Hora de comprar? Ações “campeãs” da Bolsa estão ficando baratas de novo

Setembro está sendo um péssimo mês para a Bovespa, com apenas 10 ações em alta, mas, analistas já começam a destacar alguns papéis com boa oportunidade de entrada

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Setembro não está sendo um mês nem um pouco positivo para a Bolsa. Faltando mais três pregões para o fim de setembro, apenas 10 das 69 ações do Ibovespa acumulam ganhos, mas isso pode representar uma boa possibilidades. Entre os 60 papéis que têm queda, analistas já começam a apontar que o preço de alguns deles não está no nível que devia e elevaram suas recomendações. Além disso, empresas como as estatais podem voltar a subir forte dependendo do resultado da eleição.

Entre os destaques, podemos citar a Kroton (KROT3), que seguindo o forte desempenho de 2012 e 2013, via suas ações registrando as maiores altas do Ibovespa até julho deste ano. A partir de então, os ativos da companhia perderam força, sendo ultrapassados pela Marfrig (MRFG). Apenas em setembro, a queda das ações KROT3 já supera os 12%, o que levou os analistas do Morgan Stanley elevarem a recomendação para os papéis de neutro para positivo.

A instituição financeira diz que vê um potencial de upside na casa de 25% para a ação em relação ao seu preço atual, o que representa o maior upside dentro do universo de cobertura do Morgan. Eles acreditam que a companhia, agora, está entrando em uma fase de crescimento menor e entre os motivos estão possíveis mudanças que o FIES – uma das bases da receita da companhia -possa sofrer algumas mudanças nos próximos anos, deixando de ser sustentável em sua forma atual.

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Apesar de algumas dificuldades pelo caminho, os analistas acreditam que o papel já precificou estas possibilidades. “Continuamos a afirmar que a Kroton é um ‘porto seguro’ e o consenso não parece captar todas as potenciais sinergias em uma companhia com bons fundamentos e atualmente bastante atrativa”, disse a equipe do Morgan.

Cielo
Outro destaque é a Cielo (CIEL3), que apesar da queda de 6,5% neste mês, no acumulado de 2014 ainda tem alta de 21%. Com esta recente desvalorização, a equipe do Votorantim Research elevou a recomendação da companhia de “Market Perform” (desempenho na média do mercado) para “Outperform” (desempenho acima do mercado). Além disso, o preço-alvo para o final de 2015 foi estabelecido em R$ 49,00 por ação, o que representa um upside de 26%.

Em relatório assinado pelo analista Flavio Yoshida, o Votorantim explica que desde o resultado do segundo trimestre, os papéis CIEL3 têm desempenho abaixo do Ibovespa, mas que esse movimento foi exagerado pelo mercado. Para ele, o que está preocupando os invesitores são as projeções de custo por transação da companhia, o fim da exclusividade das marcas remanescentes além da questão sobre o fim da cobrança diferenciada para quem paga em dinheiro e em cartão.

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Segundo Yoshida, essas questões não são suficientes para superar as tendências ainda positivas para a indústria de meios de pagamento, que segundo ele tem forte crescimento e um ambiente nacional bastante competitivo. “Agora acreditamos que CIEL3 oferece um bom ponto de entrada”, completou o analista.

BM&FBovespa
Por muito tempo, a BM&FBovespa (BVMF3) carregou o fardo de ser um dos “patinhos feios” da Bovespa: embora seja um monopólio no seu segmento de atuação, a administradora da bolsa brasileira vinha sofrendo com a pouca atratividade da renda variável, o que não só tem impedido novos IPOs como também não consegue reter o investidor pessoa física no mercado. Contudo, o “rali eleitoral” iniciado na Bolsa em meados de março tem trazido bons ares – leia-se “maior volume financeiro” – para o mundo das ações, e a antes vista com ceticismo pelo mercado agora se torna a “menina dos olhos” de uma das melhores equipes de análise do Brasil.

Em relatório divulgado no começo de setembro, o BTG Pactual – considerado a melhor equipe de research do País pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com a Institucional Investidor – cravou as ações da BM&FBovespa como sua nova “top pick” (preferida, na tradução livre) para o resto do ano. “Nós vemos a BM&FBovespa como a principal beneficiada da melhora de sentimento”, escrevem os analistas Eduardo Rosman, Gustavo Lobo e Jose Luis Rizzardo.

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O trio de analistas do BTG revisou para cima suas estimativas de lucro para a BM&FBovespa em 2015, trabalhando com a expectativa de que o Ibovespa suba pelo menos até os 79 mil pontos ao final do ano que vem – o que garantirá maior volume no mercado. Com isso, eles elevaram o preço-alvo esperado para as ações BVMF3 ao final de 12 meses de R$ 14 para R$ 16 – o que garante um potencial de valorização de 21,2%.

Apesar da queda de quase 8% das ações da companhia apenas em setembro, no acumulado de 2014, os ativos da empresa têm alta de cerca de 15%.

Confira abaixo outras ações apesar do mês de setembro negativo, ainda acumulam alta considerável no ano, o que pode indicar novas valorizações daqui pra frente, seja por motivos de fundamento, como também por causa de fatores como o resultado das eleições:

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Ação Preço Desempenho em setembro Desempenho em 2014
Cemig PN R$ 15,05 -21,45% +22,86%
BR Malls ON R$ 19,29 -17,10% +15,02%
Banco do Brasil ON R$ 28,92 -16,59% +23,07%
Estácio ON R$ 24,90 -16,25% +23,02%
Eletrobras PNB R$ 10,40 -15,79% +20,32%
Petrobras PN R$ 19,84 -15,03% +23,63%
Petrobras ON R$ 18,82 -15,00% +21,90%
Cesp PNB R$ 26,99 -14,83% +36,43%
Eletrobras ON R$ 7,04 -13,62% +26,42%
Marfrig ON R$ 6,71 -11,71% +67,75%


Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.