Com “efeito Marina”, Petrobras dispara 8% e Ibovespa fecha com alta de 2%

Índice termina a semana com alta de 2,50% com a expectativa do mercado por uma maior chance de 2º turno nas eleições caso Marina seja candidata

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em uma semana marcada pela tragédia envolvendo a morte do candidato à presidência Eduardo Campos, o Ibovespa conseguiu encerrar a sequência de duas quedas semanais e subiu 2,50% – nesta sexta-feira a alta foi de 2,12% -, aos 56.963 pontos, atingindo sua melhor semana nas últimas 4 semanas. Os últimos dias também foram marcados pela grande quantidade de resultados corporativos, com muitas empresas do índice divulgando seus balanços. O destaque neste pregão ficou com a Petrobras, que disparou 8% com as expectativas maiores de um segundo turno caso Marina seja candidata.

Seguindo o cenário dos últimos dois dias, esta sessão ficou marcada pelas especulações sobre o novo cenário político após a morte de Campos. Diante disso, o benchmark da bolsa ganhou força hoje em meio às sinalizações de que a candidatura de Marina Silva está ganhando forças para substituir Eduardo Campos. Com isso, aumenta a possibilidade de segundo turno, conforme ressalta o analista da XP Investimentos, Thiago Souza.

Logo após a morte de Campos, havia especulações de que talvez a ex-senadora não se candidatasse por apresentar divergências com o PSB,o que diminuiria as chances de uma segunda etapa nas eleições. “Neste momento, o que interessa é que haja um segundo turno”, diz o analista. Além disso, mesmo não sendo a candidata dos sonhos do mercado, os quadros econômicos apresentados por ela, tendo assessores econômicos mais alinhados às medidas pró-mercado animam os investidores.

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No cenário internacional o dia foi de instabilidade, após a calmaria na véspera com a fala do presidente russo Vladimir Putin indicando que quer trabalhar para a paz na Ucrânia. No fim da manhã as tensões aumentaram depois da artilharia ucraniana destruir parte “significativa” de uma coluna de blindados russos que atravessou a fronteira da Ucrânia durante a noite, disse o presidente Petro Poroshenko ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, nesta sexta-feira, de acordo com o site da Presidência.

Diante das incertezas internacionais, as bolsas internacionais fecharam o dia de forma mista, com o Nasdaq registando alta e os índices S&P 500 e Dow Jones com leves perdas. Enquanto isso, ativos de menor risco, como o dólar, também oscilaram, chegando a registrar alta, mas virando durante a tarde, fechando com leve queda de 0,24%, cotada a R$ 2,2625 na compra e R$ 2,2640 na venda.

Entre os indicadores, o dia ficou marcado pela divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central), considerado espécie de sinalizador do PIB (Produto Interno Bruto), que recuou 1,48% em junho sobre maio, fechando o segundo trimestre com queda de 1,20% contra o período anterior, de acordo com dados dessazonalizados, informou o BC. Com isso, diversas consultorias revisaram as suas perspectivas do PIB para baixo, com o Fator cortando a previsão do PIB de alta de 0,8% para 0,6%.

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Resultados e Petrobras guiam sessão
Diante das novas expectativas do cenário eleitoral, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) dispararam neste pregão, fechando com alta de mais de 8%. “O mercado está comprando a ideia de que a Marina garante o segundo turno, mas ainda aposta que a disputa final ficará entre Aécio Neves e Dilma Rousseff”, disse o profissional de uma corretora no Rio de Janeiro ouvido pela agência Reuters. Como o mercado não gosta das medidas intervencionistas de Dilma Rousseff, sempre que se vislumbra um cenário de maior competitividade nas eleições.

Junto com a Petrobras, as ações da MRV (MRVE3, R$ 7,82, +7,12%) também subiram forte após a companhia reportar lucro líquido de R$ 134 milhões, ante R$ 117 milhões um ano antes, informou a companhia nesta quinta-feira. O lucro líquido no trimestre foi de R$ 401 milhões, beneficiado pela revisão para cima do valor atribuído à subsidiária Log. Segundo a equipe de análise da XP Investimentos, o resultado veio em linha com as estimativas do mercado.

Entre outros destaques, as ações da BRF (BRFS3, R$ 57,45, -1,69%) ficaram entre as maiores quedas do Ibovespa. Ontem a companhia informou que seu conselho de administração anunciou que o atual CEO Global, Claudio Galeazzi manifestou seu interesse em antecipar o início do processo de sucessão. De acordo com o comunicado, assinado pelo presidente do Conselho Abilio Diniz, a decisão do presidente se deu dado o bom momento vivido atualmente para a companhia e após a conclusão do ciclo inicial de transformação da empresa. Galeazzi deverá permanecer como CEO na BRF até o dia 31 de dezembro e contribuirá com o Conselho no processo sucessório.

