% ou mais”, afirma o gestor. Com isso, na sua opinião, a própria tecnologia tem colaborado para um crescimento econômico mais fraco que o normal – a despeito dos benefícios produtivos. 

4) Demografia
Os efeitos demográficos também estão afetando as economias mundiais. Tipicamente, a idade produtiva fica entre os 20 aos 55 anos de idade. “Agora, a maioria das economias desenvolvidas, estão envelhecendo e chegando perto dessa marca crítica”, afirma. Para ele, isso implica em uma série de coisas: produtividade e crescimento do número de empregos em baixa. 

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Economicamente, isso deverá reduzir o consumo e criar na maioria dos países desenvolvidos os problemas que já atingem o Japão há duas décadas. “Isso deve fazer os países que estão com a economia em alta nas últimas decadas se tornarem países estagnados nos próximos anos”, finaliza o gestor. 

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