QE3 pode prejudicar credibilidade do Federal Reserve, diz Plosser

Programa de compra de títulos do Fed não deve ajudar a impulsionar o crescimento econômico do país ou criação de emprego, argumenta presidente da autoridade monetária da Filadélfia

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – O terceiro programa de Quantitative Easing anunciado neste mês pode prejudicar a credibilidade do Federal Reserve, disse o presidente do Fed da Filadélfia, Charles Plosser. Segundo ele, o programa não deve ajudar a impulsionar o crescimento econômico do país ou mesmo a criação de emprego, questão central da autoridade monetária norte-americana.

“É bastante improvável vermos benefícios para o crescimento ou na geração de emprego com o programa de compra de ativos”, disse Plosser em discurso realizado na Filadélfia nesta quarta-feira (26). “Transmitir a ideia de que a ação terá um significativo impacto no mercado de trabalho e na recuperação da economia é um risco para a credibilidade do Fed”, reforçou.

Veja mais: Os quatro motivos que mostram que o QE3 pode não ser a saída para os EUA

Continua depois da publicidade

Na segunda semana de setembro, o Fed lançou o QE3, que consiste na compra de títulos lastreados a hipotecas, no valor mensal de US$ 40 bilhões, em uma ação com duração ilimitada. Esta é uma tentativa de abaixar o nível da taxa de desemprego no país, que está acima de 8% desde fevereiro de 2009.

Pesquisas indicam que é improvável que o QE3 reduza significativamente as taxas de juros de longo prazo e que as taxas mais baixas em alguns pontos-bases não devem impulsionar o crescimento e contratação, disse Plosser, que não teve direito a voto na reunião do Fomc (Federal Open Market Committee) esse ano. Segundo ele, a economia dos EUA vai avançar a “passos lentos” e provavelmente vai ver o PIB (Produto Interno Bruto) expandir cerca de 3% em 2013 e 2014.

“Eu fui contra a ação do Comitê em setembro porque não acredito que a política de afrouxamento monetário vai ser eficiente no ambiente atual”, comentou Plosser. Segundo ele, a “credibilidade duramente” conquistada pelo Fed é crucial, já que se o público não tiver confiança na autoridade monetária, a sua capacidade de definir a política eficaz será prejudicada, assim como as famílias e negócios.