Petrobras sobe mais de 2%; small cap dispara 20% e empresa desconhece motivo

Ações da Estacio estendem as perdas do último pregão e caem nesta segunda; Marfrig segue em alta

Paula Barra

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SÃO PAULO –  Em meio à temporada de balanços, a Petrobras (PETR3; R$ 18,53, +2,15%PETR4, R$ 19,76, +2,33%dá o tom ao mercado brasileiro nesta segunda-feira e puxa o Ibovespa para alta de +1,30%, a 56.295 pontos, segundo cotação das 15h06 (horário de Brasília). Ajudava a alimentar a alta do índice também os papéis “pesos-pesados” da Vale (VALE3, R$ 31,93, +1,01%; VALE5, R$ 28,46, +1,07%). Ações das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 8,41, +2,69%) e CSN (CSNA3, R$ 11,48, +1,77%) também subiam forte em meio ao otimismo generalizado. 

Na ponta positiva do Ibovespa, apareciam as ações da Gafisa (GFSA3, R$ 3,13, +3,30%), que refletiam o resultado do segundo trimestre, enquanto os papéis da Oi (OIBR4, R$ 1,33, -1,48%) e PDG Realty (PDGR3, R$ 1,44, -1,37%) figuravam como as maiores quedas do índice.

Entre as small caps, os destaques ficavam com os papéis da BHG (BHGR3, R$ 17,55, +25,72%), que disparavam em meio ao anúncio de OPA (Oferta Pública de Aquisição), e Direct to Company (DTCY3, R$ 0,64, +20,75%), que subiam forte sem motivo aparente.

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Confira os principais destaques da Bovespa hoje:

Petrobras (PETR3, R$ 18,43, +1,60%; PETR4, R$ 19,94, +1,71%)
Após operar entre leves perdas e altas na abertura do pregão, as ações da Petrobras firmaram movimento positivo em meio à divulgação do balanço do segundo trimestre. A companhia apresentou na noite da última sexta-feira queda de 20% em seu lucro líquido. Apesar do resultado abaixo do esperado, a XP Investimentos apontou que a expectativa agora é em relação a um possível reajuste de preços de combustíveis, lembrando que a conta abastecimento segue sendo a principal responsável por corroer o lucro da estatal. Em entrevista à Folha de S. Paulo, José Eduardo Dutra, diretor corporativo da estatal, disse que a companhia trabalha com cenário de reajuste, mas não fez previsão de quando deve ocorrer.

Na mesma linha, a Guide Investimentos disse que a possibilidade de reajuste de gasolina (e óleo diesel) ganha espaço com um IPCA de julho abaixo do esperado – quase zero. Para a corretora, o reajuste pode vir após as eleições. Os analistas lembram ainda que a semana começa com perspectivas eleitorais, com uma pesquisa Sensus de intenção de votos para presidente devendo sair a partir de amanhã. 

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No segundo trimestre, a companhia reportou um lucro líquido de R$ 4,959 bilhões, abaixo das expectativas dos especialistas, que projetavam um lucro entre R$ 5,3 bilhões e R$ 7 bilhões. De acordo com comunicado da companhia, o resultado refletiu uma maior despesa financeira líquida, maiores despesas com impostos, que no primeiro trimestre incluiu o reconhecimento de alguns créditos fiscais na Holanda, compensados parcialmente pelo maior lucro operacional.

Em teleconferência realizada nesta manhã, o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, também falou que a empresa trabalha com reajuste de combustíveis mas ainda não sabe quando. Além disso, ele comentou que a Petrobras está “feliz com os resultados do período com exploração e produção (de 2% ao mês)”. Para conferir o que mais foi destaque na teleconferência, clique aqui

Gafisa (GFSA3, R$ 3,13, +3,30%)
As ações da Gafisa acentuam os ganhos nesta manhã depois de balanço do segundo trimestre. Segundo o BTG Pactual, a última linha do balanço (lucro/prejuízo) ficou abaixo do esperado, mas a empresa conseguiu mostrar um consistente desempenho operacional. A receita líquida ficou em R$ 575 milhões, 18% acima do previsto pelo banco, com margem bruta de 36% (contra 31% no primeiro trimestre), guiada por melhores margens tanto na Gafisa quanto Tenda. A incorporadora encerrou o segundo trimestre com prejuízo de R$ 851 mil, contra prejuízo de R$ 14,1 milhões um ano antes. 