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As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 20,06 +7,85 +25,00 1,23B
 PETR3 PETROBRAS ON 18,84 +7,78 +22,03 358,53M
 MRVE3 MRV ON 7,82 +7,12 -3,09 23,56M
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 12,68 +4,36 +17,54 160,27M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,15 +4,26 +25,11 51,04M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 BRFS3 BRF SA ON 57,45 -1,69 +18,57 280,17M
 ESTC3 ESTACIO PART ON 27,81 -1,21 +37,40 93,82M
 CSNA3 SID NACIONAL ON 10,45 -1,04 -27,33 49,94M
 MRFG3 MARFRIG ON 6,28 -0,95 +57,00 19,51M
 EMBR3 EMBRAER ON 21,91 -0,86 +16,99 24,46M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

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 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 20,06 +7,85 1,23B 898,96M 71.032 
 PETR3 PETROBRAS ON 18,84 +7,78 358,53M 302,91M 38.218 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN EJ 35,75 +1,48 327,40M 359,19M 25.026 
 BRFS3 BRF SA ON 57,45 -1,69 280,17M 88,60M 13.768 
 BBAS3 BRASIL ON 29,20 +1,88 268,44M 198,64M 23.779 
 BBDC4 BRADESCO PN 36,15 +1,40 260,31M 240,30M 20.370 
 VALE5 VALE PNA 27,55 +1,06 241,13M 332,13M 16.236 
 KROT3 KROTON ON 64,90 +4,17 210,66M 157,97M 12.856 
 BVMF3 BMFBOVESPA ON ED 12,68 +4,36 160,27M 111,57M 15.656 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 15,90 +1,15 153,73M 181,25M 19.083 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Semana trágica na Bolsa
A semana começou com a Petrobras nos holofotes da Bolsa após divulgar seu resultado no final da semana passada. Apesar do lucro 20% menor na comparação trimestral, algumas novas sinalizações de reajuste além do dia positivo lá fora ofuscaram os números ruins da petrolífera. Apesar do resultado abaixo do esperado, a XP Investimentos apontou que a expectativa agora é em relação a um possível reajuste de preços de combustíveis, lembrando que a conta abastecimento segue sendo a principal responsável por corroer o lucro da estatal.

O mesmo cenário se seguiu na terça-feira, com os investidores de olho em possíveis notícias sobre o reajuste de combustíveis. Porém, pesou para as bolsas no mundo todo o cenário tenso na Ucrânia. A Rússia chegou a dizer que ia enviar ajuda humanitária para o país, mas o governo ucraniano disse que não iria permitir a entrada de caminhões na Ucrânia, o que manteve o clima complicado na região.

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Já na quarta-feira o Brasil parou após a notícia do acidente de avião que acabou vitimando o candidato à presidência Eduardo Campos. Com o temor e as dúvidas sobre o novo cenário político que estava se formando, a Bolsa caiu forte, com os ativos da Petrobras chegando a despencar 7% no intraday.

O marasmo no Ibovespa se seguiu ontem, quando especialistas ainda tentavam traçar um novo cenário, com o aumento dos rumores de que Marina Silva poderia ser a nova candidata do PSB. Após passar praticamente toda sessão próximo da estabilidade, o índice fechou com leve alta, acompanhando as bolsas no exterior, que subiram após a fala do presidente russo sobre conversas para acabar com as mortes na região da Ucrânia.

A semana que termina também marcou o fim da temporada de resultados do segundo trimestre. Além da Petrobras no início da semana e da MRV hoje, destaque também para o Banco do Brasil (BBAS3), que teve lucro líquido contábil de R$ 2,829 bilhões, um recuo sobre os R$ 7,472 bilhões registrados no segundo trimestre do ano passado.”Mesmo com o desempenho econômico brasileiro fraco e maior concorrência em seus principais segmentos de atuação, a instituição conseguiu entregar uma evolução razoável em seu resultado final”, disse a XP Investimentos.

Entre outros destaques de ações, a BB Seguridade (BBSE3) – com alta de 50% em seu lucro -, Gol (GOLL4) – que apesar de ainda registrar prejuízo, conseguiu mostrar um bom avanço rumo ao lucro -, também chamaram atenção.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.