B2W ainda está atrativa? 260% em 6 meses e melhor ação do Ibovespa na semana

Mercado exagerou na avaliação de melhora da companhia ou salto robusto dos papéis tem fundamento? Analistas divergem nas respostas

Paula Barra

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SÃO PAULO – A B2W (BTOW3), administradora dos sites Submarino, Shoptime.com e Americanas.com, é a protagonista de uma das maiores reviravoltas vistas no Ibovespa nos últimos meses. Depois de ser a pior ação do índice em 2011, a empresa já ganhou mais de 260% de valor de mercado nos últimos seis meses e em 2012 acumulam valorização de 117% – a maior dentre os ativos listados no Ibovespa.

Somente essa semana, as ações da varejista online subiram 17,98% – a maior alta do Ibovespa pela terceira vez nas últimas cinco semanas -, sendo cotadas a R$ 18,31. No mesmo período, o benchmark da bolsa avançou 1,91%, aos 59.604 pontos. 

Mas depois dessa arrancada, surge a dúvida: será que o papel vai conseguir seguir esse desempenho robusto por mais tempo? A resposta dos analistas consultados pelo InfoMoney diverge entre um potencial de crescer cada vez mais, mas de forma gradual, e uma reação “exagerada”.

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De “patinho feio” para “menina dos olhos”
O papel que era o “patinho feio” da bolsa começou a virar um dos “queridinhos” dos investidores a partir do momento que sua controladora, Lojas Americanas (LAME4), demonstrou confiança de que as coisas poderiam melhorar e começou a comprar ações da B2W

Uma postura que juntamente com a melhoria na logística da empresa transformaram o modo como o mercado enxergava o papel. Mas a reviravolta dos papéis se consolidou depois que o Bank of America Merrill Lynch promoveu revisão em cima de revisão na recomendação da companhia e mostrou para os investidores que definitivamente as ações estavam num ponto interessante.

O mercado festeja principalmente a vertiginosa queda nos índices de reclamações da empresa. As queixas enviadas ao Procon de São Paulo, por exemplo, caíram pela metade. No ano passado, os atrasos nas entregas levaram o Procon a suspender suas vendas, um fato que parece estar afastado da companhia, demonstrando um comprometimento com o crescimento, disse Eduardo Machado, analista da Amaril Franklin. 

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Boa parte dos problemas operacionais vem mostrando sinais melhora, embora tímidos, mas de reversão de um quadro cheio de problemas de logística no passado, comentou. E por conta desse foco da B2W, a companhia tem conseguido apresentar um desempenho melhor na bolsa. 

“As partes mais importantes de uma companhia de comércio elétrico são: entrega rápida e preços adequados. Se a B2W conseguir manter esses dois pilares, é clara a recuperação de seus papéis”, indica Machado. 

Mas o horizonte pode não ser tão bom…
Se olhar um pouco mais para trás, a companhia foi a “queridinha” do mercado, por estar inserida num contexto de crescimento do e-commerce acelerado, com a utilização cada vez mais do varejo online pela população brasileira, mas de uns tempos para cá estava sofrendo demais com um aumento da concorrência, perdendo market share para as outras empresas e começou a crescer menos, com grandes problemas de logística. Com a queda da rentabilidade do negócio devido a esse cenário adverso, a B2W começou a mostrar seguidos prejuízos, argumenta Rafael Rodrigues, diretor de renda variável da Rio Bravo.

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Por ela ser muito alavancada, os investidores ficaram cada vez mais céticos em relação ao futuro da empresa, o que culminou no aumento de capital feito por sua controladora (Lojas Americanas, LAME4), de cerca de R$ 1 bilhão, melhorando a estrutura de capital da empresa. De uns tempos para cá, o cenário começou a mudar. Mas “essa performance nos últimos meses só mostra que havia um exagero na queda das ações, o que pode estar acontecendo agora com na recuperação”, aponta Rodrigues. 

Além disso, ele indica que parece haver uma menor preocupação com a entrada de players internacionais, como a Amazon, que alegavam que varreria a competição do mapa brasileiro. 

Papel pode subir ainda mais – se o cenário ajudar
Mas esse não é o quadro avaliado por Machado. Segundo ele, a ação tem condição de buscar altas ainda mais robustas. “O papel BTOW3 chegou a valer em sua máxima na bolsa R$ 91,55 (31 de outubro de 2007) e passou para mínima de R$ 5,05 (5 de julho de 2012), mostrando que ainda tem um grande espaço de recuperação. O papel ainda está bem depreciado, e tem potencial de ganhar patamares mais altos, mas isso não significa que irá retornar para o topo histórico e, se isso ocorrer, não deve ser no curto prazo”, disse.

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O analista reforça, contudo, que é importante aguardar a evolução na melhoria no sistema de logística, e isso é vai caminhar passo a passo. “As medidas que esses eventos vão se concretizando, será visível uma melhora nos ativos da empresa em bolsa. Mas um passo importante já foi dado: sua participação no Black Friday e sem nenhum notícia negativa sobre o serviço de entrega”, enfatiza.

Agora é esperar o quartro trimestre, que pode trazer um cenário ainda mais positivo, e que deve reforçar a expectativa de crescimento da empresa, principalmente no final de ano, um dos períodos mais críticos para a companhia no passado e que contribuiu para esse gargalo no sistema de logística.