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Em teleconferência realizada hoje sobre o resultado, o presidente da empresa, Sandro Gamba, disse que os lançamentos do segmento voltado a imóveis de médio e alto padrão da incorporadora Gafisa devem somar R$ 350 milhões no terceiro trimestre, se mantendo próximo do nível dos três meses anteriores. 

Estácio (ESTC3, R$ 27,43, -0,29%)
As ações da Estácio estendem as perdas do último pregão, quando caíram 7,28%, e recuam mais de 1% hoje, liderando as perdas do Ibovespa. Apesar do bom resultado no segundo trimestre, divulgado na sexta-feira passada, a reação no mercado deixou clara que a companhia não fez seu dever de casa no 2º trimestre do ano.

Em teleconferência com analistas, a companhia de educação superior privada estimou que deve ter um crescimento na captação de alunos presenciais em 2014 entre 4% e 8%, citando que todo o processo de captação para o segundo semestre se encontra atrasado em função da Copa do Mundo. “Alguns agentes de mercado tinham algo mais para 10-12% em suas estimativas”, disse o BTG Pactual, em nota a clientes no início da tarde, lembrando que a previsão da casa é de 8,5%. De acordo com o BTG, há claramente uma maior alocação ao setor e qualquer barulho desencadeia grande volatilidade. 

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BHG (BHGR3, R$ 17,55, +25,72%)
As ações da BHG possuem a maior alta do dia em meio à oferta pública de ações para saída do Novo Mercado, em uma operação que avalia a companhia em R$ 1,2 bilhão. O preço a ser pago por ação na operação será de R$ 19, prêmio de 36,1% sobre o preço de fechamento de sexta-feira, de R$ 13,96. 

A BHG é controlada pela Latin America Hotels, que por sua vez é controlada pela GP Capital Partners IV, da GP Investments (GPIN33, R$ 4,84, -3,01%). “A ofertante receberá investimentos feitos por veículos detidos, direta ou indiretamente, pela GTIS Partner , uma companhia global de investimentos imobiliários”, de acordo com o comunicado. Hoje, as ações da GP Investments caem forte na Bovespa.  

Direct to Company (DTCY3, +20,75%, R$ 0,64)
As ações da small cap Direct to Company  voltaram a ser destaque na Bolsa nesta segunda-feira. O motivo é disparada do papel, que nos últimos dois pregões acumula alta de 42,5%. Somente neste pregão, as ações chegaram a subir 41,51% (a R$ 0,75) na máxima do dia. 
Sobre a companhia, no entanto, nenhum fato relevante ou comunicado ao mercado foi feito pela Direct to Company na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Procurado pelo InfoMoney, o departamento de relações com investidores da empresa disse que desconhece o motivo da alta. 

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Além da disparada, chamava atenção também o volume financeiro movimentado com a ação hoje, que no mesmo horário atingia R$ 72,5 mil, contra média diária dos últimos 21 pregões de R$ 10,8 mil. 

Vale lembrar que a última vez que o papel ganhou holofote do mercado foi em junho, quando subiu em apenas um pregão 124%. Considerando o desempenho do fechamento do dia 11 de junho até 20 de junho (ou seja, em três pregões, lembrando que o papel não foi negociado alguns dias), a alta foi de impressionantes 196%. Na ocasião, a disparada, no entanto, não surgiu do nada. A companhia anunciou via fato relevante um projeto piloto voltado ao setor de saúde, denominado UNIPRÓ Saúde, que tem como objetivo a venda de cursos especializados aos profissionais da área, através de plataformas e-commerce.

Marfrig (MRFG3, R$ 6,87, +2,54%)
As ações da Marfrig estendem os ganhos da última sessão e continuam com forte alta nesta abertura. Os papéis da empresa foram destaque na sexta-feira, sendo a maior alta do Ibovespa e destoando do movimento negativo de seus pares na Bolsa – JBS, BRF e Minerva fecharam com quedas de mais de 1%.

Embora a notícia de que a Rússia pretende comprar mais carne brasileira tenha sido vista como positiva para todo o setor, apenas a Marfrig reagiu positivamente, o que pode ser explicado pela forte movimentação de um investidor por meio da corretora do Morgan Stanley – o banco liderou as compras de MRFG3 e foi um dos que mais vendeu os papéis das outras três empresas no pregão.